Lula diz que faltou coragem a governos anteriores para tirar transposição do papel
Durante evento na Paraíba, presidente afirmou que obra é importante para garantir água no Nordeste
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender nesta quarta-feira (28/5) a importância da transposição do Rio São Francisco e afirmou que faltou coragem dos governos passados para concluir o projeto. Durante a inauguração do Trecho I do Ramal do Apodi, no sertão da Paraíba, o presidente destacou que muitos líderes deixaram de lado o compromisso com o povo mais pobre, o que atrasou o avanço das obras.
O evento, que também marcou a assinatura da ordem de serviço para duplicar a capacidade de bombeamento de água no Eixo Norte, reforça o esforço do governo em ampliar o fornecimento de água para a região. A nova estrutura vai permitir uma vazão de até 40 metros cúbicos por segundo.
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O Ramal do Apodi, que liga a Barragem Caiçara, na Paraíba, à Barragem Angicos, no Rio Grande do Norte, deve ser concluído até outubro de 2026, com orçamento de R$ 1,45 bilhão. A estimativa é beneficiar cerca de 750 mil moradores de 54 cidades nos dois estados.
Em seu discurso, Lula citou que a ideia de transpor as águas do Velho Chico não é recente. “Lendo, eu fiquei sabendo que Dom Pedro II, em 1846, tinha pensado em fazer a transposição do São Francisco. Pensei: ‘Puxa vida, se um imperador pensou em fazer e não fez, por que ele não fez? Será que Deus não quis?’. Deus não pode ser ruim gente. Ele simboliza o amor. Acho que faltou foi coragem, porque determinadas coisas você só faz se você tiver coragem. Você só cuida do pobre se você governar com o coração e não com a cabeça”, declarou o presidente.
Os registros históricos mostram que, desde o século XIX, o tema da transposição já aparecia em estudos e projetos. No entanto, nenhuma obra saiu do papel até a retomada da ideia durante os governos do PT, a partir de 2007. Ainda assim, o projeto não foi finalizado e segue com etapas pendentes.
A agenda de Lula no Nordeste quase foi cancelada após ele ter passado mal na segunda-feira (26/5), diagnosticado com labirintite. O presidente precisou cancelar compromissos naquele dia, mas retomou sua agenda na terça-feira (27/5) e manteve as visitas previstas para a semana.
O presidente também ressaltou que governar para os mais pobres exige sensibilidade e empatia. “Tem que saber de verdade o que é uma criança levantar sem ter um copo de leite para tomar. […] A seca é um fenômeno da natureza, sempre vai existir. Agora, a fome por causa dela é falta de vergonha das pessoas que governam esse país e os estados da federação”, afirmou.
Considerada uma das principais obras dos governos petistas, a transposição do Rio São Francisco começou em 2007 e tem o objetivo de atender cerca de 12 milhões de brasileiros em 390 municípios do Nordeste. Mesmo com avanços, o projeto ainda não foi concluído.
Lula finalizou seu discurso reforçando que o Brasil precisa de líderes dispostos a enfrentar os desafios com coragem e foco no bem-estar dos mais necessitados.
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