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Em CPI, empresário admite manipulação e afirma ter “rebaixado” 42 clubes

William Pereira Rogatto admitiu participação em manipulação de resultados de diversos jogos pelo Brasil

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          A CPI da Manipulação de Jogos de Futebol, no Senado Federal, teve um depoimento bombástico na tarde da última terça-feira (8/10). O empresário William Pereira Rogatto confessou a participação em um grande esquema de manipulação de resultados.

          William é apontado pelo Ministério Público como chefe de um esquema que usou o Santa Maria, clube do Distrito Federal, para manipular resultados no campeonato local e prestou depoimento na CPI por meio de chamada de vídeo, já que está morando fora do Brasil. 

          Primeiramente, ele foi convidado para prestar depoimento na CPI, não tendo comparecido nem de forma virtual, o que levou os senadores da comissão a aprovarem um requerimento de convocação, quando a pessoa que a recebe não pode deixar de comparecer.

          Veja as fotos

          CPI da Manipulação de Jogos de Futebol (Jefferson Rudy/Agência Senado)
          CPI da Manipulação de Jogos de Futebol (Jefferson Rudy/Agência Senado)
          CPI da Manipulação de Jogos de Futebol (Jefferson Rudy/Agência Senado)
          CPI da Manipulação de Jogos de Futebol (Jefferson Rudy/Agência Senado)
          William Rogatto, empresário envolvido em esquema de apostas (Lucas Magalhães)
          William Rogatto, empresário envolvido em esquema de apostas (Lucas Magalhães)

          Manipulação de resultados

          William afirmou ser conhecido como “Rei do Rebaixamento”, tendo provocado o descenso de 42 clubes por conta de sua atuação criminosa – o Santa Maria foi uma das vítimas, caindo de divisão na última posição.

          Ainda de acordo com o empresário, seu lucro total com a manipulação de resultados foi de cerca de R$ 300 milhões. 

          Na CPI, o empresário explicou toda a forma em que escolhia os clubes para dar o golpe. Ele monitora quem está com baixa capacidade financeira, com dificuldades para montar um elenco para campeonatos estaduais e oferece uma espécie de “parceria”.

          “Qual é meu modus operandi? Pego um time com dificuldade financeira e que não tem dinheiro para disputar campeonato ou pagar taxas da federação, que cobra transferências, registros e tudo mais. […] Aí eu entrava: eu vinha, como quem não quer nada, e falava: ‘e aí, presidente, vamos fazer o time subir? Vai dar tudo certo, a gente vai ser campeão’”, disse William.

          “Eu tinha uma agência de atletas, a WR10, e falava para os jogadores que eles tinham que ganhar comigo, porém, eles tinham que facilitar os jogos para mim. Eles não entendiam no começo, mas eu explicava certinho e eles falavam: ‘poxa, a gente está sem salário, sem nada… vamos tentar’. Foi onde iniciei a prática”, acrescentou.

          “Basicamente, eu enganava o presidente porque ele não tem dinheiro. Automaticamente, pago ele e pago para colocar meus atletas. Com isso, acabei de gerar uma máquina: aquele time vai perder de todos os jeitos, porque ele vai me beneficiar nas apostas”, completou.

          William Rogatto foi alvo da “Operação Fim de Jogo”, em março deste ano, quando o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do empresário, que é suspeito de ser chefe de um esquema que teria manipulado duas partidas do Candangão (Campeonato do DF).

          Essa não foi a primeira vez que Rogatto é alvo da Justiça por manipulação de resultados.  Em 2020, ele foi investigado por tentar manipular jogos na Série A3 do Campeonato Paulista.

          O empresário chegou até a citar John Textor e as afirmações do dirigente estadunidense de que houve manipulação de resultados no Brasileirão do ano passado: “Eu te garanto que o John Textor não está totalmente errado. Chamam de louco, ele não é tão louco assim”, afirmou.

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