Queda do 4º andar e reputação abalada: repórter da CNN busca justiça e revela crimes por trás de sua história
Izaías Godinho foi estimulado a pular de uma altura de 12 metros; fraturou os dois pés, teve fraturas no fêmur, fratura no quadril em livro aberto, passou 28 dias internado e três meses em cadeira de rodas
Quase oito meses após despencar do quarto andar de um prédio, cerca de 12 metros de altura, o jornalista e repórter Izaías Godinho, de 28 anos, busca justiça e reparo aos danos causados a sua saúde, reputação e carreira. Dispensado da CNN Brasil após os médicos autorizarem seu retorno ao trabalho, o profissional concedeu ao portal LeoDias sua primeira entrevista sobre o trágico episódio.
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Entre os detalhes, ele informou que uma denúncia contra seu agressor foi protocolada ao Ministério Público do Distrito Federal, tendo como base seu depoimento um dia após o ocorrido. Izaías foi extorquido e estimulado a pular do prédio após sofrer ameaças.
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“Fui vítima de uma gravíssima violência e, ao contrário do que foi veiculado nos portais de notícias, eu não dei uma ‘fugidinha’, eu estava no meu horário de intervalo, como todos os dias”, explicou ele, que naquele dia fez sua primeira entrada ao vivo às 6h no Novo Dia, jornalístico do canal de notícias, e depois voltou para casa buscar credenciais para fazer cobertura política diretamente do planalto.
“Eu tinha esquecido as minhas credenciais em casa, no apartamento que fica nas proximidades da empresa. E eu já ia voltar, mas quando cheguei no térreo, eu abri de forma despretensiosa o aplicativo [de relacionamento] e comecei a conversar com o que se identificou como Gustavo –porque ele tem outro nome–, e que posteriormente viria a ser o meu agressor”, disse Izaías, que questionou o rapaz se ele era garoto de programa. O fato aconteceu em maio deste ano.
“Ele respondeu que não. Eu segui em direção ao apartamento dele, que ficava nas imediações do prédio da CNN, porque daria tempo de eu ter a relação sexual e depois voltar para o trabalho, ou seja, até mesmo o meu deslocamento para a minha casa para buscar as credenciais foi sob permissão de quem estava coordenando os links, eu não fugi, como foi veiculado”, justificou-se.
Izaías diz que logo após a relação íntima, o rapaz o questionou se o pagamento seria em dinheiro ou PIX. No mesmo instante, começou a ameaçá-lo.
“Ali eu já me desesperei, pois foi num tom de voz muito agressivo. Ele falou que se eu não transferisse R$ 500 reais para ele naquele momento, ele iria me encher de porrada e pedir para que outros três homens que viviam no mesmo prédio para me agredir fisicamente”, contou o jornalista.
Assustado, Izaías abriu o aplicativo do banco para ver se tinha a quantia na conta. “Era fim de mês, eu estava sem esse dinheiro”, disse ele em conversa com o portal. Em seguida, correu para a porta do apartamento, mas estava trancada com fechadura de senha. O rapaz se recusou a abrir.
“Eu pensei de forma muito rápida, e até irracional, bastante irracional, de escapar pelo terceiro andar. Me pendurei no quarto andar, e ele perguntou de forma muito fria: ‘Você vai pular?’. E eu falei: ‘Vou'”. Ele disse “então tá bom”.
Izaías apoiou os pés do terceiro andar, mas o peso do corpo o fez despencar no chão. O jornalista fraturou os dois pés, teve fraturas no fêmur, fratura no quadril em livro aberto, passou 28 dias internado, três meses em cadeira de rodas. Durante todo o período, claro, ficou afastado de suas atividades na CNN Brasil, recebendo seu salário integral e respaldado pelo plano de saúde.
“A empresa deu a assistência que ela pôde me dar. Me amparou até mesmo com palavras de apoio, os diretores sempre presentes perguntando como estava o meu estado, mas quando tiveram acesso ao laudo médico que me autorizava retorno às atividades, eles disseram que não podiam continuar comigo porque precisaram contratar outro jornalista para o meu lugar, no período do meu afastamento. Mas acredito que a forma irresponsável como noticiado e tratado por muitos portais prejudicou a minha carreira sim”, admite.
“Ele me agrediu verbalmente, agrediu a minha integridade como ser humano. Foi bastante difícil lidar depois com os traumas que isso deixou. Em meio às ameaças de agressão física ele também desferia bastante xingamentos contra mim. Foi bem complicado lidar com essa situação, e por conta do que está acontecendo, ele está respondendo judicialmente por alguns crimes”.
Para ele, a maneira como a imprensa noticiou o caso prejudicou sua imagem, reputação e carreira. “Eu não trai ninguém, no momento em questão eu estava com o meu namorado, estou com ele até hoje, mas estávamos, naquele instante, com o relacionamento aberto. O relacionamento aberto é um tabu até mesmo dentro da comunidade LGBT. Eu tinha um acordo com meu namorado em relação a isso”, explicou Izaías.
Em sua mais recente tentativa de recolocação no mercado de trabalho, o jornalista disse que uma empresa se recusou a ouvi-lo após tomar conhecimento sobre o episódio que quase tirou a sua vida. “Não quiseram nem me entrevistar […] Foi bem difícil toda essa repercussão negativa, trouxe marcas para a minha carreira.”
A saúde de Izaías não está 100% estabilizada. Ele ainda sente dores quando caminha, mas afirma que seus maiores danos foram morais.
“Eu desenvolvi um quadro de depressão e estou buscado acompanhamento terapêutico. Perdi 14gk em todo esse processo, preciso voltar para a fisioterapia. Preciso me reerguer”, disse ele, que veio da periferia do Amazonas para estudar e construir carreira em Brasília. “Fui enfrentar o mundo com muita coragem e responsabilidade, agora ver a minha carreira indo por água abaixo por esse fato”, lamentou.
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