Prefeito brasileiro relata tensão em Israel e critica objetivo político de viagem oficial
Álvaro Damião, prefeito de Belo Horizonte, questionou autoridades israelenses por levarem comitiva brasileira ao país em meio à escalada de conflito com o Irã

Durante missão oficial a Israel, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), relatou momentos de tensão e frustração com o exército israelense após ter sido surpreendido por ataques do Irã ao território israelense. Ele fazia parte de uma comitiva de 40 autoridades brasileiras levadas ao país para conhecer tecnologias de segurança pública.
A viagem, que começou no dia 8 de junho, virou um pesadelo quatro dias depois, quando os bombardeios começaram. Ao portal UOL, Damião disse que se sentiu enganado ao descobrir, durante uma palestra do Ministério da Defesa israelense, que o grupo seria incentivado a defender a narrativa do governo de Benjamin Netanyahu no Brasil. “Vocês sabiam que essa guerra ia acontecer e, mesmo assim, trouxeram a gente pra cá?”, questionou ele a um representante do governo israelense.
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O evento em questão ocorreu no dia 15 de junho e não fazia parte da agenda oficial. Segundo o prefeito, o porta-voz Rafael Rozenszajn pediu aos presentes que se tornassem “embaixadores da verdade” ao retornarem ao Brasil. A fala gerou incômodo em Damião, que deixou a sala após confrontar Rozenszajn. “Ele estava querendo fazer propaganda de Israel”, afirmou.
Mesmo com a tensão crescente no país, o grupo permaneceu no hotel, que possuía um abrigo reforçado contra bombardeios. De acordo com Damião, os alertas de mísseis os obrigavam a se refugiar até quatro vezes por dia, inclusive de madrugada. “A sensação era de que iríamos dormir e nunca mais acordar”, relatou ele ao portal Folha de S. Paulo.
A operação de fuga começou na segunda-feira, 16 de junho, quando 12 autoridades foram escoltadas por militares israelenses até a fronteira com a Jordânia, em vans comuns, sem blindagem. Lá, pagaram US$100 cada um para cruzar a ponte até o território jordaniano, onde foram recebidos pelo embaixador do Brasil. O grupo seguiu de carro até a Arábia Saudita e de lá embarcou num avião fretado, com destino final ao Brasil, via Cabo Verde.
Damião também criticou a ausência de apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) e demonstrou preocupação com os brasileiros que ainda permaneciam em Israel. Segundo o prefeito, a motivação inicial da viagem era conhecer equipamentos e sistemas israelenses utilizados em segurança urbana, como os usados no programa SmartSampa, da Prefeitura de São Paulo.
Apesar da justificativa técnica da missão, o Itamaraty já havia emitido, desde outubro de 2023, um alerta para que brasileiros evitassem viagens não essenciais a Israel. Em nota, o ministério reforçou que a delegação viajou “a despeito” de orientações da Embaixada do Brasil em Tel Aviv.
“Você acha que eu sou burro de ir para um país em guerra?”, respondeu ele a críticos da viagem. Segundo Damião, ninguém previa o revide do Irã após ataque israelense no dia 13 de junho.
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