Prioli rebate críticas de influenciadora sobre modelos plus size no desfile da Victoria’s Secret
A declaração foi rebatida por Prioli, que deu exemplo de grandes atletas fora do padrão que se destacaram no basquete e no futebol, sendo baixo ou acima do peso
Após a criadora de conteúdo Bruna Ferrari publicar um vídeo criticando a representatividade no novo desfile da Victoria’s Secret, que incluiu modelos plus sizes, pois segundo ela, “a passarela não é lugar para mulheres baixas e acima do peso”, a apresentador e comentarista política, Gabriel Prioli publicou um vídeo em suas redes sociais rebatendo o discurso da tiktoker.
No vídeo publicado por Bruna Ferrari, ela usa como embasamento de seu discurso contra a diversidade de modelos no desfile da famosa marca de ligerie, que, segundo ela, não existem jogadores de basquete baixos ou jogadores de futebol gordos. A declaração foi rebatida por Prioli, que deu exemplo de grandes atletas fora do padrão que se destacaram no basquete e no futebol, sendo baixo ou acima do peso.
“Gente, tem dias que vocês me deixam muito nervosa aqui na internet. Eu vi uma querida falando aqui nas redes, ai, pipipi popopó, ‘bonito é ser magra, Victoria ‘s Secret não tem que se preocupar com representatividade’. E aí, aí começou o pior: ‘Você não vai ver um jogador de basquete baixo, um jogador de futebol gordo’”, iniciou Prioli.
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“Vamos lá. O Spud Webb, de 1,68, jogou na NBA, foi campeão do desafio de enterrada e terminou a carreira com uma média de 9,9 pontos por jogo. Ele tinha uma impulsão, aliás, de 1,15 metros superior, portanto, a média dos jogadores da NBA, que é de 74 centímetros. O Muggsy Bogues, de 1,60, não dá pra chamar gigante, né? Teve uma carreira de 12 anos na NBA. O Isaiah Thomas foi uma lenda do basquete e tinha 1,75. E vejam que nós estamos falando aqui da nata do basquete. Mas é claro que a mona, que gravou o vídeo, não sabe nada de basquete, né?”, continuou.
Gabriela destaca ainda que a comparação de Bruna não faz sentido, afinal de contas, o trabalho de caminhar numa passarela vestindo uma peça de roupa é algo que não exige a performance de um atleta, que no caso do basquete, precisa enterrar uma bola em uma cesta que está a mais de 3 metros de altura.
“E eu falei da altura de alguns atletas só para endereçar esse argumento que é péssimo. E é péssimo, porque, enfim, eu acho que eu não preciso explicar aqui que caminhar numa passarela vestindo uma peça de roupa não é algo que se possa comparar com performar uma habilidade esportiva específica, que num dos exemplos citados inclui, por exemplo, enterrar uma bola numa cesta que está posicionada a 3 metros e 5 centímetros de altura. Entendeu?” , disse a advogada e comentarista política.
“Ou, no futebol, correr em média 11 quilômetros durante um jogo. Mas mesmo assim, mesmo que a comparação seja absurda, eu vou dizer que o Ronaldo, o Ronaldo Fenômeno, que tem 1,83, chegou pesando 115 quilos no Corinthians e marcou 23 gols naquele ano. Conhece o Ronaldo? O Walter, conhecido como Gordinho, virou um ídolo do Goiás. Ajudou o time a sair da Série B em 2012, ele foi campeão e artilheiro da competição no seu primeiro ano. Em 2013, ele conquistou o prêmio de melhor jogador do Brasileirão dado pela Rede Globo. E voltando pra altura, a gente pode pensar no Messi. O Messi, Lionel Messi era considerado muito baixo pra jogar futebol e o Bolt, sabe o Bolt o corredor? Foi considerado muito alto para ser um velocista. Então, aparentemente o pessoal da sua turma, o pessoal contra a diversidade estava equivocado, você não concorda?”, completou alfinetando a influenciadora.
Rebatendo também outro trecho do discurso de Bruna, Prioli destaca que ao contrário do que a influenciadora disse, existem modelos bem sucedidas mesmo tendo baixa estatura.
“E para continuar na altura, a gente pode pensar nas modelos, já que você disse que elas devem ser bem altas. A Kate Moss tem 1,70, a Cara Delevigne também. E a Devon Aoki tem 1,65. Todas são mais baixas que eu”, citou Gabriela.
Ainda no vídeo, Gabriela fala sobre a importância da representatividade e alfineta Bruna por ser mulher e defender a falta de representatividade no meio da moda.
“Gente, representatividade importa. Porque esse ideal inalcançável é o que faz com que até você, amiga, padrão, que gravou o vídeo, tenha se sentido insatisfeita a sua vida inteira com a sua aparência. Sempre insegura, sempre precisando perder uns quilos, sempre em falta. Eu sei, porque foi assim comigo também. Você defende, portanto, esse padrão estrito por quê? É masoquismo?”, disse Prioli.
“Esse condicionamento estético que nos faz ver beleza só num tipo de corpo é, também, um condicionamento. E como eu sei disso, eu sei porque o ideal de beleza varia no tempo e no espaço. O que era considerado bonito no passado é diferente do que é considerado bonito hoje, é diferente do que vai ser considerado bonito no futuro. E o que é considerado bonito aqui no ocidente é diferente daquilo que é considerado bonito no oriente, por exemplo.
Beleza não é um valor objetivo, mas algo construído. E se você não acredita em mim, vai ouvir sobre isso no episódio do Platitudes, sobre estética, que tem o Karnal, historiador homem, explicando muito bem, já que você, além de esteticamente condicionada, provavelmente opera sob o viés de gênero”, continuou.
“Aí alguém vai aparecer e vai dizer, ah, Gabriela, mas então não pode mais ser magra, ter modelo magra? Pode, fica super à vontade, pode sim. Mas será que a gente não pode ter olhos que encontrem beleza em outras possibilidades? Outros corpos, outras existências, que encontrem beleza inclusive em nós mesmas? É essa lógica da diversidade, de um conceito mais amplo do belo, que cria um mundo com mais beleza e, consequentemente, um mundo mais feliz. Vai por mim”, finalizou.
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