Opinião: Por que tantas mulheres se calaram sobre Cauã Reymond — até agora?
O ator é, há anos, um dos nomes mais blindados da Globo, um dos poucos com contrato de exclusividade e que entrega o que o canal quer: profissionalismo técnico, apelo publicitário, audiência e carisma
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As reclamações recentes de Bella Campos sobre o comportamento de Cauã Reymond nos bastidores de “Vale Tudo” abriram uma ferida antiga — e expuseram uma pergunta incômoda que circula agora nas redes e nos bastidores: por que tantas mulheres que já trabalharam com o ator nunca falaram abertamente sobre os episódios de desrespeito, abuso de postura e comportamentos inadequados?
A resposta é complexa, mas passa, essencialmente, por duas palavras: poder e proteção.
Cauã Reymond é, há anos, um dos nomes mais blindados da Globo. Um dos poucos atores com contrato de exclusividade, ele entrega o que o canal quer: profissionalismo técnico, apelo publicitário, audiência e carisma. É o galã perfeito no vídeo e o funcionário que não dá entrevista fora de hora, não arruma escândalo público e tem bom trânsito com a alta direção da emissora. Internamente, é visto como confiável. Mas só pela cúpula.
Entre colegas, principalmente mulheres, a história é outra. Reclamações sobre sua conduta em cena — tapas fortes demais, piadas constrangedoras, falas invasivas — já circulam há muito tempo. Mas quase nunca chegaram à superfície. Quando chegaram, foram rapidamente abafadas.
Em 2018, por exemplo, o jornal “Extra” — que pertence ao grupo Globo — chegou a publicar uma nota sobre um desentendimento envolvendo Cauã e uma atriz comprometida. Na ocasião, o jornal publicou que a moça estava aliviada de ele ter sido tirado de “O Sétimo Guardião” para fazer “Ilha de Ferro” por causa do comportamento dele nos bastidores de uma campanha publicitária. O resultado? A matéria foi retirada do ar e a colunista (esta que vos escreve) foi obrigada a pedir desculpas públicas. Ordem de cima. E esse é só um exemplo.
Durante anos, a Globo controlou rigidamente a imagem de seus contratados. Poucos veículos fora do grupo tinham acesso a bastidores, e nenhuma publicação dentro do grupo dava algo que pudesse manchar a reputação de quem estivesse no ar. O caso com Isis Valverde, por exemplo, durante “Amores Roubados”, virou novela pública em que Isis saiu como vilã — enquanto o que se ouvia nos bastidores era bem diferente.
Além disso, desde a extinção da Diretoria de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico, em 2020, com a saída de Mônica Albuquerque, as atrizes ficaram sem um canal interno de acolhimento e escuta real. A Globo hoje tem uma diretoria majoritariamente masculina — e, como muitas fontes descrevem, reclamações feitas por mulheres são vistas como “drama”, “mimimi”, “sensibilidade demais”.
É nesse cenário que entra Bella Campos. Ao se recusar a aliviar a barra do colega e fazer um desmentido público sobre tudo que veio à tona, ela rompeu com o padrão de silêncio. E está pagando o preço por isso. Nos bastidores, há quem diga que ela pode ficar sem oportunidades futuras na casa. Afinal, quem desafia a lógica do “faz que não viu” costuma ser descartado.
Mas também há um outro movimento. Após a repercussão do caso, ex-parceiras de cena de Cauã postaram indiretas nas redes sociais — sinais de que a blindagem pode estar começando a rachar. E que talvez Bella não esteja tão sozinha quanto parece.
A pergunta que fica é: Bella será lembrada como quem causou problemas, ou como quem finalmente falou o que todas queriam dizer? Se for a segunda opção, talvez o silêncio não dure mais tanto tempo.
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