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Terapia com IA parece ajuda, mas esconde armadilhas, alerta especialista

Em entrevista ao portal LeoDias, a psicanalista Dra. Cintia Castro destacou os principais perigos de fazer terapia em plataformas de inteligência artificial

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          Com a expansão acelerada das tecnologias de inteligência artificial, cresce também o número de pessoas que recorrem a aplicativos e chats automatizados em busca de acolhimento emocional. Essas plataformas, muitas vezes apresentadas como alternativas acessíveis e sem julgamentos à psicoterapia convencional, prometem escuta ativa, conselhos personalizados e respostas rápidas. No entanto, por trás da praticidade, pode haver riscos significativos para quem busca, na IA, uma solução para angústias profundas. Para explicar melhor sobre o assunto que vem preocupando os profissionais de saúde mental, o portal LeoDias conversou com a psicanalista Dra. Cintia Castro.

          Em entrevista ao portal LeoDias, a psicanalista Dra. Cintia Castro destacou os principais perigos dessa prática de terapia por IA. Segundo ela, o processo terapêutico exige mais do que respostas programadas: depende de vínculo, empatia e escuta qualificada.

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          Foto: AdobeStock
          Terapia por Inteligência ArtificialFoto: AdobeStock
          Foto: Reprodução/Freepik
          Terapia por Inteligência ArtificialFoto: Reprodução/Freepik
          Divulgação
          cena de "Terapia de casal" da Paramount+Divulgação

          “A terapia eficaz requer uma conexão emocional e uma compreensão profunda dos sentimentos e experiências do indivíduo. Essa deficiência pode limitar a profundidade do trabalho terapêutico. A confidencialidade deve ser rigorosamente mantida, no caso do uso da IA existe um risco de exposição de informações que deveriam permanecer privadas. A dependência é preocupante pois pode levar a uma confiança mal sucedida, ao invés de promover a autoexploração necessária para um verdadeiro crescimento pessoal”, iniciou a especialista.

          A substituição da escuta humana por um sistema automatizado também compromete, segundo a especialista, aspectos fundamentais do tratamento psicológico. Para ela, a relação entre terapeuta e paciente vai muito além da simples troca de informações.

          “A escuta empática e o olhar clínico são mais do que um simples ato de ouvir e observar um paciente, trata-se de estar presente e sintonizado com as emoções do outro. A IA jamais substituirá o calor, empatia e a transferência necessária em um trabalho analítico entre o profissional e o paciente”, declarou.

          A confiança excessiva em ferramentas digitais pode ainda gerar prejuízos emocionais sérios. Dra. Cintia alerta que, sem considerar o histórico individual e a estrutura psíquica do paciente, a IA tende a oferecer uma abordagem rasa, pouco eficaz para enfrentar questões complexas.

          “Confiar na IA para questões emocionais pode gerar uma série de prejuízos como: isolamento emocional, falta de empatia e compreensão, abordagem superficial já que a IA não conhece o histórico e estrutura psíquica do paciente, limitações no desenvolvimento de estratégia de enfrentamento dos problemas e desconfiança da privacidade das informações que pode gerar desconfiança e ansiedade”, alertou.

          A situação é ainda mais delicada quando se trata de pessoas em estado de crise. Nesses casos, o acolhimento humano é indispensável para garantir segurança.

          “Não, é um risco significativo. Durante uma crise, o paciente precisa de um apoio de um olhar empático e acolhedor para entender sua necessidade imediata, a IA não possui a capacidade de compreender a complexidade das emoções humanas de maneira subjetiva e relacional. Pessoas em estado emocional vulnerável precisam de um espaço seguro onde possam se sentir ouvidas e acolhidas sem julgamento até que saiam do estado de alerta que se encontram.”

          Outra preocupação recorrente é o risco de a IA reforçar pensamentos distorcidos ou oferecer conselhos que, embora pareçam coerentes, podem não ser adequados à realidade emocional do paciente.

          “Essa é uma grande preocupação porque pode potencializar algo inadequado ao tratamento do paciente como um todo. A IA apesar da sua capacidade de gerar respostas rápidas, não possui a habilidade de entender o contexto emocional e situações individuais. Esses ‘conselhos’ podem ser baseados em padrões identificados em grandes volumes, mas não envolvem uma avaliação de saúde mental da pessoa levando a mal-entendidos e estratégias que não são saudáveis.”

          O vínculo interpessoal, destaca a psicanalista, é peça-chave na evolução de qualquer processo terapêutico. Sem ele, muitos pacientes tendem a se fechar e não avançar nos aspectos emocionais mais profundos.

          “Quando não há essa ligação humana, muitos pacientes se sentem isolados e hesitam em se abrir. A empatia que um terapeuta qualificado oferece é insubstituível. Ele pode perceber sutilezas nas emoções que a inteligência artificial não consegue captar, permitindo um acompanhamento mais profundo, honesto e nas questões que realmente importam.”

          Por fim, Dra. Cintia chama atenção para um efeito colateral cada vez mais observado: a dependência emocional das plataformas e o consequente afastamento das relações humanas reais. Segundo ela, esse isolamento social pode acentuar problemas emocionais já existentes e criar um ciclo perigoso de retraimento.

          “A interação pode parecer atraente de imediato, proporcionando respostas instantâneas e a sensação de que alguém está ‘ouvindo’. Aí que mora o perigo, essa relação superficial pode facilmente se transformar em dependência. Quando os indivíduos começam a buscar constantemente a validação ou as respostas que precisam exclusivamente de uma máquina, eles podem se tornar menos inclinados a se engajar em conexões humanas reais. Essa dinâmica pode criar um ciclo vicioso, onde a dependência da IA cresce, ao mesmo tempo que as interações face a face diminuem. Esse afastamento das relações humanas é um fator preocupante. O ser humano é um ser social por natureza, e as interações interpessoais são fundamentais para nosso bem-estar emocional. A falta de vínculos humanos reais pode levar ao isolamento e as pessoas podem enfrentar sentimentos de solidão e incompreensão, exacerbando problemas emocionais existentes.”

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