Argentino preso por racismo contra Grafite será auxiliar técnico do Grêmio
O ex-zagueiro Leandro Desábato se envolveu em um caso de racismo contra Grafite, na época atacante do São Paulo
Com a saída de Renato Gaúcho, o Grêmio foi atrás de um novo comandante e o argentino naturalizado boliviano, Gustavo Quinteros, foi anunciado como novo treinador do Imortal. Entre os membros da comissão técnica que virão com o novo técnico, está o argentino Leandro Desábato, ex-zagueiro que chegou a ser preso no Brasil por insultos racistas a Grafite, na época jogador do São Paulo e hoje comentarista do Grupo Globo.
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O episódio aconteceu no confronto entre São Paulo e Quilmes, pela Libertadores de 2005, no estádio Morumbi. Em um lance na lateral do campo, Grafite foi provocado por Arano, jogador do time argentino, foi quando Desábato surgiu e começou a insultar o brasileiro com xingamentos racistas: “negrito”, macaquito” (negrinho e macaquinho, na tradução para o português) são algumas das ofensas gravadas pela câmera.
Grafite se irritou e acertou um tapa no rosto do zagueiro, sendo expulso junto a Arano. Na ocasião, Desábato não chegou a ser expulso e completou a partida vencida pelo tricolor paulista por 3 a 1, mas no apito final o delegado Oswaldo Nico Gonçalves entrou em campo e deu voz de prisão ao argentino, que ficou por 43 horas detido em São Paulo, saindo apenas após pagar uma fiança no valor de R$ 10 mil.
Segundo Grafite, o Desábato o chamou de “negro de merda”, história confirmada pelo ex-zagueiro do São Paulo, Fabão: “Ele estava chamando de macaco, de negrito. Ele está bastante triste porque foi expulso e pelo que aconteceu, de ser chamado de macaco”, disse o então defensor, em entrevista pós-jogo à Globo.
“Vi aquela cena, em que ele chamou o Grafite de macaco. Aí eu consultei os meus superiores hierárquicos e falei: ‘o que ele cometeu é crime’. Não é porque ele está nas quatro linhas que ele pode cometer crime e ficar impune. Foi o primeiro caso de racismo aqui no Brasil em que se tomaram providências. Nunca ninguém tinha tomado”, disse o delegado Oswaldo Nico, em entrevista ao UOL, no ano de 2015, dez anos após o episódio.
Em outubro de 2005, seis meses após o ocorrido, Grafite retirou a queixa de racismo e o caso foi encerrado. Quatro anos depois, em entrevista à Folha de S. Paulo, ele afirmou que a abertura do inquérito foi um erro, pois segundo o ex-jogador “virou mais um espetáculo do que um caso”.
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Desábato e Quinteros
Leandro Desábato e Gustavo Quinteros têm uma relação que vai além da parceria profissional. O ex-jogador é primo do treinador e será assistente técnico do Grêmio. A comissão do clube gaúcho terá ainda os auxiliares Maximiliano Quezada e Rodrigo Quinteros e o preparador físico Hugo Roldán.
Depois daquele caso em abril de 2005, Desábato seguiu no Quilmes, por empréstimo do Estudiantes de La Plata, outro time argentino. Em 2007 ele voltou ao clube de origem e permaneceu por lá nos 11 anos seguintes, encerrando a carreira com conquistas como a Libertadores de 2009. Entre os anos de 2011 e 2012, chegou a ser convocado para a seleção argentina.
Ao final da carreira de jogador, iniciou sua carreira como técnico em 2020, ainda como funcionário do Estudiantes. No ano passado, chegou a comandar o Almagro, clube da segunda divisão argentina, mas no ano de 2024, se tornou membro da comissão técnica de Quinteros.
Desábato trabalhou ao lado do primo no Vélez Sarsfield, alcançando o título da primeira divisão do Campeonato Argentino. Agora, com o contrato assinado entre Quinteros e o Grêmio, a parceria irá continuar.
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