João Kleber: TV aberta é uma realidade consolidada há décadas
Apresentador estreou na RedeTV! em 1999, após trabalhos na Band, Rede Manchete e Globo
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Não é exagero afirmar que João Kleber é um ícone da televisão brasileira – e, como muitos de RG mais antigo, também iniciou carreira na escola do rádio.
Trabalhou, sim, em várias TVs, incluindo uma passagem por Portugal, mas “a maior parte da minha vida profissional foi aqui na Rede TV!”, que completa 25 anos no dia 15 de novembro e com promessa de novidades para muito em breve.
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Dono do bordão “para, para, para, para”, João Kleber, na conversa a seguir, fala sobre a parceria com Chacrinha, relembra o momento da primeira assinatura de contrato com a Rede TV!, de personagens marcantes, como Charlotte Pink, o sucesso do “Teste de Fidelidade” e faz defesa da TV aberta. Vamos ler, vamos ler…
A Rede TV! vai completar 25 anos. Como é para você acompanhar essa história, estando na casa desde o início?
– Lembro como se fosse hoje: meu primeiro programa e o primeiro contrato da Rede TV!. Assinei no dia 1º de agosto de 1999, coincidentemente no aniversário do Marcelo de Carvalho [vice-presidente], e meu aniversário é no dia seguinte, 2 de agosto. Comemoramos juntos essa data especial. O primeiro programa pronto foi “Te Vi na TV”, que depois se tornou “Eu Vi na TV”, e já começou bombando. A plateia tinha quase 300 pessoas, um elenco de humoristas incríveis, e eu fazia um personagem de humor, já que comecei como humorista. Fiquei muito feliz com a estreia.
E depois disso?
Aí criei a personagem Charlotte Pink, que se tornou muito conhecida na época. Ela gerou uma repercussão incrível, fazendo entrevistas e recebendo convidados famosos. O primeiro “dois dígitos” da Rede TV! foi com a Charlotte Pink.
Mas conta a história do “Teste de Fidelidade”.
Quando surgiu o “Teste de Fidelidade”, que na verdade, começou como um quadro, eu pensei: “Dá para criar um formato legal desse quadro”. Fui amadurecendo a ideia, e ele se transformou no sucesso que é hoje, conhecido em várias partes do mundo.
Está feliz?
Fazer parte da Rede TV! é muito importante. Em um país com mais de 210 milhões de habitantes, ser reconhecido, aos 67 anos, diariamente nas ruas pelo que realizei é gratificante. Recentemente, uma criança no supermercado olhou para mim e disse: ‘Vamos rir, vamos rir, vamos rir’. Em outra ocasião, fui ao cinema com a minha mulher e, quando as luzes apagaram, começaram a gritar: “Para, para, para, para”. Tudo isso é reflexo do que desenvolvi na Rede TV!, a maior parte da minha vida profissional foi aqui.
E a sua passagem por Portugal, como foi essa experiência internacional?
– Esse tempo em Portugal foi muito especial. Não só foi vantajoso profissionalmente, como também abriu minha mente para novas formas de trabalhar. Na Europa, o jeito de produzir programas é muito diferente do Brasil, mais próximo do estilo americano. No início, a TVI comprou 10 episódios do ‘Teste de Fidelidade’ que eu exibia aqui. A TVI estava brigando pelo primeiro lugar, com formatos de reality show, mas ainda queria consolidar toda a sua programação. E acabei ficando lá por 6 anos.
As recordações são boas?
A minha passagem por Portugal foi maravilhosa. Fiz grandes amigos, tenho cidadania portuguesa, pois sou filho de pais portugueses. E não foi só em Portugal: o programa também foi exibido em Angola, Moçambique e Cabo Verde. Quando cedi os direitos do ‘Teste de Fidelidade’, ele se expandiu por toda a Europa e África.
O ‘Teste de Fidelidade’, chamado de ‘Fiel Infiel’ em Portugal, ganhou grande repercussão. Em 2006, foi premiado na Espanha como o segundo programa mais popular e comentado da Europa. Isso me rendeu entrevistas para canais da Inglaterra, França e Espanha. Inclusive, fui para Angola e fiz reportagens lá.
E tem saudades?
Mesmo não estando em Portugal atualmente, o público português continua me acompanhando pelos programas da Rede TV! no Brasil. Tenho um carinho imenso por eles, assim como eles têm pelo meu trabalho.
Você, um profissional que está há anos na TV aberta, como consegue se manter em evidência?
– É uma luta constante. Você precisa se reinventar todo dia. Mas eu sempre digo: não faço televisão para meus amigos, faço para o povo, que são meus verdadeiros amigos. Eles te prestigiam, entendem sua linguagem. Por isso, é essencial estudar o mercado que você quer atingir e ser autêntico, passando irreverências, brincadeiras e palhaçadas de forma genuína.
Qual teu segredo na TV?
Quando surgiu o “Teste de Fidelidade”, eu sabia que a fidelidade era um tema universal, que gerava polêmica em todas as classes sociais. E além disso, a sensualidade também atrai, é um tema amplo que envolve o público. Uma lição que aprendi é que, mesmo em um programa popular, você tem que ter um certo luxo: cenário caprichado, boa iluminação, um visual legal. Mas a linguagem precisa ser popular, direta. Foi isso que trouxe o sucesso do “Teste de Fidelidade” e também dos “segredos” no ‘Você na TV’.
Mas não só isso?
Também criei bordões e uma fórmula que conecta com as pessoas, usando irreverência. Naquela época, o termo “viralizar” nem existia, o que se falava era “vai gerar uma boa repercussão”. E é isso que o público quer: diversão e entretenimento, sem complicações.
Como vê o futuro da TV aberta?
– A TV aberta e a internet coexistem, mas a internet ainda é uma ‘terra de ninguém’, muita coisa precisa ser ponderada e bem administrada. A TV aberta, por outro lado, é uma realidade consolidada há décadas.
Eu apresentei o programa com o Chacrinha, em 1988, quando alcançava 80 pontos de audiência. Claro, era outra época, mas se o programa fosse exibido hoje, com aquele enquadramento e peso das câmeras, ainda seria moderno e revolucionário. Como o próprio Chacrinha dizia: ‘Nada se cria, tudo se copia’. Então, se for reinventar algo, faça bem feito.
Mas existem pessoas que não entendem muito isso, não acha?
Há muita confusão entre o que é um programa popular e o que é popularesco. A TV aberta vai reinar por muitos anos, mas isso depende de uma programação forte e de um jornalismo de qualidade.
Na internet, tudo acontece rápido, e fazer um programa de variedades com o mesmo impacto que na TV é difícil. As linguagens são diferentes. Pegar um conteúdo da internet e colocá-lo na TV aberta é arriscado, mas adaptar um programa da TV aberta para a internet, com cortes bem feitos, pode ser um sucesso. Eu sou prova disso: com ‘Pegadinhas’, ‘Teste de Fidelidade’ e ‘Os Segredos’, já alcancei bilhões de visualizações nas redes sociais.
É o que você enxerga pela frente?
Exatamente. Cada plataforma tem seu nicho, e o que importa é definir bem a programação e o público-alvo. Cabe aos líderes entenderem isso e conduzirem o futuro da televisão. Como disse antes, a chave é não fazer TV para os amigos, mas para o povo, que são os verdadeiros amigos e quem dá a base da TV.
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