Especialista explica o que é a intersexualidade, tema abordado em Renascer
Ao portal LeoDias, Saulo Ciasca explica a intersexualidade e alerta sobre os riscos de cirurgias precoces em recém-nascidos
A nova versão de Renascer trouxe à tona a discussão sobre intersexualidade, um tema que despertou grande curiosidade na versão original da novela em 1993. Desta vez, a abordagem é diferente, com o personagem filho de Teca (Livia Silva) sendo retratado como um bebê intersexo. Para esclarecer o tema, o psiquiatra especializado em sexualidade, Saulo Ciasca, conversou com o portal LeoDias e deu detalhes das nuances da condição e das recomendações médicas e éticas envolvidas.
“Intersexo se refere a uma identidade para pessoas que nasceram com alguma diferença no desenvolvimento do sexo biológico. Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, na espécie humana temos pelo menos três sexos: pessoas do sexo feminino, pessoas do sexo masculino e pessoas intersexo”, explicou Saulo Ciasca.
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O profissional destacou que o termo “hermafrodita” está em desuso devido à sua conotação pejorativa, sendo substituído por “intersexo” para evitar estigmatização. Ele esclareceu ainda que não há ligação com transexualidade, como alguns confundem.
Transexualidade
“Transexualidade não tem relação com intersexualidade, são condições diferentes. Enquanto na pessoa intersexo temos uma pessoa que tem alguma diferença no desenvolvimento do sexo, pessoas transexuais são pessoas que não se identificam com o gênero designado ao nascimento”, esclareceu o psiquiatra.
Cirurgia
Na novela, após o nascimento do bebê de Teca, o personagem Augusto (Renan Monteiro) identifica a genitália ambígua do recém-nascido e explica que se trata de um bebê intersexo. O casal buscará a orientação de um médico especialista, que sugerirá a definição do sexo da criança e a realização de uma cirurgia o mais rápido possível. No entanto, Buba (Gabriela Medeiros) se oporá à intervenção precoce, defendendo o direito da criança de decidir sobre seu próprio corpo no futuro.
Saulo Ciasca ressaltou a importância de evitar cirurgias genitais precoces, que muitas vezes são realizadas sob a pressão da ansiedade dos pais e profissionais de saúde. “Temos observado inúmeros problemas com essas cirurgias, pois há diversos relatos de pessoas que sofrem cirurgias sem terem o direito de decidir por elas. As cirurgias muitas vezes são mutiladoras, com redução da capacidade de prazer e de fertilidade, além de desrespeitarem a autodeterminação da pessoa a respeito ao próprio corpo”, afirmou.
O especialista recomendou que, na ocasião do nascimento de um bebê intersexo, seja realizada uma investigação médica detalhada para identificar as causas das diferenças no desenvolvimento do sexo biológico. Ele citou a hiperplasia adrenal congênita como uma das causas comuns, que pode levar a problemas graves se não tratada adequadamente.
Ciasca também mencionou o movimento intersexo, como a ABRAI, que defende a proibição de cirurgias em recém-nascidos com finalidades estéticas. Desde 2018, é possível registrar na Certidão de Nascido Vivo (CNV) o sexo como “ignorado”, resolvendo problemas de registro para pessoas intersexo ao nascimento.
“Quando nasce um bebê intersexo, é comum que a família fique angustiada, desnorteada, com medo da criança sofrer preconceito e estigma. Por conta disso, recomenda-se aguardar a decisão cirúrgica e envolver a pessoa nessa decisão quando ela tiver maturidade e autonomia para tal”, concluiu Saulo Ciasca, reforçando a necessidade de respeitar os direitos e a autonomia das pessoas intersexo.
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