Março Amarelo: Médica explica diagnóstico e prevenção contra a endometriose
Só no Brasil, estima-se que 1 a cada 10 sofram com os sintomas
Neste mês acontece a campanha Março Amarelo de conscientização sobre a prevenção da endometriose. Só no Brasil, estima-se que 1 a cada 10 sofram com os sintomas, segundo dados do Ministério da Saúde. Pensando nisto, o portal LeoDias conversou com uma médica para explicar o que é a doença, tratamento e prevenção. Famosas como Patrícia Poeta, Larissa Manoela, Tatá Werneck e Wanessa Camargo já relataram que receberam o diagnóstico.
A Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica que a endometriose piora conforme o tempo passa, aumentando a área de proliferação e atingindo outros órgãos. Além das cólicas menstruais, mulheres podem ter a função de órgãos como intestino, trompas e ovários prejudicada pela doença.
A médica explica que mulheres de qualquer idade podem desenvolver a doença. “Mulheres de qualquer idade que têm cólicas menstruais precisam ficar atentas: esse é o sintoma mais comum da endometriose, uma doença inflamatória que acomete uma em cada dez mulheres em idade fértil no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (MS)”.
O diagnóstico da doença precisa ser feito o quanto antes. “A endometriose pode começar pequena, em apenas um órgão, como intestino, trompas, ovário ou no próprio útero (chamada de adenomiose). Mas, sem tratamento, os focos podem aumentar de tamanho e em áreas atingidas”, alerta.
A médica afirma, ainda, que a endometriose não causa só dores incapacitantes, mas pode interferir no funcionamento dos órgãos que atinge, trazendo danos temporários ou permanentes a eles. “Uma endometriose importante no intestino pode bloqueá-lo, necessitando de cirurgia de remoção de parte do órgão. Nas trompas, bem como nos ovários, pode causar infertilidade. E há casos raros, bem mais graves, que atingem pulmões, cérebro e até coração, então, é preciso diagnosticar a doença cedo e iniciar o tratamento”, explica.
Além disso, a Dra. diz que a paciente com endometriose precisa ser tratada individualmente, porque essa doença nunca é igual, de uma mulher para a outra. “Por isso, cada uma precisa de um tratamento diferente, mas todas necessitam de mudança de estilo de vida”, cita.
O que é a endometriose?
A endometriose acontece quando a camada de tecido que reveste internamente o útero, o endométrio, ao se desprender (descamar), na menstruação, em vez de sair pela vagina, no formado de fluxo menstrual, por algum mecanismo não identificado completamente pela ciência, escapa para a cavidade abdominal. É a chamada menstruação retrógrada. “Quando algumas dessas células do endométrio migram para a cavidade abdominal, elas atingem outros órgãos, como as trompas, ovários, intestino e bexiga, por exemplo, fixando-se nestes órgãos. As células do endométrio descamam a cada menstruação, então, estejam elas onde estiverem, elas sangrarão a cada menstruação. É por isso que mulheres com endometriose na bexiga ou no intestino podem apresentar sangue na urina ou nas fezes, na menstruação, por exemplo”.
A endometriose também pode atingir outros órgãos. Quando ela se encontra no músculo do útero, o miométrio, é chamada de adenomiose, e pode causar sangramento menstrual intenso e cólicas. Se, em casos raros, as células forem enviadas pela corrente sanguínea para órgãos distantes, como coração, cérebro e pulmões, pode haver complicações ainda mais severas. “No cérebro, ao sangrar, as células da endometriose podem causar um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo”.
O tratamento da endometriose
A Dra. Mariana comenta que a endometriose pode ser diagnosticada em exame clínico, após uma boa conversa com a paciente. Depois, exames de imagem e de marcadores específicos são solicitados, para saber o tamanho do foco da doença. “Em casos graves, apenas a videolaparoscopia consegue determinar a extensão da doença”.
O tratamento é realizado de forma que a paciente evite, ao máximo, a cirurgia. Atualmente, existem drogas antiestrogênicas para combater o problema, que trazem excelente resultado para dor e lesão. “Essa doença depende do hormônio estrógeno para se manifestar, então, os implantes hormonais bioidênticos antiestrogênicos são excelentes neste tratamento”, ressalta.
Paralelamente, é imprescindível que seja adotada uma dieta sem glúten e sem lactose por um período, para desinflamar o organismo. “A prática de atividade física regular, a meditação e o tratamento psicológico, sempre que possível, completam o pacote, porque não adianta tratarmos o corpo, se a alma está doente”, explica a especialista.
A endometriose também está ligada a problemas de fertilização porque a doença produz algumas citotoxinas endometriais que dificultam a implantação do embrião, devido a esse endométrio não ser normal. A infertilidade atinge cerca de 40% das brasileiras com essa doença. Portanto, é necessário que se trate a endometriose o quanto antes, quando a mulher quer engravidar.
A endometriose não é um câncer, mas se estuda a ligação da doença como precursora de casos de câncer de ovário. “Estudos, ainda inconclusivos, apontaram que pacientes que desenvolvem câncer de ovário teriam sofrido de endometriose. Mas, ainda é cedo para poder afirmar a relação entre as doenças. A endometriose não é um tumor, mas, como sou mastologista e estudo o câncer, percebo que ela se assemelha ao câncer na invasão de órgãos, sem causar metástase. A endometriose é uma doença séria, que precisa de atenção e tratamento. Não se deve negligenciá-la”, finaliza a médica.
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