Em nota, BYD afirma que expulsou funcionários responsáveis por agressões a chineses
Empresa se manifestou sobre denúncias expostas pela Agência Pública em nota ao portal LeoDias
Após o portal LeoDias repercutir uma matéria feita pela Agência Pública sobre denúncias de agressões e maus-tratos a trabalhadores chineses na fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, a empresa chinesa entrou em contato com nossa reportagem. A montadora informou que recebeu com repúdio as denúncias e que irá afastar imediatamente trabalhadores responsáveis por agressões. Além disso, a empresa também informou que irá colaborar com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para adaptar condições de trabalhos aos colaboradores.
Leia a nota na íntegra:
“A BYD recebeu com repúdio as imagens relacionadas ao tratamento dado por profissionais de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica de Camaçari (BA). A BYD determinou que os agressores sejam afastados e proibidos de ingressar na unidade, exigindo das empresas providências urgentes para garantir que tal atitude jamais se repita. A BYD reforça seu acolhimento aos envolvidos, que já receberam todo o suporte necessário e seguem trabalhando na fábrica.
O Ministério Público do Trabalho apontou a necessidade de ajustes pontuais na operação. Identificamos as inconformidades em relação aos trabalhadores em Camaçari e exigimos que as prestadoras de serviços responsáveis pelas obras ajam imediatamente. A empresa permanece comprometida em colaborar com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e está à disposição para fornecer todos os esclarecimentos necessários.
A BYD está implantando um reforço em sua fiscalização da obra para assegurar o cumprimento da legislação e o respeito a todos os profissionais que nela atuam. A companhia opera há 10 anos no Brasil, sempre seguindo rigorosamente as leis locais e mantendo o compromisso com a ética e o respeito.
Com um investimento de R$5,5 bilhões, a fábrica de Camaçari representa um marco estratégico e tem potencial para gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.
A BYD vem esclarecer que possui há anos apenas uma operação para fabricação de ônibus nos Estados Unidos. A empresa nunca comercializou carros de passeio no país e, portanto, nunca foi afetada por nenhum tipo de sanção conforme citado de forma equivocada na reportagem. A instalação de uma fábrica no Brasil faz parte da estratégia da empresa de fornecer aos brasileiros carros mais tecnológicos e sustentáveis. Em menos de 3 anos, a BYD já está entre as 10 montadoras que mais vendem veículos no país.”
Veja as fotos
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Entenda o caso
Uma grave denúncia feita por uma reportagem da Agência Pública contra a montadora de veículos elétricos BYD veio ao ar nesta quinta-feira (28/11): trabalhadores brasileiros e chineses estariam passando por maus-tratos que vão desde condições precárias de trabalho a agressões físicas em uma fábrica da empresa na Bahia.
Segundo as denúncias, os maus-tratos e agressões teriam começado após o início das obras da unidade localizada em Camaçari, na Bahia. As denúncias relatam que trabalhadores eram agredidos com chutes e pontapés, além de alojamentos sujos e mal iluminados. Os locais de descanso não possuíam divisões entre homens e mulheres e banheiros não passam por higienização adequada. Operários também trabalham sem a utilização de equipamentos de proteção individual.
Chineses vieram ao Brasil para trabalhar na construção da fábrica que foi firmada em parceria com o governo da Bahia
Dentre as vítimas estão trabalhadores brasileiros e alguns dos mais de 470 operários chineses, país de origem de BYD, que vieram ao país para participar da construção do projeto. A construção da fábrica foi possível graças a um acordo entre o governo do estado da Bahia, liderado por Jerônimo Rodrigues (PT), com a empresa asiática.
A vinda ao Brasil foi possibilitada graças a saída do grupo chinês dos EUA. O terreno, adquirido pela empresa chinesa por R$ 287,8 milhões foi ocupado durante anos pela montadora Ford.
Para a construção do projeto, a BYD contratou empresas terceirizadas para dar prosseguimento às obras: a Jinjiang Group, responsável pela terraplanagem do terreno e usa cerca de 280 trabalhadores chineses para esta finalidade; a Open Steel é responsável pela montagem da estrutura metálica e conta com cem imigrantes asiáticos; já a AE Corp é responsável pela estruta metálica interna e tem cerca de 90 trabalhadores chineses sob sua responsabilidade.
Segundo as denúncias, os trabalhadores da Jinjiang Group estariam em piores condições, sendo agredidos e tendo acesso a água potável vetado. As vítimas afirmam, em anonimato, que são constantemente agredidos por mestres de obras, também chineses, com pontapés e socos. Um dos casos teria acontecido no dia 9 de outubro e não seria isolado.
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