Especialista explica o que é amnésia dissociativa, que Bruno De Luca diz ter sofrido após acidente de Kayky

Bruno não prestou socorro a Kayky Brito no dia do atropelamento, indo embora depois do acidente

Mariana Lima

05/11/2023 às 13:04

Especialista explica o que é amnésia dissociativa, que Bruno De Luca diz ter sofrido após acidente de Kayky

(Reprodução)

Dois meses após Kayky Brito ser atropelado, o apresentado Bruno De Luca, que o acompanhava instantes antes do acidente, se pronunciou sobre o episódio. Ele revelou que a experiência traumática desencadeou uma amnésia dissociativa que o faz não se lembrar dos acontecimentos daquela noite. O psiquiatra que o acompanha diagnosticou Bruno com a doença.

As câmeras de segurança do local que aconteceu o atropelamento mostrou que Bruno não prestou socorro ao amigo, indo embora de taxi logo em seguida.

Dessa forma, o portal LeoDias conversou com o psiquiatra Dr. Saulo Ciasca para entender mais sobre o quadro que Bruno diz ter sido diagnosticado. Na entrevista, o especialista abordou se a perda da memória é temporária, como é realizado o diagnóstico da doença e como é feito o tratamento.

O psiquiatra iniciou respondendo o que é a amnésia dissociativa: “Dissociação é um mecanismo adaptativo dos seres humanos, que nos defende de certas situações difíceis. Trata-se um distanciamento da consciência de alguns elementos da realidade vivida no momento. Outros estados dissociativos incluem o transe ou a hipnose, em que a pessoa fica mais suscetível a determinados estímulos em detrimento de outros. Dizemos que a dissociação é um mecanismo de defesa normal presente nos seres humanos.”

No caso específico do Bruno De Luca, o Dr. Saulo explicou: “Determinados conflitos e traumas psíquicos podem ser tão difíceis e intensos que podem desencadear um fenômeno dissociativo intenso, como a amnésia (perda de memória). A amnésia dissociativa é um transtorno dissociativo em que a pessoa perde momentaneamente a memória de alguns fatos, deixando de lembrar o que aconteceu, ou determinadas pessoas ou contextos.”

“Em geral no transtorno de amnésia dissociativa a perda de memória é um sintoma de um conflito que a mente não consegue suportar. Enquanto o conflito não é superado ou ressignificado, ela pode persistir por um tempo indeterminado, dependendo de pessoa a pessoa. De qualquer forma, não ocorre uma perda de memória definitiva, ou seja, o processo é temporário, podendo ser acelerado pela psicoterapia, que tentará trazer caminhos para lidar com o sofrimento que o sintoma (amnésia) tenta apagar”, explicitou o especialista a respeito da falta de memória ser temporária ou não, e também, qual é o tratamento para que o paciente possa se recordar daquele trauma.

O Dr. Saulo esclareceu sobre como é diagnosticado a amnésia: “Sendo a amnésia dissociativa um transtorno não orgânico, é necessário para o diagnóstico excluir, através de exames de imagem cerebral e laboratoriais, quaisquer doenças neurológicas, endocrinológicas e outras que possam causar perda de memória, como AVC, deficiências nutricionais, doenças autoimunes e outras.”

Ao ser questionado quando que a pessoa com esquecimento deve procurar um especialista, o médico afirmou: “Esquecimento pode ser sintomas de estresse crônico, cansaço, deficiência de vitamina B12, ansiedade, depressão, doenças neurológicas e até demências (Alzheimer por exemplo). Se o esquecimento está aumentando, ou gera qualquer prejuízo ou sofrimento à pessoa, é indicado procurar um especialista (psiquiatra, neurologista, geriatra) para investigação.”

Dr. Saulo elucidou se a amnésia dissociativa é algo que só surge a partir do momento do trauma ou se é possível a pessoa dormir e acordar sem lembrar de nada o que viveu dias antes: “. É possível que a pessoa durma e acorde sem lembrar de nada do que viveu dias antes, ou se lembre de situações específicas, ou tenha esquecido de algumas pessoas do seu convívio (família, amigos, etc). A memória pode retornar com certos gatilhos, ou certos gatilhos aumentarem a perda de memória.”