Marina Silva retorna ao Congresso e volta a ser alvo de ataques: “Mal-educada”
Durante audiência na Comissão de Agricultura, ministra respondeu a críticas e citou impactos das mudanças climáticas no aumento das queimadas

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, voltou nesta quarta-feira (2/7) à Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre o avanço das queimadas e do desmatamento no país. Convocada a falar na Comissão de Agricultura, a ministra foi novamente alvo de críticas incisivas, especialmente por parte de parlamentares ligados à bancada ruralista.
O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) protagonizou os ataques mais duros. Em sua fala, o parlamentar acusou Marina de estar a serviço de uma “esquerda adestrada” e de adotar um “discurso golpista seletivo”. Segundo ele, a ministra seria alheia à realidade do campo: “A senhora nunca trabalhou, nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho”, disse, além de afirmar que seu posicionamento é alinhado a “ONGs internacionais”. O parlamentar também a chamou de “mal-educada” e voltou a usar o termo “adestrada”, expressão que já havia utilizado em outro embate com Marina, em outubro do ano passado.
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Durante a sessão, Marina afirmou que se preparou espiritualmente para a comissão: “Fiz uma longa oração antes de vir. Estou em paz”, disse. Ela também destacou que, após os ataques sofridos no Senado semanas atrás, já esperava reações ainda mais intensas. “Depois do que aconteceu lá, as pessoas se sentem autorizadas a repetir esse comportamento de forma ainda mais agressiva […] Aprendi que é melhor receber uma injustiça do que praticar uma”, concluiu.
Além de Evair, outros deputados também atacaram a ministra. Zé Trovão (PL-SC) a classificou como “uma vergonha como ministra”, enquanto Capitão Alberto Neto (PL-AM) sugeriu que ela deixasse o cargo. O presidente da comissão, Rodolfo Nogueira (PL-MS), criticou a política ambiental do governo e afirmou que Marina protagoniza “um dos capítulos mais desastrosos da política ambiental brasileira”. Ele alegou que, sob sua gestão, o desmatamento na Amazônia teria aumentado 482%, embora não tenha apresentado fontes para o número. Em tom irônico, acrescentou: “A culpa agora é de São Pedro”.
Marina rebateu as críticas alegando que o aumento das queimadas em 2024 foi impulsionado por fatores climáticos extremos, que afetaram não só o Brasil. “Qualquer pessoa que não seja negacionista sabe que a seca com baixa precipitação, temperatura elevada e perda de umidade potencializam os incêndios”, declarou.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o país enfrentou no ano passado a maior seca já registrada. Já um levantamento do MapBiomas apontou a perda de 30 milhões de hectares por queimadas em 2024, um aumento de 62% em relação à média histórica de 18,5 milhões de hectares anuais. Apenas entre agosto e outubro ocorreram 72% das queimadas do ano, sendo um terço delas registrado só em setembro.
Em maio, durante uma audiência no Senado, Marina Silva foi alvo de comentários considerados machistas por parte do senador Plínio Valério (PSDB-AM). Ao saudá-la, o parlamentar afirmou que pretendia “separar a mulher da ministra”, argumentando que a mulher “merecia respeito”, mas a ministra, não. Marina exigiu um pedido de desculpas, que não foi atendido, e deixou a sessão.
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