Ouro “roubado” em premiação não muda a verdade: Vini Jr. é o melhor do mundo
Bola de Ouro 2024 escancara mais uma vez preconceito do “mundo europeu”
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A cerimônia da Bola de Ouro 2024 expôs novamente a desconfiança além dos gramados que recai sobre Vinícius Júnior, tido como provocador para uns, e um herói na luta antirracista para outros. O desempenho irrefutável nos campos não foi só ignorado, como também ridicularizado em um dia para se esquecer na história do futebol.
Como os portugueses que desembarcaram em solo brasileiro há mais de 500 anos, dezenas de jornalistas dos mais diversos países arrancaram o ouro brasileiro de uma bola da qual ninguém jogou mais que Vinícius Júnior.
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Isso quer dizer que Rodri, vencedor do prêmio de melhor jogador da temporada 2023/24, não merecia o troféu? Sim e não. É claro que o espanhol tem seus méritos, ele foi determinante para o título da Eurocopa de sua seleção e ganhou o prêmio de melhor jogador da competição, mas não, ele não foi melhor que Vini Jr.
O atacante brasileiro do Real Madrid marcou 26 gols com a camisa madrilenha na temporada 2023/24, mais que o dobro dos 12 de Rodri. Bom, são dois atletas de diferentes posições e o meia espanhol tem a seu favor o maior número de assistências: 14 a 11.
Falemos então da Liga dos Campeões da Europa, torneio mais importante do futebol mundial depois da Copa do Mundo: Vinícius Júnior foi decisivo na reta final, marcando gol na decisão pelo segundo ano seguido e sendo escolhido o melhor jogador da competição.
Rodri não esteve sequer entre os indicados a melhor jogador da Liga dos Campeões e nem da Premier League (Campeonato Inglês). Um ponto a menos para o espanhol.
O que explica essa escolha então? Difícil resposta.
A cor do ouro
Historicamente, o ouro da bola distribuída pela France Football traz um fator que contrapõe a um aspecto determinante para uma premiação individual unicamente relacionada ao desempenho nos campos: ele é “esbranquiçado” e “europeizado”.
Entregue pela primeira vez em 1956, a Bola de Ouro da revista francesa foi por muitos anos uma premiação exclusiva para atletas nascidos na Europa e que atuavam no continente.
Os “forasteiros” que ganharam a taça tiveram de se naturalizar em algum país europeu para poder serem reconhecido como melhores do Mundo: caso de Di Stéfano e Omar Sivori, argentinos naturalizados espanhol e italiano, respectivamente. Além deles, o moçambicano Eusébio, que se declarou português para faturar a premiação.
Foi apenas em 1995 que houve a primeira mudança, liberando atletas nascidos em qualquer lugar do Mundo para disputar a premiação – foi também o ano que marcou a única vitória de um africano, com o liberiano George Weah faturando a taça -.
Mas até 2006, apenas quem atuava em solo europeu era considerado na premiação – como se o bom futebol, historicamente, se concentrasse apenas na Europa.
Pelé e Maradona, dois sul-americanos considerados por muitos como os dois melhores jogadores da história do futebol mundial, foram amplamente ignorados. Apenas em 2015, por pressão popular, a France Football abriu os olhos para a história e deu prêmios póstumos aos dois.
Garrincha, o “anjo das pernas tortas” que carregou a seleção brasileira rumo ao bicampeonato mundial em 1962, morreu sem ser reconhecido como “Bola de Ouro”. A premiação póstuma ao atleta carrega o sabor de uma injustiça que sangrou novamente neste 28 de outubro de 2024, com Vinícius Júnior ignorado e ridicularizado, assim como o “Mané” foi ao longo de sua carreira.
Como os europeus que desembarcaram na América e debochavam dos indígenas nativos, a France Football não conseguiu disfarçar o preconceito.
Vinícius Júnior foi ridicularizado em vídeos transmitidos ao vivo na cerimônia e foi excluído da foto em que anunciou a premiação do Real Madrid como melhor time do ano – isso mesmo, o melhor jogador da equipe foi excluído da foto “oficial” pelo prêmio -.
O que falar então de jornalistas como Lluis Miguelsanz, do diário Sport, da Espanha?
O tal “profissional da imprensa” teve a audácia de dizer que Vinícius Júnior tem de “se comportar melhor” para ser merecedor da Bola de Ouro, que segundo ele representa também valores extracampo, como se lutar contra o racismo latente no futebol europeu não fosse importante e histórico.
Aguardemos por mais um ano, quem sabe nesta temporada o brasileiro possa repetir o seu brilhantismo e ser reconhecido por isso. Como ele mesmo disse: “Eu farei 10x se for preciso. Eles não estão preparados”.
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