Exploração sexual infantil na Ilha de Marajó vem sendo denunciada há quase 30 anos. Entenda
O assunto volto à tona após a cantora Aymeê denunciar os crimes através da canção “Evangelho de Fariseus" em um reality show gospel

As acusações de exploração sexual infantil, tráfico humano e de órgãos na Ilha de Marajó, localizada no Pará, voltou a repercutir nas redes sociais na quarta-feira (21/2), após a cantora paraense Aymeê denunciar por meio de uma canção a terrível situação vivida por dezenas de crianças e adolescentes da região, em um reality show gospel chamado Dom Reality, no último dia 15 de fevereiro.
A canção “Evangelho de Fariseus” se tornou um verdadeiro catalisador da causa dando início a uma campanha impulsionada por famosos e influenciadores, que pedem por Justiça e atenção das autoridades.
A letra de “Evangelho de fariseus” faz citação direta a Marajó, num dos versos, ao indicar problemas sociais e ambientais na ilha amazônica: “Enquanto isso, no Marajó / O João desapareceu / Esperando os ceifeiros da grande seara / A Amazônia queima / Uma criança morre / Os animais se vão / Superaquecidos pelo ego dos irmãos”.
“Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard. As crianças de 5 anos, quando veem um barco vindo de fora com turistas (a jovem se interrompe)… Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5”, afirmou Aymeé, em frente aos jurados, depois de apresentar a canção autoral.
Nos últimos anos a pauta de tráfico humano e explocaração sexual infantil foi debatida algumas vezes, mas sempre de forma rápida e sem soluções para o grave problema. Em setembro do ano passado foi lançado o filme “Som da Liberdade” que dividiu opiniões entre os críticos de cinema e religiosos por abordar de forma detalhada casos de tráfico e exploração sexual infantil. Com a denúncia da cantora Aymeê a obra audiovisual voltou a ser debatida, ganhando a atenção do público.
Não é de hoje
Em abril de 2006, o bispo emérito de Marajó, Monsenhor Dom José Luiz Azcona, apresentou denúncia formal ao governo federal e ao presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial na Câmara dos Deputados sobre casos de adolescentes que estariam sendo vítimas de exploração sexual em Portel (PA), também em Marajó.
O presidente da comissão à época, o deputado Luiz Couto, viajou para o Pará, em maio de 2006, com o objetivo de apurar denúncias que apontavam a existência de uma rede de prostituição infantil na região próxima à Ilha de Marajó. O relatório da viagem, disponível no site da Câmara, trouxe depoimentos de vítimas. Parte delas acusava dois vereadores locais por estupro de menores. Os fatos foram imediatamente levados ao conhecimento do Conselho Tutelar
Há mais ou menos três décadas, o bispo Dom José Luis Azcona denuncia as mazelas da região de Marajó e a exploração sexual de crianças no arquipélago. A autoridade religiosa foi fundamental para a instalação da CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa do Pará e no Congresso Nacional, nos anos de 2009 e 2010. Em 2015, ele chamou atenção para casos em que as crianças se ofereceram aos ocupantes de balsas com o consentimento da própria família. Os fatos tiveram repercussão nacional.
Em 2023, Dom José Luis Azcona recebeu um pedido da representação diplomática do Vaticano no Brasil para que deixasse a região. A população local reagiu ao fato com uma série de protestos, reivindicando a permanência do bispo emérito na ilha amazônica. Os membros da Prelazia do Marajó também se reuniram e enviaram uma carta à Nunciatura no Brasil, e a decisão foi revista.
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