Tio Paulo: empréstimo iria para reforma de quarto improvisado do idoso, diz família
Paulo estava dormindo na garagem da casa
No último domingo (21/4) o programa Fantástico da TV Globo exibiu um vídeo do quarto improvisado, sem cerâmica, reboco e janela, onde morava Paulo Roberto Braga, de 68 anos. Ele teve o corpo levado pela sobrinha, Erika de Souza Vieira Nunes, para assinar papéis de um empréstimo de R$ 17 mil em uma agência do Itaú, em Bangu, no Rio de Janeiro, na semana passada. Segundo os familiares ouvidos pelo dominical, o valor seria destinado a reforma do cômodo, que na verdade era uma garagem.
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A gravação mostrou um quarto muito humilde, apenas com uma cama, um vaso sanitário solto e uma mesa de plástico. De acordo com a família, o idoso dormia no quarto do andar de cima da casa, mas nos últimos dias de vida ficou na garagem para não precisar subir escadas.
O saque dos R$ 17 mil seria para reformar o quarto improvisado. Segundo a família, em um documento exibido, o dinheiro foi solicitado em nome de Paulo no dia 25 de março e seria descontado todo mês do benefício que ele recebia.
Família defende Erika
O filho de Erika, Lucas Nunes dos Santos defendeu a mãe: “Minha mãe criou seis filhos, nunca precisou roubar, enganar ninguém para criar os seis filhos dela. Nossa vida é muito bem encaminhada, e a nossa mãe sempre foi nossa maior inspiração”.
A família mostrou laudos médicos em que a mulher foi diagnosticada com depressão e como dependente de remédio. Dois especialistas sobre o assunto orientaram que a sobrinha de Paulo fosse internada.
Uma tia de Erika e Paulo afirmou que ele não deixou nenhum herdeiro e que a mulher era a parente que mais se preocupava com o tio Paulo, como ficou conhecido: “A Erika, por não ter vínculo empregatício, ela é quem mais protegia ele. “/Tio, já almoçou? Quer alguma coisa?”/. Era isso”.
Novas gravações
A atração da emissora teve acesso a novas imagens que mostram momentos antes do atendimento na agência. Sentada aguardando atendimento, a mulher segurava a cabeça do tio com uma mão, depois retirou para mexer na bolsa, fazendo com que ele ficasse com o membro no apoio da cadeira de rodas.
Em seguida, ela conversa com uma funcionária do banco e vai até o banheiro, onde ficou por cerca de seis minutos. Durante esse tempo, a colaboradora sustentou a cabeça do idoso. Depois do atendimento sem sucesso, os dois foram encaminhados para uma sala reservada, onde Paulo recebeu massagem cardíaca para tentar reanimar. “Eu falava: “/O senhor tá me ouvindo?”/. Nada, não tinha reação. É um sentimento de impotência. Mesmo fazendo tudo aquilo que estava ao meu alcance. Tudo o que eu quero é esquecer”, disse a funcionária ao programa.
Corpo enterrado
Paulo foi enterrado no fim da manhã do último sábado (20/4) no cemitério de Campo Grande, no Rio. A polícia aguarda a perícia informar quando ele morreu, porque a necropsia não determinou se ele faleceu antes de chegar a agência ou no local.
O idoso veio a óbito em decorrência da falência cardíaca por doença isquêmica prévia. Antes foi diagnosticado com “pneumonia não especificada” necessitando de oxigênio e ficou internado de 8 a 15 de abril na UPA de Bangu. A investigação está apurando se ele morreu por ter sido submetido a esforços físicos quando deveria estar repousando, de acordo com a Justiça.
“Conforme informações, o idoso havia recebido alta de internação por pneumonia na véspera, com descrição de “/estado caquético”/ no laudo de necropsia”, afirma decisão da Justiça, que converteu a prisão de Erika em flagrante para preventiva em audiência de custódia na última quinta-feira (18/4). Os advogados da mulher pedem revogação da prisão preventiva.
“Ela [Erika] atende os requisitos legais para responder o processo em liberdade. Não há chance de possível cometimento de crime caso ela seja solta”, declarou a advogada Ana Carla de Souza.
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