Mocidade recorre ao caju como enredo para fugir do gosto amargo da pré-temporada no Carnaval 2024
Agremiação terá samba-enredo que leva a assinatura de Marcelo Adnet
Nativo do Brasil, o caju não sai mais da boca dos componentes da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba da Zona Oeste do Rio — pelo menos não até o Carnaval 2024, quando a fruta (ou pseudofruto, no vocabulário científico) será o enredo que vai conduzir a verde e branca pela Sapucaí. O tema é uma tentativa da agremiação de, por meio do bom humor, deixar para trás o amargo 11º lugar da temporada de 2023, quando quase acabou rebaixada à Série Ouro (o antigo Acesso).
“Pede caju que dou… Pé de caju que dá!” é o título do desfile, em desenvolvimento pela mente criativa do carnavalesco Marcus Ferreira (é o segundo ano dele na Mocidade). O tema aborda o fruto do cajueiro, bem como as lendas e curiosidades que o envolvem. Entre eles, está a relação com a Tropicália, movimento nacional que tinha frutas tropicais como símbolos (o caju, é claro, incluído).
“A gente quer revelar um pouco do que é o Brasil. Um fruto tão nativo da nossa terra, que foi um dos primeiros tesouros levados pelos invasores, que nem todo mundo sabe que é daqui. É um enredo que está trazendo muita felicidade para a nossa comunidade”, destacou o carnavalesco.
Além dos dissabores da folia do ano anterior, o Carnaval da Mocidade tem sido marcado por bastidores pouco palatáveis. A instituição foi a última do Grupo Especial carioca a dar a largada nos trabalhos para 2024, porque uma decisão judicial a impediu de anunciar o enredo diante de seus imbróglios eleitorais. Houve atraso de um mês.
Em busca da superação, com “gostinho” de caju, a escola buscará o sétimo campeonato dos seus quase 68 anos de história (a marca será completada em novembro). A missão será embalada pelo samba-enredo escolhido no último dia 14, dos compositores Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax.
No Sambódromo, a Mocidade abrirá os desfiles de 12 de fevereiro, Segunda-Feira de Carnaval.
Confira a letra do samba-enredo da Mocidade:
Por outras praias a nobreza aprovou
Nas redondezas se espalhou, tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio
Nessa batalha teve aperreio
Duas flechas e no meio uma tal cunhã poranga
Tarsila pinta a sanha modernista, tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É tropicália, tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa o povo provar
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
E aí tupi no interior do cafundó
Um quiprocó virou guerra assumida
Provou porã, fruta do pé
Se lambuzou, Tamamdaré
O mel escorre, o olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
Veja as fotos
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