Diretor de musical do Rock In Rio é alvo de denúncias de assédio moral pelo elenco
Elenco feminino de "Sonhos, Lama e Rock n' Roll" fez uma denúncia formal no Ministério do Trabalho e enviou áudios inéditos à reportagem do portal LeoDias
Charles Möeller, diretor do musical “Sonhos, Lama e Rock n’ Roll”, exibido na edição deste ano do Rock In Rio, é alvo de denúncia de assédio moral, misoginia e retaliação contra membros do elenco. Em áudios exclusivos obtidos pelo portal LeoDias, o conhecido nome do teatro musical humilha o plantel (equipe) feminino da peça.
Parte da celebração dos 40 anos do festival, a peça era um especial para contar a história de Roberto Medina, criador do Rock In Rio. O protagonista foi interpretado por Rodrigo Pandolfo, o Juliano de “Minha Mãe É Uma Peça”. “Sonhos, Lama e Rock n’ Roll” foi uma produção de Möeller e Botelho, companhia de teatro musical famosa no Rio de Janeiro.
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Pausa para comer e ir ao banheiro pra que?
As acusações que chegaram à equipe do portal LeoDias alegam que o diretor e roteirista Charles Möeller implicou com o elenco feminino e reclamava de pausas no ensaio até mesmo para ir ao banheiro ou se alimentar. “Quando ele assumia o ensaio, não havia pausas para banheiro, e a gente meio que tinha que ‘escapar rapidinho’. O cronograma previa um horário de pausa para todos (apenas meia hora) para comermos e descansarmos um pouco”, afirmou uma fonte.
Assim que os ensaios mudaram para a Cidade do Rock, os profissionais teriam que percorrer um caminho maior para usar o banheiro, e, por isso, o perrengue com as saídas aumentou. As reclamações do elenco feminino aumentaram após uma colega passar mal pela rotina exaustiva de ensaios sem intervalos. “Um dia, ele cruzou novamente o horário de pausa estipulado, e algumas meninas foram até o camarim para beliscar algo, já que uma delas teve queda de pressão e começou a se sentir mal”, pontuou.
No entanto, a fonte afirmou que essa decisão virou motivo de uma bronca. Após um pedido formal direto não funcionar, elas buscaram a produtora-chefe do musical para negociar um cumprimento dos intervalos. Depois de ouvir as reclamações, a profissional teria relatado que Charles “não gostava de ser interrompido”, mas seria avisado.
Gritos e ameças
O diretor teria perdido a paciência ao liberar o elenco para um lanche, gritando e ameaçando os responsáveis com demissão imediata. Assim que a equipe retornou da pausa, Möeller teria colocado uma mesa no centro do palco e começado a falar sobre sua trajetória, alegando que respeitar horários categoricamente é coisa de “profissional trabalhista” e não de “artista de verdade”.
“Na hora do intervalo, os membros da orquestra simplesmente fecham a partitura e vão embora. Fui avisado de que isso é profissionalismo, que eles batem ponto e cumprem horários rigorosamente. Mas eles não artistas, eles são funcionários públicos. Há uma tristeza nisso. Porque eu sou artista, e eles são funcionários públicos”, ironiza Charles em um dos áudios obtidos pela reportagem.
“Me falaram que tinha alguém passando mal… Pressão caiu. Vai para o hospital!”, disparou ele em um dos áudios, afirmando que houve um “levante de mulheres desesperadas”. “É um motim. Vocês passam na audição e já perguntam ‘que horas é o lanche’. O amor ao que faz é o que precisa ser alimentado, não o lanche”, diz.
Exclusão do elenco feminino de um ensaio
No dia seguinte, tirando os homens e protagonistas, as mulheres teriam sido posicionadas em cadeiras no palco. O elenco feminino logo entendeu o ato como um castigo pelos pedidos de intervalo nos ensaios. “Calculo em média mais de uma hora que nós, mulheres, ficamos sentadas alinhadas em cima do palco”, revelou a fonte.
O diretor chegou a admitir que a exclusão das mulheres se deu ao pedido de lanche e do “motim” organizado por elas.
“Vocês estão em cena, eu não tirei vocês, mas como eu não consegui marcar exatamente o que eu queria porque vocês pediram o lanche… Não é uma vingança, não é uma retaliação… Eu não sou idiota de ficar me vingando. Vocês não vão ficar de castigo. Eu não faria isso. Prefiro mandar vocês embora do que deixá-las de castigo na minha própria peça”, declarou Charles em um dos áudios aos quais tivemos acesso.
Em uma das cenas do musical, o plantel feminino não participou da versão final exibida no Rock In Rio por conta deste conflito.
No encerramento do ensaio, no mesmo dia, ele fez outro discurso, afirmando:
“Não tragam para esta arena vícios cafajestes que vocês aprenderam em produções cafajestes, porque vocês estão errados. Eu provo juridicamente que vocês estão errados, mas eu não quero partir para essa coisa cafajeste de trabalhista, de horas. Isso é cafajeste, e eu provo com o jurídico daqui”.
Já durante o festival, as atrizes se juntaram para realizar uma denúncia formal contra Charles ao Ministério do Trabalho e Emprego, que estava vistoriando os contratos de prestação de serviço para as apresentações. Duas agentes do órgão ouviram o elenco.
“Tenho receio de uma pessoa como ele em posição de poder, ainda realizando produções e escalando elenco, de continuar reproduzindo os abusos que sofremos em ‘Sonhos, Lama e Rock n’ Roll'”, finaliza a fonte.
O outro lado
A reportagem do portal LeoDias entrou em contato com a Möeller e Botelho Produções, e não obteve resposta até a publicação deste texto. Enviamos mensagem também para a assessoria do Rock In Rio, que também ainda não se manifestou. O espaço segue aberto para o diretor se defender das acusações.
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