Pé queimado em desfile e “demora” para ser enredo: o caminho de Alcione até homenagem
Cantora será o enredo da verde e rosa no Carnaval 2024
Os caminhos de Alcione e da Mangueira, escola de samba que vai homenagear a cantora em 2024, se cruzaram pela primeira vez há cinco décadas. Foi no Carnaval de 1974, quando a verde e rosa cantava o folclore brasileiro, que a cantora maranhense estreou como desfilante e apareceu como destaque de um carro alegórico. O plano original, no entanto, não era esse: ah istória de amor da “Marrom” com a Estação Primeira tem bastidores surpreendentes, listados abaixo pelo Portal Leo Dias, como um aquecimento dos tamborins para o desfile mangueirense do próximo Carnaval.
‘Marrom’ começou como ‘substituta’ improvisada
Naquele Carnaval de 1974, Alcione havia sido convidada a desfilar no ano anterior, ao visitar o “Palácio do Samba” (nome dado à quadra da Mangueira, na Zona Norte do Rio). O convite era para uma posição discreta no cortejo, mas, na concentração, faltava um destaque numa das alegorias, e a escola poderia perder pontos na apuração.
Marrom, então, foi alçada ao posto principal do carro alegórico e estampou diversos jornais e capas de revista da época, tornando-se figura frequente na Mangueira: “A Mangueira é minha segunda casa. Depois do Maranhão, é onde mais me sinto à vontade”, descreveu ela ao jornal O Globo, em 2022.
A paixão pela instituição, aliás, havia começado anos antes, também pelas páginas: ainda no Maranhão, ela viu fotos das baianas mangueirenses num exemplar da revista “O Cruzeiro” e encheu os olhos com os figurinos na combinação verde e rosa. Passou a se vestir com as mesmas cores, em roupas compradas pela mãe.
Vezes de ‘puxadora’ na Sapucaí
Voz destacada entre as mulheres que cantam samba no Brasil, Alcione foi uma das artistas que a Mangueira escolheu, no Carnaval de 2012, para formar uma “mesa de pagode” na avenida, em homenagem ao bloco carnavalesco Cacique de Ramos. Junto de Xande de Pilares e outros sambistas, ela assumia o comando do microfone principal do desfile quando a bateria fazia uma “paradona” de longos minutos. O momento foi inédito na história do Sambódromo, arrepiou o público e está eternizado na história da folia.
Perrengue em desfile
Em 2015, quando a Mangueira dedicava seu desfile às mulheres da própria escola e de todo o país, Alcione passou por um dos maiores perrengues de sua trajetória no Carnaval carioca. Ela queimou o pé ao pisar, sem querer, num refletor instalado na alegoria em que desfilava, ao lado da cantora Rosemary e de outras estrelas. O incidente fez com que precisasse receber atendimento médico, além de enfaixar o pé. Chovia muito na ocasião e a agremiação quase caiu: ficou em décimo lugar.
Aniversário com amigos famosos na quadra
Quando a Mangueira se preparava para cantar a vida e a obra de Maria Bethânia, no Carnaval de 2016, Alcione, amiga da cantora baiana, esteve na quadra da escola para comemorar o próprio aniversário entre amigos famosos — Bethânia incluída, é claro.
Naquele mês de novembro, quando Alcione completava 68 anos (ela faz 76 em breve), prestigiaram a festa, além de Bethânia: Fafá de Belém, Padre Fábio de Melo, Lúcia Veríssimo e Leda Nagle. Aos presentes, foram servidos pratos típicos do Maranhão e um bolo de três andares, especialmente dedicado à “Marrom”.
Dandara e Zumbi, bem como Maria e José
Entre as passagens mais bonitas de Alcione em desfiles da Mangueira, estão os Carnavais de 2019 e 2020. A mangueirense foi escalada pelo carnavalesco Leandro Vieira (substituído pelos artistas Annik Salmon e Guilherme Estevão, desde 2023) para representar Dandara dos Palmares, símbolo da resistência negra que a escola cantava na primeira ocasião, e Maria de Nazaré, mãe de Jesus Cristo, o enredo da segunda.
Em ambas as situações, Alcione desfilou ao lado de Nelson Sargento, baluarte da Estação Primeira até o falecimento, em 2021: ele representou Zumbi dos Palmares e, depois, foi José.
Demora para se tornar enredo
Protagonista do enredo da Mangueira para 2024 (“A Negra Voz do Amanhã” é o título do desfile), Alcione demorou anos para ocupar esse lugar — foi precedida, inclusive, por Bethânia, Chico Buarque, Nelson Cavaquinho e até Tom Jobim.
Enquanto a homenagem não acontecia, outras vieram: a cantora virou enredo das escolas de samba cariocas Independente de Cordovil (1989); Unidos da Ponte (1994); e da paulista Mocidade Alegre (2018).
A dedicatória mangueirense só chega agora, em 2024, na Segunda-Feira de Carnaval, 12 de fevereiro — a Mangueira será a quarta a desfilar. O carnavalesco Guilherme Estevão disse à Agência Brasil, em abril, que “Marrom” já havia sido convidada outras vezes para a missão e, “graças a Deus, desta vez, aceitou”.
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