Câncer de pâncreas: Médico explica diagnóstico de Edu Guedes e desafios do tratamento
Para esclarecer os principais aspectos do câncer de pâncreas, o portal LeoDias conversou com Jorge Abissamra Filho, médico oncologista do Hospital Santa Clara

O diagnóstico de câncer no pâncreas do apresentador e chef Edu Guedes acendeu um alerta para uma das doenças mais agressivas e silenciosas da oncologia. Edu passou por uma cirurgia de remoção do tumor no último sábado (5/7), no Hospital Israelita Albert Einstein, após o nódulo ser descoberto durante exames feitos em decorrência de uma crise renal. Para esclarecer os principais aspectos da doença, o portal LeoDias conversou com Jorge Abissamra Filho, médico oncologista do Hospital Santa Clara. Ele explicou como esse tipo de câncer costuma ser diagnosticado, os desafios do tratamento e o que pode ser esperado no pós-operatório.
Segundo o especialista, é comum que o câncer de pâncreas seja identificado de forma incidental, como aconteceu com Edu Guedes, que descobriu ao fazer exames, após passar mal por conta de uma infecção originária de uma crise renal.
“Sim, é bastante comum o câncer de pâncreas ser descoberto incidentalmente, durante a investigação de outros problemas abdominais, como dores, infecções urinárias ou exames de imagem solicitados por outros motivos. Isso acontece porque o tumor pancreático, nas fases iniciais, raramente causa sintomas específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce”, iniciou o especialista.
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No caso de Edu, os exames foram motivados por complicações renais.
“Durante a investigação de uma infecção urinária ou de um quadro renal, é comum realizar exames de imagem do abdômen, como tomografias ou ressonâncias. Essas imagens podem revelar alterações incidentais no pâncreas — como lesões sólidas ou cistos — que antes passavam despercebidas. Isso pode ter sido o ponto de partida para a descoberta do tumor”, contou o Dr. Jorge Abissamra Filho.
O câncer pancreático é considerado um dos mais letais, justamente por ser difícil de detectar nas fases iniciais e por sua localização.
“O câncer de pâncreas é considerado um dos mais agressivos porque geralmente é detectado em estágios avançados. Ele cresce de forma silenciosa e está próximo a estruturas vitais. Além disso, responde de forma limitada à quimioterapia e possui alta taxa de recorrência, mesmo após cirurgia. A combinação desses fatores torna o tratamento complexo e o prognóstico mais reservado”, explicou o médico.
Outro desafio é que os sinais da doença só costumam surgir quando ela já está avançada.“Os sintomas mais comuns incluem: dor abdominal persistente, que pode irradiar para as costas, perda de peso não intencional, icterícia (pele e olhos amarelados), náuseas, fadiga, fezes claras e urina escura. Em muitos casos, esses sinais só aparecem quando a doença já está mais avançada”, continuou.
No último sábado (5/7), Edu Guedes foi submetido a uma cirurgia para retirada do tumor, que durou cerca de 6 horas. De acordo com o oncologista, a cirurgia para retirada do tumor pancreático é uma das mais complexas da oncologia.
“O procedimento mais realizado é chamado de duodenopancreatectomia (ou cirurgia de Whipple). Ele envolve a remoção da cabeça do pâncreas, parte do intestino delgado, vesícula biliar e, às vezes, parte do estômago. A complexidade se deve à localização do pâncreas, cercado por vasos sanguíneos de grande calibre e estruturas delicadas, o que exige precisão e longa duração cirúrgica”, explicou.
O oncologista detalha ainda quais estruturas próximas ao pâncreas exigem atenção redobrada da equipe médica:
“Entre as estruturas críticas estão: veia porta, artéria hepática, colédoco, intestino delgado, estômago e vasos mesentéricos. A proximidade com essas áreas exige cuidado extremo para evitar sangramentos, obstruções ou lesões biliares”, explicou.
Cuidados intensivos no pós-operatório
O processo de recuperação logo após a cirurgia é rigoroso e monitorado de perto.
“O pós-operatório exige monitoramento intensivo em UTI, controle rigoroso da dor, suporte nutricional, muitas vezes por sonda ou veia, prevenção de infecções e fisioterapia precoce para evitar complicações respiratórias. As primeiras 72 horas são cruciais para detectar e tratar rapidamente possíveis intercorrências”, contou.
Após a cirurgia, nem todos os pacientes seguem para quimioterapia ou radioterapia.
“Nem todos os pacientes precisam de tratamento complementar, mas em grande parte dos casos, a quimioterapia adjuvante é indicada para reduzir o risco de recidiva. A radioterapia pode ser considerada em situações específicas, como margens comprometidas ou recidiva local. A decisão depende do tipo histológico, grau de invasão e resultados da cirurgia”, disse o médico.
Impactos na digestão e metabolismo
Por ser um órgão com função digestiva e hormonal, a retirada de parte do pâncreas pode causar efeitos colaterais importantes, contou o profissional.
“Sim. O pâncreas tem função digestiva e hormonal. A retirada parcial pode causar deficiência na produção de enzimas digestivas, levando à má absorção de gorduras e distúrbios intestinais. Também pode haver alteração na regulação da glicose, com risco de desenvolver diabetes. Muitos pacientes passam a usar enzimas pancreáticas orais e precisam de monitoramento glicêmico”, explicou.
O sucesso do tratamento depende de uma série de fatores, segundo o especialista. “Os principais fatores incluem: diagnóstico precoce, margens cirúrgicas livres de tumor, ausência de metástases, baixo grau de agressividade histológica e boa resposta à quimioterapia. Além disso, o estado geral de saúde do paciente e sua capacidade de se recuperar bem da cirurgia também influenciam muito na evolução.”
Edu Guedes se pronunciou nesta segunda-feira (7/7), após a operação no hospital em São Paulo, declarando: “Esse não é o fim, mas sim um recomeço”.
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