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Fotógrafo atingido por bomba revela momentos de tensão na Arena MRV: “Assustador”

Nuremberg José Maria deu entrevista ao UOL e revelou os bastidores da confusão que o deixou com ferimentos no pé

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          A final da Copa do Brasil de 2024 coroou o pentacampeonato do Flamengo, mas também ficou manchada pela confusão na Arena MRV, protagonizada por parte dos torcedores do Atlético-MG. Nuremberg José Maria, fotógrafo que trabalhava na partida e foi atingido por uma bomba, revelou os momentos de tensão vividos no estádio.

          “É revoltante e assustador. Uma bomba acertou meu pé, mas outra passou bem rente ao meu pescoço. Imagina se me acerta”, contou o fotojornalista, em entrevista ao UOL.

          Nuremberg tem 67 anos e trabalhava no segundo jogo da final da Copa do Brasil, entre Galo e Flamengo, na Arena MRV, realizado no último domingo (10/11). Logo após se iniciar uma confusão nas arquibancadas, com diversos objetos sendo arremessados ao campo, o profissional foi atingido por uma bomba, sofrendo uma lesão em três dedos do pé, além do rompimento de tendão.

          Veja as fotos

          Nuremberg recebeu visita do presidente do Galo, Sérgio Coelho, que disponibilizou assistência ao fotógrafo (Reprodução)
          Nuremberg recebeu visita do presidente do Galo, Sérgio Coelho, que disponibilizou assistência ao fotógrafo (Reprodução)
          Nuremberg José Maria, 67, ficou internado em hospital de BH, após ser atingido por bomba na final da Copa do Brasil (Reprodução)
          Nuremberg José Maria, 67, ficou internado em hospital de BH, após ser atingido por bomba na final da Copa do Brasil (Reprodução)
          Fotógrafo Nuremberg José Maria foi atingido por bomba em confusão na Arena MRV (Dhavid Normando/Código 19/Folhapress)
          Fotógrafo Nuremberg José Maria foi atingido por bomba em confusão na Arena MRV (Dhavid Normando/Código 19/Folhapress)
          Imagem do pé de Nuremberg enfaixado, após ser atingido por bomba na Arena MRV (Reprodução)
          Imagem do pé de Nuremberg enfaixado, após ser atingido por bomba na Arena MRV (Reprodução)
          Torcida do Atlético-MG protagonizou uma grande confusão na Arena MRV, após final da Copa do Brasil (Gilson Lobo/AGIF)
          Torcida do Atlético-MG protagonizou uma grande confusão na Arena MRV, após final da Copa do Brasil (Gilson Lobo/AGIF)
          Torcida do Atlético-MG protagonizou uma grande confusão na Arena MRV, após final da Copa do Brasil (Gilson Lobo/AGIF)
          Torcida do Atlético-MG protagonizou uma grande confusão na Arena MRV, após final da Copa do Brasil (Gilson Lobo/AGIF)

          “Dor enorme”

          Com uma longa carreira de cobertura esportiva, seja em solo nacional ou internacional, o fotojornalista relatou que em nenhum momento de sua vida sentiu uma dor tão grande.

           “Foi a maior dor que senti na vida! Uma dor enorme! Depois, os bombeiros não conseguiram abrir uma porta que estava fechada e eu tive que ir pela arquibancada! Eu fui justamente para o meio do local onde me jogaram a bomba. Fui carregado no meio da torcida que me feriu!”, desabafou.

          Nuremberg já afirmou que não deve voltar a trabalhar na Arena MRV e revelou ainda que seus filhos não querem mais que ele vá a nenhum estádio de futebol.

          “Para a Arena, eu não volto. Posso trabalhar no Independência, no Mineirão. Não dá pra voltar lá! Meus filhos não querem que eu vá mais aos estádios. Minha mulher ainda fala que com o tempo eu me recupero. Eu já fiz Champions, morei na Inglaterra. Não pode ser assim! Tem estádios na Europa que tem essa proximidade e não acontece isso. Falta educação e segurança”, disse.

          Na tarde da última terça-feira (12/11), Nuremberg recebeu a visita de Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG, além do ortopedista do clube e policiais (delegado, escrivão e investigador) que o interrogaram sobre o caso. 

          “Eu estava sonolento e me recuperando e agora me sinto melhor pra falar e conversar. O Atlético-MG ofereceu me transferir e agora vou seguir me recuperando”, explicou.

           “Vai passar. Não guardo mágoas. Sei que foram alguns torcedores e não todos. Mudanças precisam acontecer pois isso é muito perigoso”, completou.

          Caos na Arena MRV

          Os tumultos na final da Copa do Brasil começaram antes mesmo da partida, com confusão no lado de fora e tentativa de invasão por parte da torcida do Flamengo. Durante o confronto, torcedores do Galo arremessaram bombas e outros objetos no campo em diversos momentos do jogo, com a situação se complicando assim que o rubro-negro chegou ao gol.

          Ao final da partida, foram arremessados copos de cerveja, grades, pedras, bombas e tudo que o torcedor atleticano via na frente. Um artefato explosivo acertou o fotógrafo, que ficou caído na beira do campo, mas não foi atendido e nem socorrido pela ambulância, conforme divulgado pelo UOL.

          Ele foi retirado pela arquibancada, ajudado por uma brigadista que o ajudou a se locomover em meio a confusão. O colega de profissão de Nuremberg, o fotógrafo Pedro Vale, registrou o momento.

          A Arfoc (Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais) divulgou uma nota oficial, repudiando os episódios de violência na Arena MRV, dos quais nomeou como “atos violentos e covardes”, cutucando a organização do estádio ao falar que “mais uma vez” os fotógrafos foram vítimas da confusão entre torcedores:

          “A Arfoc-MG vem a público expressar seu veemente repúdio aos acontecimentos na Arena MRV durante a partida entre Atlético-MG e Flamengo, válida pela final da Copa do Brasil. Mais uma vez, os fotógrafos e todos os demais profissionais da imprensa que estavam trabalhando neste jogo se viram vítimas de atos violentos e covardes de torcedores do Atlético-MG. Todos, sem exceção, tiveram a integridade física ameaçada, inclusive os seguranças do estádio que estavam para fazer a segurança”, diz trecho da nota.

          A Arena MRV foi interditada, em decisão publicada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na última terça-feira (12/11). A Procuradoria do órgão fez o pedido logo na segunda-feira (11/11), dia seguinte à confusão, e o presidente do tribunal desportivo, Luís Otávio Veríssimo, deferiu a “medida inominada” (decisão provisória), determinando ainda que o Galo jogue suas partidas em outro estádio, com portões fechados.

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