Cordão com “penetras” em ensaio resulta em críticas à Vila Isabel na web
Escola de samba já está treinando na rua, mas criou “área VIP” que não privilegia componentes
Festa das mais democráticas do Brasil, o Carnaval do Rio tradicionalmente atrai uma leva de foliões que não integra o dia a dia das escolas de samba mas, quando elas estão desfilando, ficam ávidos por participar dos cortejos — ainda que não conheçam os enredos, os sambas e as personalidades de cada agremiação. Para a temporada de 2024, essa movimentação começou cedo na Unidos de Vila Isabel, que se tornou alvo de críticas nas redes sociais após seu ensaio de rua na última quarta, 8, quando um grupo de “penetras” apareceu no treino, em frente à bateria, isolado por um cordão, como se fosse uma área VIP.
A cena é atípica em eventos do tipo, sobretudo neste ponto da formação das escolas: em geral, os “bicões” são alocados em alas vestidas com camisas de diretoria, posicionadas antes das comissões de frente, tanto nos ensaios quanto na própria Sapucaí. Isso porque as escolas, embora privilegiem convidados (muitos deles associados a patrocinadores), não podem inserir pessoas descaracterizadas em meio às alas, sob risco de perder pontos ante o júri.
No caso da Vila, as críticas aconteceram não só pela proximidade do grupo com a bateria (e com Sabrina Sato, que reina à frente dos ritmistas), mas também pelo momento vivido pela azul e branca da Zona Norte carioca. É que a agremiação está reeditando seu enredo do Carnaval de 1993 (“Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”), um dos mais conhecidos de sua história. E o tema, dizem internautas, merecia cuidados redobrados da diretoria em relação às tradições.
“Um clássico de 1993, da lenda Martinho da Vila, desfilará novamente no Carnaval 2024 da Vila Isabel. O samba, resgatando sua essência, na tentativa de tocar e vibrar o público ao campeonato”, escreveu o influenciador Dam Menezes, que se dedica a comentar o Carnaval, destacando a contradição: “Corta para o Ensaio de Rua. A frente da bateria uma ‘ala’ não-oficial, improvisada de convidados, onde os desfilantes esbanjam simpatia, alegria e demonstram que o samba já está na ponta da língua (…)”.
Num vídeo compartilhado por Menezes, é possível ver que os convidados não cantavam o samba da Vila, conversavam entre si e sequer interagiam com os espectadores do ensaio. Havia até um carrinho utilizado para fornecer bebidas alcoólicas ao grupo, que carregava copos oficiais da escola.
Nos comentários da publicação, o caso foi chamado de “bizarro” e “lamentável”, e ainda acabou comparado à “camarotização da vida”. Componentes da Vila defenderam a escola, que ensaia na rua todas as quartas-feiras, e afirmaram que essa foi a primeira vez incluindo os “penetras”.
Em 2024, a Vila será a terceira escola a se apresentar no Sambódromo do Rio na Segunda-Feira de Carnaval, 12 de fevereiro, em busca do quarto campeonato de sua história — o último foi há dez anos. A agremiação está sob a presidência de Luiz Guimarães desde o ano passado.
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