General pede desculpas a Moraes, nega plano golpista mas admite contato com minuta suspeita
Durante interrogatório no STF, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira elogiou Alexandre de Moraes e contradisse outros militares sobre tentativa de golpe

O general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira (10/6) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que nunca articulou qualquer plano de ruptura institucional e não teve participação ativa na elaboração de documentos com propostas golpistas. Ele também negou que tenha sugerido fraudes nas urnas eletrônicas e pediu desculpas públicas ao ministro Alexandre de Moraes pelas declarações ofensivas feitas anteriormente contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante seu interrogatório, Nogueira reconheceu que usou termos “mal colocados” ao se referir à Justiça Eleitoral em uma reunião ministerial realizada em dezembro de 2022. “Quero me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia. Na verdade, foram palavras mal colocadas. Chamar o TSE de inimigo, jamais, em tempo algum”, justificou.
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O general surpreendeu ao elogiar diretamente a atuação de Moraes à frente do TSE, afirmando que sua gestão facilitou a implementação de medidas de segurança no processo eleitoral, como o teste de integridade com biometria. Segundo Nogueira, houve colaboração entre o Ministério da Defesa e a Corte eleitoral, e não confronto.
Mas o depoimento também trouxe outras contradições. Nogueira negou que tivesse tratado diretamente com o então comandante da Marinha, Almir Garnier, sobre o relatório técnico das Forças Armadas que analisou o sistema eletrônico de votação. A versão diverge do próprio Garnier, que afirmou o contrário em depoimento anterior.
Ao ser questionado sobre a minuta golpista intitulada “Bolsonaro Min Defesa 6-11 semifinal.docx”, o ex-ministro negou ter recebido ou lido o documento formalmente, embora tenha admitido ter tomado conhecimento dele de forma indireta. “Eu concluí que era um texto encaminhado a Braga Netto e supostamente endereçado a mim”, afirmou. Mesmo assim, Nogueira admitiu que, em uma reunião com Bolsonaro em 7 de dezembro, viu uma espécie de apresentação com “considerandos”, mas não considerou aquilo um plano formal de golpe.
Outro ponto abordado foi o encontro com o hacker Walter Delgatti Neto. Nogueira confirmou que recebeu o contato por ordem de Bolsonaro, mas minimizou o episódio, dizendo que Delgatti ficou apenas na sala de espera por cerca de 15 minutos e que não houve reunião formal.
Em relação à proximidade com o então presidente Bolsonaro nos últimos dias do governo, Nogueira disse que manteve contato constante por preocupação com o estado emocional do chefe do Executivo. Segundo ele, chegou a sugerir que os comandantes das três Forças visitassem Bolsonaro para demonstrar apoio, pois o ex-presidente estaria “deprimido”.
Em um momento inusitado da audiência, Nogueira chamou Moraes de “comandante” e se corrigiu em seguida, arrancando risos do plenário. O ministro respondeu com bom humor: “Nas redes sociais, já recebi elogios piores”.
O ex-ministro tentou se distanciar das acusações feitas por outros integrantes das Forças Armadas, como Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, que o acusou de apresentar propostas de decretação de estado de sítio.
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