Hematologista explica doença autoimune que levou filho de Manu Bahtidão à UTI
Para entender melhor essa doença pouco conhecida, o portal LeoDias conversou com o hematologista Dr. Diego Luz

O caso do filho da cantora Manu Bahtidão, Theo, de 9 anos, que ficou quatro dias internado em uma UTI pediátrica em Salvador, na Bahia, acendeu o alerta para uma condição autoimune pouco conhecida: a Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI). Segundo Manu revelou aos seguidores, os médicos suspeitam que o menino tenha sido acometido pela doença, que pode causar sangramentos espontâneos e queda brusca no número de plaquetas no sangue, como no caso de Theo, que chegou a apresentar apenas 13 mil plaquetas, quando o valor considerado normal é acima de 150 mil. Para entender melhor essa doença pouco conhecida, o portal LeoDias conversou com o hematologista Dr. Diego Luz.
Ao portal LeoDias, o Dr. Diego Luz explicou que a doença ocorre quando o próprio sistema imunológico da criança passa a atacar as plaquetas, células fundamentais para a coagulação. “A Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI) é uma doença em que o corpo ‘decide’ destruir plaquetas pelo próprio sistema imunológico da criança (chamamos isso de doença autoimune). As plaquetas são células importantes para a coagulação do sangue, e sua redução pode causar sangramentos e hematomas espontâneos”, detalhou o especialista.
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Os primeiros sinais da PTI costumam ser visíveis na pele da criança, como manchas roxas, sangramentos ou pequenos pontos vermelhos. “A doença ganhou esse nome de púrpura porque os principais sintomas são manchas roxas (equimoses) e pequenos pontos vermelhos (petéquias) na pele, mas também pode ter sangramento pelo nariz”, disse Dr. Diego.
O diagnóstico da doença é feito a partir de um exame de sangue simples, o hemograma completo. “O diagnóstico é feito através de um exame simples de hemograma completo, que mostra uma contagem baixa de plaquetas. Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames adicionais para descartar outras doenças.”
O quadro se torna mais preocupante quando o número de plaquetas cai abaixo de 30 mil, o que exige internação e monitoramento constante. “Abaixo de 30 mil plaquetas podem acontecer, o risco é ainda maior quando está abaixo de 10 mil, quando podem acontecer hemorragias cerebrais. Por isso, em situações tão críticas, a internação em UTI é fundamental para acompanhar e começar o tratamento imediato”, alertou.
Ainda segundo o médico, a PTI costuma surgir após infecções virais, como uma gripe comum ou resfriado. “Isso acontece porque o sistema imunológico fica alterado após uma infecção viral, podendo confundir as plaquetas com células invasoras. Assim, o corpo acaba atacando suas próprias plaquetas, causando a doença.”, explicou o especialista.
Embora a maioria dos casos infantis tenha resolução espontânea, sem necessidade de tratamento intensivo, a internação é recomendada sempre que houver risco de sangramentos graves. “A internação é necessária sempre que houver um risco significativo de sangramento grave, especialmente se as plaquetas estiverem muito baixas (geralmente abaixo de 30 mil), ou se já houver algum tipo de hemorragia.”
Em casos mais graves, a doença pode evoluir para hemorragias internas, com risco de morte, situação rara, mas possível. “Nos casos mais graves, podem ocorrer hemorragias internas sérias, especialmente cerebrais ou intestinais, que são situações potencialmente podem levar a morte. Felizmente, essas complicações são raras”, afirmou o hematologista.
O hematologista ainda explicou que a Púrpura Trombocitopênica Imune pode atingir tanto crianças quanto adultos, mas se manifesta de forma diferente em cada grupo. “Na criança costuma resolver sozinho depois de algum tempo, semanas a meses. No adulto a maior parte acaba ‘cronificando’, ou seja, a gente trata e volta depois de algum tempo”. Por isso, o acompanhamento médico contínuo é ainda mais importante nos pacientes adultos. A doença também pode gerar confusão no diagnóstico inicial, já que seus sinais clínicos, como manchas roxas, petéquias e sangramentos, são semelhantes aos da leucemia. A distinção precisa entre os quadros depende de exames laboratoriais específicos.
Quanto ao tratamento, ele varia de acordo com a gravidade do quadro. “O tratamento varia conforme a gravidade da doença. Casos leves às vezes nem precisam de tratamento, enquanto quadros mais graves necessitam de medicamentos como corticoides ou imunoglobulina intravenosa para elevar rapidamente as plaquetas”, explicou.
Dr. Diego destacou ainda que não há formas conhecidas de prevenção, já que a doença é autoimune e imprevisível. “Não há formas comprovadas de prevenir a PTI, já que se trata de uma reação autoimune imprevisível. O mais importante é a identificação precoce e a busca imediata por atendimento médico em caso de suspeita.”
Na maioria das crianças, o número de plaquetas volta ao normal dentro de semanas. “Na maioria das crianças, o número de plaquetas retorna ao normal em algumas semanas. Cerca de 80% dos casos são resolvidos espontaneamente dentro de seis meses”, garantiu o médico.
Mesmo após a alta, o acompanhamento com um hematologista é fundamental. “Após a crise, é essencial que a criança seja acompanhada regularmente por um hematologista para monitorar as plaquetas. Embora exista risco de reincidência, especialmente nos primeiros meses após o episódio inicial, geralmente a doença não retorna. Isso é muito diferente no adulto, em que a maior parte das pessoas acaba tendo recidiva da doença.”
A PTI pode surgir de forma inesperada, mesmo em crianças com histórico de boa saúde. “Sim, a PTI pode aparecer de maneira repentina, mesmo em crianças saudáveis, causando surpresa para a família!”, afirmou.
Por fim, o hematologista reforça que o papel dos pais é essencial para o diagnóstico precoce. “Os pais são fundamentais para identificar precocemente os sintomas da PTI. Manchas roxas na pele, sangramento pela gengiva e nariz, ou qualquer outro sangramento são os sinais de alerta, se a criança apresentar qualquer um desses é importante buscar atendimento médico rapidamente”, orientou.
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