Desaparecimento de Juliana: como o corpo reage em estado de sobrevivência
Desaparecimento de Juliana Marins na Indonésia levantou questionamentos

O desaparecimento da brasileira Juliana Marins na Indonésia, que mobilizou equipes de resgate, expôs não só a angústia de familiares e amigos, mas também levantou uma dúvida: como o corpo humano reage em situações extremas como essa? Quanto tempo uma pessoa consegue resistir sem comida, sem água e sob estresse constante?
Estresse extremo: o corpo entra em modo de alerta total
Em situações de risco, como quedas em trilhas ou isolamento em florestas, o organismo ativa imediatamente o chamado “modo de sobrevivência”. O cérebro aciona o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que libera hormônios como adrenalina e cortisol, que são hormônios ligados a estado de alerta e estresse.
Essas substâncias aumentam os batimentos cardíacos, a pressão arterial e mobilizam as reservas de energia (principalmente a glicose e o glicogênio do fígado e músculos). O objetivo é garantir energia rápida para fugir ou resistir.
Mas quando essa ativação se mantém por horas ou dias, o organismo começa a pagar um preço alto: fadiga intensa, imunidade comprometida, confusão mental e perda de massa muscular são consequências esperadas.
Sem comida: corpo usa suas reservas até onde pode
A privação alimentar total (jejum absoluto) obriga o organismo a buscar energia internamente:
1. Primeiras 24 horas: usa o glicogênio (estoque de glicose no fígado e músculos);
2. Após 24-48 horas: passa a usar gordura corporal como principal fonte de energia, convertendo em corpos cetônicos;
3. Após vários dias: o corpo começa a degradar músculos para obter aminoácidos e manter funções vitais.
Apesar da fome ser incômoda nos primeiros dias, é possível sobreviver até 30 a 40 dias sem comida, dependendo do estado nutricional anterior, hidratação e temperatura ambiente.
Sem água: o maior risco
O limite para privação hídrica é bem mais curto. O corpo humano não sobrevive mais do que 3 a 7 dias sem água, especialmente em climas quentes e úmidos. A desidratação severa provoca:
- Redução do volume sanguíneo (queda de pressão arterial);
- Comprometimento dos rins e da função cerebral;
- Delírio, confusão e até coma.
A urina praticamente desaparece, a pele seca, os olhos afundam. O corpo tenta compensar reduzindo ao máximo a perda de líquidos, inclusive diminuindo o suor, o que pode agravar o risco de hipertermia (aumento da temperatura corporal).
A história da brasileira na Indonésia nos faz refletir sobre os limites do corpo humano e como ele luta para sobreviver. Cada hora conta quando alguém desaparece. O tempo de resposta dos resgates pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Embora o corpo seja capaz de suportar dias sem comida, a falta de água e o estresse extremo impõe limites muito mais curtos. Saber disso ajuda a entender a urgência dos pedidos da família e o desespero por respostas rápidas.
Referências
1. McEwen, B. S. (2007). Physiology and neurobiology of stress and adaptation: central role of the brain. Physiol Rev. https://doi.org/10.1152/physrev.00041.2006
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6. Popkin, B. M., D’Anci, K. E., & Rosenberg, I. H. (2010). Water, hydration, and health. Nutrition Reviews. https://doi.org/10.1111/j.1753-4887.2010.00304.x
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