Caso Paula Amorim: Especialista explica como o luto afeta as mulheres após perda gestacional
Em entrevista ao portal LeoDias, o psicólogo André Sena Machado destaca que o luto gestacional compartilha estágios comuns a outras perdas como negação, raiva, barganha, depressão e aceitação

Paula Amorim usou as redes sociais na noite da última quinta-feira (17/7) para fazer um forte desabafo. Casada com o ex-BBB Breno Simões e mãe de Theo, de 3 anos, ela anunciou a terceira perda gestacional em cerca de um ano. A também ex-BBB e influenciadora estava na nona semana de gestação quando os médicos não encontraram batimentos cardíacos no feto. Para falar sobre essa temática frequente na vida de muitas mulheres, embora ainda seja cercada de estigmas e tabus, o portal LeoDias conversou com o psicólogo André Sena Machado. No Brasil, estudos indicam que uma parcela significativa da população feminina já vivenciou a experiência de um aborto, seja ele espontâneo ou provocado.
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Segundo o especialista, mulheres que enfrentam perdas gestacionais repetidas, como no caso ilustrado por Paula, são frequentemente acometidas de tristeza profunda, ansiedade, frustração e um senso persistente de impotência. O efeito cumulativo dessas experiências pode levar a depressão, estresse crônico e, em alguns casos, a sintomas de trauma, refletindo a complexidade emocional desse processo.
Questionado se o luto gestacional pode ser comparado ao luto por outras perdas, o psicólogo pontua: “O luto gestacional compartilha estágios comuns a outras perdas como negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, mas possui particularidades marcantes. A ausência de memórias tangíveis com o bebê e o estigma social frequentemente intensificam a dor”.
“Aqui, o reconhecimento e o apoio de familiares, amigos ou profissionais, desempenha um papel essencial ao oferecer à mulher um espaço seguro para processar seus sentimentos, diferentemente de outros tipos de luto que podem contar com rituais ou lembranças mais concretas”, completa.
O especialista ainda ressalta o papel importante da família neste momento tão delicado para a mulher. “A rede de apoio desempenha um papel vital ao ajudar a mulher a se acolher por inteiro — tanto em sua força quanto em sua vulnerabilidade. Parceiros, familiares e amigos devem oferecer escuta ativa e validação emocional, evitando frases como “vai passar” ou “tente de novo”, que minimizam a experiência. Em vez disso, expressões como “estou aqui com você” e demonstrações de que ela é acolhida por inteiro, incluindo suas falhas e seu sofrimento, fortalecem a resiliência. Esse suporte é um alicerce para que ela enfrente a dor sem se fragmentar”, diz.
O papel do pai no luto materno
De acordo com o psicólogo, parceiros também atravessam o luto, frequentemente sentindo impotência, tristeza ou mesmo pressão para serem o “porto seguro”. “Muitos escondem suas emoções para apoiar a parceira, o que pode gerar distanciamento ou tensões no casal. O impacto na relação depende da capacidade de ambos reconhecerem que estão sofrendo e de se amarem por completo — tanto nas conquistas quanto nos fracassos. Esse processo de aceitação mútua pode transformar a dor em um caminho de cura compartilhada, fortalecendo a conexão”, informa.
O silêncio social sobre o aborto ainda é um obstáculo. “O tabu social em torno do aborto permanece um obstáculo significativo, amplificando o isolamento e aumentando os riscos de ansiedade e depressão. Esse silêncio dificulta que mulheres encontrem validação para sua dor. A iniciativa de Paula Amorim em compartilhar sua experiência merece reconhecimento, pois ajuda outras mulheres a se sentirem menos sós e promove maior conscientização sobre o tema. Romper esse tabu por meio de diálogo aberto e suporte terapêutico é fundamental para apoiar a saúde mental e facilitar o processo de enfrentamento”, finaliza.
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