Fotógrafo atingido por bomba revela momentos de tensão na Arena MRV: “Assustador”
Nuremberg José Maria deu entrevista ao UOL e revelou os bastidores da confusão que o deixou com ferimentos no pé
A final da Copa do Brasil de 2024 coroou o pentacampeonato do Flamengo, mas também ficou manchada pela confusão na Arena MRV, protagonizada por parte dos torcedores do Atlético-MG. Nuremberg José Maria, fotógrafo que trabalhava na partida e foi atingido por uma bomba, revelou os momentos de tensão vividos no estádio.
“É revoltante e assustador. Uma bomba acertou meu pé, mas outra passou bem rente ao meu pescoço. Imagina se me acerta”, contou o fotojornalista, em entrevista ao UOL.
Nuremberg tem 67 anos e trabalhava no segundo jogo da final da Copa do Brasil, entre Galo e Flamengo, na Arena MRV, realizado no último domingo (10/11). Logo após se iniciar uma confusão nas arquibancadas, com diversos objetos sendo arremessados ao campo, o profissional foi atingido por uma bomba, sofrendo uma lesão em três dedos do pé, além do rompimento de tendão.
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“Dor enorme”
Com uma longa carreira de cobertura esportiva, seja em solo nacional ou internacional, o fotojornalista relatou que em nenhum momento de sua vida sentiu uma dor tão grande.
“Foi a maior dor que senti na vida! Uma dor enorme! Depois, os bombeiros não conseguiram abrir uma porta que estava fechada e eu tive que ir pela arquibancada! Eu fui justamente para o meio do local onde me jogaram a bomba. Fui carregado no meio da torcida que me feriu!”, desabafou.
Nuremberg já afirmou que não deve voltar a trabalhar na Arena MRV e revelou ainda que seus filhos não querem mais que ele vá a nenhum estádio de futebol.
“Para a Arena, eu não volto. Posso trabalhar no Independência, no Mineirão. Não dá pra voltar lá! Meus filhos não querem que eu vá mais aos estádios. Minha mulher ainda fala que com o tempo eu me recupero. Eu já fiz Champions, morei na Inglaterra. Não pode ser assim! Tem estádios na Europa que tem essa proximidade e não acontece isso. Falta educação e segurança”, disse.
Na tarde da última terça-feira (12/11), Nuremberg recebeu a visita de Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG, além do ortopedista do clube e policiais (delegado, escrivão e investigador) que o interrogaram sobre o caso.
“Eu estava sonolento e me recuperando e agora me sinto melhor pra falar e conversar. O Atlético-MG ofereceu me transferir e agora vou seguir me recuperando”, explicou.
“Vai passar. Não guardo mágoas. Sei que foram alguns torcedores e não todos. Mudanças precisam acontecer pois isso é muito perigoso”, completou.
Caos na Arena MRV
Os tumultos na final da Copa do Brasil começaram antes mesmo da partida, com confusão no lado de fora e tentativa de invasão por parte da torcida do Flamengo. Durante o confronto, torcedores do Galo arremessaram bombas e outros objetos no campo em diversos momentos do jogo, com a situação se complicando assim que o rubro-negro chegou ao gol.
Ao final da partida, foram arremessados copos de cerveja, grades, pedras, bombas e tudo que o torcedor atleticano via na frente. Um artefato explosivo acertou o fotógrafo, que ficou caído na beira do campo, mas não foi atendido e nem socorrido pela ambulância, conforme divulgado pelo UOL.
Ele foi retirado pela arquibancada, ajudado por uma brigadista que o ajudou a se locomover em meio a confusão. O colega de profissão de Nuremberg, o fotógrafo Pedro Vale, registrou o momento.
A Arfoc (Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais) divulgou uma nota oficial, repudiando os episódios de violência na Arena MRV, dos quais nomeou como “atos violentos e covardes”, cutucando a organização do estádio ao falar que “mais uma vez” os fotógrafos foram vítimas da confusão entre torcedores:
“A Arfoc-MG vem a público expressar seu veemente repúdio aos acontecimentos na Arena MRV durante a partida entre Atlético-MG e Flamengo, válida pela final da Copa do Brasil. Mais uma vez, os fotógrafos e todos os demais profissionais da imprensa que estavam trabalhando neste jogo se viram vítimas de atos violentos e covardes de torcedores do Atlético-MG. Todos, sem exceção, tiveram a integridade física ameaçada, inclusive os seguranças do estádio que estavam para fazer a segurança”, diz trecho da nota.
A Arena MRV foi interditada, em decisão publicada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na última terça-feira (12/11). A Procuradoria do órgão fez o pedido logo na segunda-feira (11/11), dia seguinte à confusão, e o presidente do tribunal desportivo, Luís Otávio Veríssimo, deferiu a “medida inominada” (decisão provisória), determinando ainda que o Galo jogue suas partidas em outro estádio, com portões fechados.
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