Justiça manda soltar jornalista presa após chamar homem de “bicha nojenta” em shopping
A decisão foi tomada em audiência de custódia realizada no domingo (15/6), na qual o juiz determinou que a jornalista deverá cumprir algumas medidas cautelares
A Justiça de São Paulo concedeu liberdade provisória à jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, de 61 anos, detida em flagrante no sábado (14/6) por injúria homofóbica contra um homem dentro de uma cafeteria no Shopping Iguatemi, na zona Oeste da capital. Apesar da soltura, a mulher deverá cumprir uma série de medidas cautelares e está proibida de retornar ao local onde o episódio ocorreu. As informações são do G1.
A decisão foi tomada em audiência de custódia realizada no domingo (15/6), na qual o juiz determinou que Adriana deverá: comparecer mensalmente à Justiça para informar suas atividades e manter o endereço atualizado; comunicar previamente ao Judiciário qualquer ausência da comarca superior a oito dias; e está impedida de frequentar o shopping e o estabelecimento onde trabalha a vítima.
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Durante o episódio, registrado em vídeos que circularam nas redes sociais, a jornalista aparece chamando a vítima, Gabriel Galluzzi Saraiva, de 39 anos, de “bicha nojenta”. As imagens foram captadas por mais de uma pessoa que presenciou a discussão. O caso foi registrado como injúria no 14º Distrito Policial, em Pinheiros.
A confusão entre os dois começou enquanto ambos estavam sentados em mesas próximas. Nas imagens, Adriana está visivelmente alterada e faz ofensas direcionadas ao homem, que não aparece nas filmagens, mas também reage verbalmente. Ela chegou a chamá-lo de “assassino”, enquanto Gabriel a chamou de “imbecil”.
À TV Globo, Adriana deu sua versão dos fatos. Disse que se arrepende das ofensas e alegou ter sido alvo de deboche por parte de Gabriel e seus amigos. “Eu estava ao telefone, eu vou ser operada no dia 27 do joelho, vou colocar uma prótese […]. Estou muito ansiosa, muito nervosa, comecei a chorar ao telefone. E esse grupo que estava ao lado começou a rir. Quando eles começaram a rir, eu desliguei o telefone, levantei o braço e pedi a conta. Falei ‘por favor, traz a conta, eu quero ir embora’”, afirmou.
Ela também alegou que foi alvo de etarismo e que reagiu ao que considerou uma provocação direta: “Eles estavam rindo de mim, falaram que eu tinha que ser anestesiada […] Aí, ele se manifestou, disse ‘fala baixo’, ‘cala a boca’. […]. Houve aquela confusão na hora, eu chamei ele de ‘boiola’. Xinguei mesmo. Ele já tinha me xingado de ‘velha’. […] Sim, me arrependo”.
Gabriel, por sua vez, contou à reportagem que a confusão começou quando Adriana, visivelmente exaltada, começou a exigir a conta da cafeteria em voz alta. Ele interveio apenas para acalmar a situação. “A gente estava tomando um café. Era por volta de 15h30. Uma senhora sentada na mesa do lado começou a pedir pela conta, descontrolada, falando bem alto ‘eu quero minha conta’, ‘eu quero ir embora’, ‘eu quero minha conta’, ‘eu quero ir embora’. Ela pedindo insistentemente, falando bem alto […] A moça fez um sinal de que já iria. Daí intervi, falei ‘calma, ela já virá, já deu o sinal’. Então, ela se descontrolou, começou a me atacar diretamente”, relatou.
A versão de Gabriel foi confirmada por uma testemunha, Giulia Podgaic, que estava próxima e viu tudo acontecer. “Ouvi a mulher gritar com a funcionária do café, pedindo a conta, falando que queria ir ao banheiro, gritando. Aí a vítima pediu para a senhora se acalmar, disse ‘se acalma, ela já vai vir’, e aí ela começou a falar um monte, ofender ele de todos os jeitos, falar ‘pobre’, ‘bicha’, todas as palavras de baixo calão possíveis… ‘bicha nojenta’, ‘pobre’, ‘você não deveria estar aqui’”, disse.
Ela também relatou que Gabriel tentou sair da situação, mas as agressões verbais continuaram. “Ele começou a ficar nervoso, mas conseguiram retirar ele para que se acalmasse. Ele foi para outro lugar e ela continuou a ofender. Foi uma situação horrível. Chamou ele de ‘assassino’ do nada. Foi uma situação muito horrível”, completou.
Repercussão
O Shopping Iguatemi se manifestou por meio de nota, lamentando o ocorrido e reafirmando seu compromisso com o respeito à diversidade. “O shopping lamenta a ocorrência entre os dois clientes em uma das suas operações, esclarece que prestou todo o apoio necessário e segue à disposição das autoridades competentes.”
“O empreendimento reforça que o respeito à diversidade — em todas as suas formas — é um valor inegociável e repudia qualquer ato de discriminação e intolerância.”
Polícia
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou a prisão em flagrante da mulher. “Uma mulher de 61 anos foi presa em flagrante na tarde de sábado (14/6), em um shopping na Avenida Brigadeiro Faria Lima, zona sul da capital. Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, constataram que a mulher havia proferido ofensas homofóbicas a um homem, de 39 anos.”
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