Real Madrid conseguiu expulsar racistas do estádio após ações do presidente
Após Florentino Pérez, presidente do clube merengue, intervir, torcedores organizados precisaram assinar termos de conduta para frequentar o estádio Santiago Bernabéu

Um dos principais desafios do futebol nos dias atuais é o combate a ações preconceituosas de torcedores nos estádios: Racismo, machimos, xenofobia e até mesmo agressões são atos cada vez mais “comuns” praticados por torcedores. No entanto, há 12 anos atrás, o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, realizou uma ação que inibiu o comportamento de “hooligans” (torcedores organizados) ligados ao clube que cometiam atos discriminatórios no estádio Santiago Bernabéu.
Cultura “ultra” na Europa e ligação da “Ultra Sur” a extrema-direita
Assim como no Brasil, por muitas vezes, torcidas organizadas estão ligadas a comportamentos violentos e atos de discriminação dentro e fora dos estádios. No Velho Continente esses grupos são chamados de “ultras” ou “hooligans”. Por muitas vezes, estes grupos de torcedores também estão associados a movimentos políticos e nem sempre apresentam comportamentos adequados ao ambiente do futebol.
Veja as fotos
Na década de 1980, surgiu a “Ultra Sur”, um grupo de torcedores organizados do Real Madrid, ligado a partidos de extrema-direita no país. A Espanha vivia uma era pós ditadura fascista liderada pelo general Francisco Franco. O regime, que durou entre 1939 e 1975, foi implementado após a Alemanha nazista intervir a favor de Franco para a tomada de poder e ter um forte aliado na região. A ditadura acabou durando 30 anos após o fim do regime nazista.
Após uma série de confrontos com o grupo separatista da região basca chamado ETA e a morte de Francisco Franco, a Espanha iniciou o processo para redemocratização, mas ainda manteve em sua sociedade fortes ligações com as ideologias eugenistas e preconceituosas do perído franquista.
A “Ultra Sur”, torcida organizada do Real Madrid, é um desses grupos extremistas que surgiram neste “vácuo”. Desde sua criação, não foram poucas as vezes que o grupo realizou episódios de preconceito no estádio e carregou imagens ligadas à xenofobia. A torcida possuía bandeiras que, inclusive, haviam a suástica nazista.
Problemas causados no estádio
Mais de 30 anos após sua fundação, mais especificamente em 2013, a “Ultra Sur” chegou ao ápice de seu histórico violento e preconceituoso. Durante uma partida entre Real Madrid e Real Sociedad no campeonato espanhol, os torcedores causaram cenas de barbárie e brigaram entre si nas arquibancadas do Santiago Bernabéu.
Já com o histórico violento e a briga causada, Florentino Pérez deu um “basta” e baniu o grupo e qualquer torcedor que esteja ligado a “Ultra Sur” de frequentar o estádio. Insatisfeitos, membros do grupo chegaram a vandalizar a mansão onde o presidente do Real Madrid morava e destruíram o túmulo de sua falecida esposa.
Mesmo com os graves ataques, Florentino não recuou, manteve o banimento e estabeleceu regras rígidas para torcedores organizados que quisessem frequentar o Bernabéu. O dirigente delimitou uma região do estádio específica para a torcida organizada do Real Madrid, que agora seria chamada de “Grada Fans”, a única autorizada pelo clube a atuar em seu nome.
Pérez obrigou também que a organizada não poderia aceitar nenhum torcedor que possuísse antecedentes criminais e todos aqueles interessados em integrar o grupo são obrigados a assinar um contrato com regras rígidas: Proibição de qualquer ato de violência, seja ela verbal ou física; proibição a qualquer ato de racismo, xenofobia ou homofobia; e a proibição de manifestar ou associar qualquer ideologia política ao clube.
Desde então, são raros os acontecimentos de casos ligados à preconceito e discriminação cometidos por torcedores do Real Madrid dentro ou fora dos estádios. Vale ressaltar que a Espanha é um dos países com maior incidência de atos de preconceito contra estrangeiros e negros na Europa dentro do universo do futebol nos últimos anos.
Vinícius Júnior, craque do Real Madrid, é um alvo constante de adversários do clube no país. Na última quarta-feira (12/3), a torcida do Atlético de Madrid chegou a chamar o brasileiro de “chimpanzé” antes de entrar em campo.
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