O Desafio Invisível dos Resgates de Cães e Gatos no Brasil
Até encontrar um lar definitivo, o processo exige tempo, dedicação e paciência

Resgatar um animal das ruas pode parecer, à primeira vista, um ato simples movido apenas pelo coração. Mas quem está na linha de frente da causa animal sabe: o resgate vai muito além de tirar um cachorro ou gato da rua. É um processo longo, desgastante, caro e, muitas vezes, solitário, que envolve desde o socorro imediato até a difícil missão de encontrar um lar definitivo e responsável.
Hoje, o Brasil enfrenta uma triste realidade: mais de 30 milhões de cães e gatos vivem em situação de abandono, sendo aproximadamente 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Desse número assustador, apenas cerca de 185 mil animais são resgatados por ano por ONGs, protetores independentes e grupos de apoio uma fração pequena diante da dimensão do problema.
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O resgate em si já é desafiador. Muitas vezes, o animal está ferido, com medo, em situação de risco ou já sem forças. Abordá-lo requer cuidado, paciência e, em muitos casos, ajuda profissional. Depois de resgatado, começa uma nova etapa ainda mais complexa: os cuidados veterinários.
Exames de sangue, tratamentos contra sarna, carrapatos, doenças como cinomose, parvovirose ou erliquiose, vacinação, castração, medicamentos… tudo isso custa caro. A maioria das ONGs e protetores atua com recursos próprios ou depende de doações para manter esse trabalho vivo. Não existe apoio público estruturado e o peso financeiro de cada resgate pode ultrapassar centenas, às vezes milhares de reais.
Passada a fase mais crítica de tratamento, entra outro desafio: o lar temporário. Abrigos estão lotados e manter animais por longos períodos nesses locais é inviável, tanto em estrutura quanto em qualidade de vida. O lar temporário é um respiro: é a casa de alguém que se voluntaria a cuidar do animal até ele estar pronto para adoção. Mas esse voluntariado também é limitado muitos protetores acumulam dezenas de animais por falta de quem abrace essa etapa.
E, por fim, chegamos ao ponto mais sonhado e também um dos mais difíceis: a adoção responsável. Encontrar um lar de verdade, que ofereça amor, segurança, tempo e estabilidade para aquele animal que já sofreu tanto, é uma tarefa minuciosa. Não se trata apenas de “dar o animal para alguém”. É preciso avaliar o perfil do adotante, entender sua rotina, seu compromisso, oferecer orientação e muitas vezes fazer visitas ou acompanhamentos pós-adoção.
Muita gente acha que é simples: resgatou, tratou, publicou a foto e pronto o bichinho vai embora para uma nova vida. Mas a verdade é que nada nesse processo é fácil. Cada etapa exige esforço físico, emocional e financeiro. Cada animal resgatado carrega uma história de abandono, dor e medo. E cada adoção bem-sucedida é uma pequena vitória num sistema falho, onde o abandono ainda é culturalmente tolerado e as leis são brandas demais para inibir o crime.
Por isso, antes de criticar quem está na linha de frente ou achar que “não fazem mais porque não querem”, é importante entender a realidade por trás do resgate. Falta recurso, falta estrutura, falta apoio público e sobra amor, mas ele, sozinho, não é suficiente.
Se você quer ajudar, existem muitas formas: apoiar financeiramente quem resgata, ser lar temporário, adotar com consciência, divulgar campanhas de adoção e, acima de tudo, castrar seu animal e incentivar a posse responsável. Cada atitude conta. E cada vida resgatada é uma semente de mudança num país que ainda precisa aprender a cuidar dos seus animais.
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