Com própria estatueta do “Oscar”, Povo Yanomami dedica prêmio ao Salgueiro
Omama é o nome da honraria que a escola de samba do Rio ganhou pelo enredo do Carnaval de 2024, em homenagem aos indígenas
O samba-enredo no qual o Salgueiro vai homenagear e celebrar o Povo Yanomami no Carnaval do Rio em 2024 já foi premiado, muito antes da Quarta-feira de Cinzas, com um troféu concedido pelos próprios indígenas. Trata-se da estatueta Omama, confeccionada pelos nativos e entregue a cada um dos oito compositores da obra que irá embalar o desfile na Sapucaí em fevereiro. A honraria é comparável, para os representantes da etnia, ao Oscar de Hollywood. O enredo se chama “Hutukara” e é uma criação do carnavalesco Edson Pereira.
O grupo premiado pelos Yanomamis é formado pelos poetas Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Renato Galante, Leonardo Gallo, Ramon Via13, Ralfe Ribeiro, Dudu Nobre e Arlindinho Cruz, os dois últimos conhecidos do público para além da atuação na folia carioca. O refrão escrito por eles diz: “Meu Salgueiro é a flecha / Pelo povo da floresta / Pois a chance que nos resta / É um Brasil cocar!”. Ao longo da letra, há uma menção ao assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillipes, no Vale do Javari, em 2022, num episódio ligado à causa indígena.
Marcelo Motta compartilhou nas redes sociais um registro da premiação, elaborada pela Urihi, associação Yanomami, e pela DM9, agência publicitária. O músico escreveu: “O símbolo dessa vitória que carrega consigo toda a energia e a representatividade de um povo que aprendi a amar ainda mais graças a este magnífico enredo. Uma honra ser um dos compositores da trilha sonora que dará voz aos Yanomami, não só no Carnaval 2024, mas por todo o Brasil e mundo, tenho certeza”.
Feita de cerâmica, a estatueta é uma alternativa à do Oscar, que é de ouro. O mineral é extraído ilegalmente das terras Yanomami, o que prejudica a biodiversidade delas, polui os rios com mercúrio e agrava a crise humanitária que esses indígenas atravessam desde o início do ano. O troféu retrata um guerreiro da etnia e, além dos compositores salgueirenses, também foi dedicado a artistas do cinema indicados ao Oscar americano. A assinatura é do artista plástico Felipe Corcione.
Em 2024, o Salgueiro será a terceira escola a desfilar em 11 de fevereiro, o Domingo de Carnaval.
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