Ex-presidente do Vitória admite fraude em exame antidoping e propina para desembargador
Paulo Carneiro é conhecido por ser polêmico e admitiu crimes quando estava no comando do Vitória (BA)
O ex-presidente do Vitória, Paulo Carneiro, admitiu crimes no podcast “Zona Mista”, na noite da última terça-feira (25/6). Segundo o dirigente, ele fraudou o exame antidoping de um atleta ao trocar urina e ainda assumiu ter repassado propina para um desembargador em processo contra a Globo e a CBF.
Carneiro falou que trocou a urina de Matuzalém, que atuou pelo Vitória entre os anos de 1997 e 1998, porque “ele era maconheiro” e seria pego no exame antidoping.
O dirigente falava de um episódio ocorrido em uma churrascaria ao lado da concentração do clube baiano na época, quando os jogadores Preto Casagrande, Allann Delon e Matuzalém supostamente arrumaram problemas:
“Terminou a temporada, eu estava em casa. Tinha a concentração do lado da churrascaria Boi Preto. Aí o porteiro me ligou dizendo que Preto [Casagrande], Allann Delon, Matuzalém entraram de madrugada lá, pularam o muro, bateram no cara. Aí eu peguei o carro e fui lá. Quando cheguei, na portaria, o primeiro que achei foi o Preto. Bateu no sofá e caiu sentado. Covarde da p****. Aí eu queria pegar a Matuzalém. Aí subi a escada atrás de Matuzalém. Troquei até urina para salvar o doping dele, que ele era maconheiro”, contou.
Ao ver que tinha admitido o crime de fraude, Carneiro pediu para não gravar, porém responderam a ele que era ao vivo. O vídeo foi retirado do canal “Zona Mista”, porém os cortes viralizaram na internet.
Paulo Carneiro também confessou ter fraudado exames antidoping de Matuzalém:
“Eu já troquei até urina para salvar o doping dele porque ele era maconheiro!”
🗞️ | 🎥 Zona Mista
— Jornal dos Sports (@JornalDosSports) June 26, 2024
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Propina para desembargador
Carneiro estava mesmo com a língua solta e além de admitir a fraude, também falou sobre outro episódio em que “comprou” um desembargador por R$ 600 mil para lhe favorecer em um processo contra a CBF e a Globo.
“Fizemos o campeonato que a gente ganhou até do Fluminense de 6, em 2003. Aí nós fizemos, entrei com ação contra a CBF e contra a Globo. Peguei um advogado no Rio, meu amigo, Pedro Paulo Magalhães, e eu comprei um desembargador no Rio por R$ 600 mil”, disse.
Ao ser avisado que estava ao vivo, Carneiro esbravejou “tira essa p#rra”.
E isso nem foi o mais pesado.
Ele disse que comprou um desembargador por R$600 mil numa ação contra a Globo/CBF em 2003. De novo, foi advertido que estava ao vivo hahaha pic.twitter.com/5Cv5KqnJdh— Jéferfon Menezes (@JefinhoMenes) June 26, 2024
Envolvidos se pronunciam
Paulo Carneiro decidiu não se pronunciar sobre o assunto até o momento. O dirigente foi presidente do Vitória por duas vezes, a primeira entre 1991 e 2005, a segunda quando foi eleito em 2019 e deposto em 2022, após parecer da Comissão de Ética sobre possíveis infrações.
Citados por Carneiro, os ex-jogadores Preto Casagrande e Allann Delon negaram o episódio. Matuzálem não se pronunciou.
Preto chegou a falar que o ex-dirigente “é mal visto em todos os lugares que vai”, “deve a todo mundo” e sente “pena” dele.
“Dele ter me empurrado foi mentira. Nunca existiu. (…) O sentimento que eu tenho é de pena. Está vivendo um momento muito triste da vida dele por tudo que passou. Cara hoje que é mal visto em todos os lugares que vai. Ele deve ter chateação comigo que eu não sei o que é. Uma vez eu disse que quando ele me vendeu não pagou e teria cantado minha ex-mulher. Ele entrou com ação contra mim pedindo danos morais. E uma hora antes ele retirou a ação porque tinha gente que ele devia querendo dinheiro se ele ganhasse. Cara que deve a todo mundo. E na própria entrevista, quando ele diz que comprou desembargador e mijou no lugar de outro cara você analisa”, afirmou Preto.
O Tribunal de Justiça do Rio informou que com a falta de informações sobre o nome do desembargador que teria recebido a propina e sem o número do processo, não é possível ir adiante em uma possível investigação.
Já o canal “Zona Mista” soltou uma nota informando sobre a suspensão momentânea do vídeo, mas que ele voltará a ficar no ar com “as devidas solicitações de cortes”. Segundo os responsáveis, os convidados “ficam cientes e de acordo com a linha editorial do programa e suas condições de exibição”.
Veja a nota completa:
O Zona Mista vem a público se manifestar, em nota espontânea e não formal, a respeito da suspensão, momentânea, do episódio de número 10 (dez) com o Sr. Paulo Carneiro, na última terça-feira, 25 de junho de 2024.
O Zona Mista vem a público se manifestar, em nota espontânea e não formal, a respeito da suspensão, momentânea, do episódio de número 10 (dez) com o Sr. Paulo Carneiro, na última terça-feira, 25 de junho de 2024.
Reafirmamos o compromisso que a Zona Mista e seus integrantes têm de promover e preservar o respeito mútuo com sua audiência e convidados (as).
É importante esclarecer que TODOS os episódios são previamente agendados e os (as) participantes ficam cientes e de acordo com a linha editorial do programa e suas condições de exibição. Sendo assim, assumem os termos e riscos que suas condutas podem resultar.
Nos comprometemos a preservar o bem-estar, a imagem e os direitos de cada convidado (a), atendendo, sempre que possível, solicitações de forma cordial. Isso, independentemente de quem for o (a) convidado (a). Mesmo que o direito nos reserve a exibir todo e qualquer material produzido pela Zona Mista.
O episódio estará disponível, com as devidas solicitações de cortes, mantendo o princípio da cordialidade com seus(as) convidados(as).
Entendemos que, acima de qualquer número, repercussão ou engajamento, devemos manter o respeito ao convidado(a) e à nossa audiência. Talvez não seja a solução que melhor agrade a todos, inclusive a nós, mas é a mais justa.
Pedimos desculpas e contamos com a compreensão de todos(as).
Atenciosamente, Zona Mista
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