Do luxo ao isolamento: Tudo sobre o caso de Regina Gonçalves e sua luta por justiça
A história da socialite, marcada por luxo, controvérsias e disputas judiciais, começou a ganhar atenção quando ela acusou seu ex-motorista, José Marcos Chaves Ribeiro, de mantê-la em cárcere privado por 10 anos
Regina Gonçalves, de 88 anos, herdeira de uma fortuna bilionária, ressurgiu recentemente após uma década de suposto isolamento forçado. A história da socialite, marcada por luxo, controvérsias e disputas judiciais, começou a ganhar atenção quando ela acusou seu ex-motorista, José Marcos Chaves Ribeiro, de mantê-la em cárcere privado por 10 anos em seu apartamento no Edifício Chopin, um prédio de luxo no Rio de Janeiro, durante entrevista concedida ao programa Fantástico em 28 de abril deste ano. Confira um resumo de tudo que se sabe até o momento sobre o caso:
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Do luxo ao cárcere
Regina, viúva de Nestor Gonçalves, um grande empresário no ramo de cartas de baralho, viveu por décadas entre festas grandiosas e prestígio social. No entanto, sua rotina mudou drasticamente após contratar José Marcos como motorista em 2010. Ele ganhou a confiança da socialite, e, com o tempo, começou a administrar seus bens. Em 2014, alegando um relacionamento amoroso, ele registrou uma união estável em 2021, o que lhe conferiu direitos legais sobre o patrimônio de Regina
Segundo Regina, em entrevista ao Fantástico em abril de 2024, o vínculo romântico jamais existiu. Amigos e familiares da socialite contestam a união estável e dizem, sem apresentar provas, que ela era mantida sob efeito de medicamentos, que prejudicaram seu discernimento.
Durante esse período, ela teria perdido contato com amigos e familiares, comunicando-se apenas brevemente e sob supervisão do ex-motorista, conforme foi relatado por uma amiga da socialite, Célia Lima, em entrevista exclusiva ao portal LeoDias.
Cárcere privado e tentativa de fuga
Entre 2014 e 2024, Regina ficou confinada em seu apartamento. Ao portal LeoDias, Célia Lima, amiga da bilionária, revelou que Regina tentou escapar pelo menos duas vezes. Enquanto isso, vizinhos perceberam sua ausência e fizeram denúncias às autoridades, suspeitando que algo grave pudesse estar acontecendo
José Marcos negou as acusações e apresentou laudos que questionavam a capacidade mental de Regina. Ele também argumentou que as decisões patrimoniais feitas em seu nome foram consensuais
Tentativa de feminicídio
De acordo com o delegado Ângelo Lages, responsável pela investigação do caso, em dezembro de 2021 Regina teria sido golpeada na cabeça por José Marco, e precisou ser submetida a uma extensa cirurgia.
“Esse fato aconteceu no final de dezembro de 2021, segundo o relato da dona Regina, ele tinha chamado ela para ajudar a trocar uma cortina, o que é muito estranho uma senhora de 80 e tantos anos ir trocar uma cortina e ela foi atingida por uma barra de ferro trocando essa cortina. E o que chamou bastante a nossa atenção foi o fato dela ter sido socorrida no Méier, em um hospital no Méier, sendo que ela costumava ser atendida em hospitais de Copacabana”, contou o delegado em entrevista ao vivo no programa Encontro com Patrícia Poeta, na TV Globo, na quarta-feira (27/11).
“Ela foi submetida a uma extensa cirurgia lá no Méier, felizmente ela sobreviveu, mas ficou essa situação, ela tem graves lesões provocadas por conta dessa situação”, completou,
Resgate e batalha judicial
Em janeiro de 2024, Regina conseguiu fugir e buscou abrigo com um irmão com quem não falava há 17 anos, Benedicto Lemos.
Recuperada do isolamento, ela acusou José Marcos de apropriação indevida de seus bens, que incluem mansões, joias, e uma fortuna que estaria quase toda desaparecida. A polícia encontrou irregularidades na administração dos bens e a Justiça expediu um mandado de prisão de 20 anos contra José Marcos, que está atualmente foragido
A denúncia que levou à ação judicial foi fundamentada em uma investigação da 12ª DP (Copacabana), iniciada em novembro de 2022. Baseada em depoimentos, laudos médicos e boletins, a 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Violência Doméstica apresentou a acusação formal contra José Marcos, pedindo sua prisão preventiva.
Além do pedido de prisão preventiva, a 4ª Vara Criminal ordenou a desocupação da mansão localizada na Rua Capuri, em São Conrado, que vinha sendo administrada por José Marcos e supostamente alugada a terceiros. Também foram realizadas buscas na mansão e em apartamentos de Regina na Avenida Prefeito Mendes de Morais, no mesmo bairro.
A Justiça determinou ainda que José Marcos mantenha uma distância mínima de 500 metros da socialite e que cesse qualquer forma de contato. Ele também está proibido de frequentar a mansão e o Edifício Chopin, onde Regina residiu.
Operação Damas de Ouro
Na manhã desta terça-feira (27/11), a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado (MPRJ) deflagraram a Operação Damas de Ouro com o objetivo de prender José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista da socialite Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos. Regina é viúva do empresário Nestor Gonçalves, fundador da Copag, famosa marca de cartas de baralho.
José Marcos é acusado de crimes graves, incluindo tentativa de feminicídio, sequestro e cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado contra a socialite. Segundo a família, ele teria mantido Regina isolada em casa por 10 anos, privando-a de contato com parentes e amigos.
A Justiça do Rio de Janeiro emitiu um mandado de prisão preventiva de José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista da socialite Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos, com validade de 20 anos.
Dívidas milionária e contas bancárias zeradas
Ainda segundo o delegado Ângelo Lages, responsável pela investigação dos crimes cometidos pelo ex-motorista da viúva de Nestor Gonçalves, José Marcos Chaves Ribeiro. Após anos sob o controle do ex-motorista, Regina teve suas contas bancárias zeradas, além de dívidas milionárias acumuladas.
De acordo com o delegado, em entrevista ao programa Encontro desta quarta-feira (27/11), Regina enfrenta dificuldades financeiras severas, dependendo totalmente do irmão para sobreviver.
“Ela não tem qualquer dinheiro em espécie, as contas bancárias dela estão totalmente zeradas. Ela só tem patrimônios, inclusive os patrimônios dela estão repletos de dívidas: dívidas de IPTU, dívidas de condomínio, que são dívidas altas. Hoje quem está vivendo com ela e sustentando ela é o irmão dela. Se não fosse o irmão, ela não teria nem condições de sobreviver no dia a dia”, explicou Lages.
Segundo relatou João Chamarelli, empresário e amigo autorizado a falar pela família, Regina está com a conta zerada e os apartamentos podem ir a leilão caso ela não pague o que deve.
São dois imóveis no mesmo prédio. Cada apartamento deve dez meses de condomínio, o equivalente a R$ 47.268,44 cada um. Além disso, há ainda IPTU em atraso. Com a mensalidade de maio, de R$ 4.434,59, a dívida total passa dos R$ 100 mil, de acordo com o jornal O Globo.
Para não perder os imóveis no mesmo prédio onde mora Narcisa Tamborindeguy, ao lado do Copacabana Palace, a família tenta negociar a dívida.
Cofres arrombados
José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista da viúva do empresário Nestor Gonçalves, teria se apropriado de boa parte do patrimônio da viúva, que incluía joias valiosas, obras de arte e dinheiro – tanto o que ela tinha guardado em cofres de seu imóvel quanto o do banco -.
Durante a Operação Damas de Ouro, a polícia encontrou todos os cofres do apartamento de Regina arrombados.
“O José Marcos também foi denunciado nessa primeira fase pelo furto duplamente qualificado de todas as joias da dona Regina. Todos os cofres, quando a gente teve acesso ao apartamento do Chopin, estavam arrombados, e não havia mais nada dentro dos cofres. Tanto as joias quanto os dinheiros em espécie que tinham lá desapareceram”, explicou o delegado.
Obras de arte desaparecidas
Além das joias, Regina também perdeu grande parte de seu acervo de obras de arte, como relatado por ela mesma às autoridades.
“O apartamento dela e o imóvel do Camburi eram repletos de obras de arte, e quando ela retornou à posse desses imóveis, muita coisa tinha sumido. Inclusive isso ainda será contabilizado. Os valores que estavam nas contas bancárias dela foram zerados, são milhões de reais”, afirmou Lages.
Na mansão de São Conrado, a polícia encontrou o imóvel em estado de abandono, com apenas uma obra de arte restante, que foi apreendida e devolvida à dona Regina.
Investigação financeira
Ainda durante a entrevista, o delegado informou que a polícia está focada em rastrear as movimentações financeiras e patrimoniais realizadas por José Marcos e seus oito cúmplices.
“Nós tivemos acesso a extratos bancários dela, e a gente percebeu ali uma grande movimentação do dinheiro. Ela tinha bastante dinheiro na conta, mas o dinheiro foi saindo. Recentemente ela recebeu um valor expressivo, porém o dinheiro foi sendo pulverizado. Nesse novo inquérito, vamos seguir o rastro desse dinheiro para saber quem está envolvido em toda essa trama”, disse o delegado.
“Vamos atuar em conjunto com o COAF [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] para seguir o rastro do dinheiro. São milhões e milhões de reais, muitas obras de arte, muitas joias. Também pediremos a quebra do sigilo bancário e fiscal de todos os investigados para enxergar para onde esse dinheiro foi levado”, completou.
Foragido
O Disque Denúncia do Rio de Janeiro lançou, nesta quarta-feira (27/11), um cartaz solicitando informações sobre o paradeiro de José Marcos Chaves Ribeiro, 53 anos, que atualmente encontra-se foragido da Justiça.
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