MC Poze admite vínculo com o Comando Vermelho e é transferido para ala da facção
Poze já havia mencionado o passado ligado à criminalidade em entrevista anterior ao programa Profissão Repórter

Investigado por apologia ao crime e por envolvimento com o tráfico de drogas, o MC Poze do Rodo, que foi preso nesta quinta-feira (29/5), afirmou para a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) ter ligação com a facção Comando Vermelho, por esse motivo foi encaminhado para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 3, para uma ala que abriga apenas presos identificados como integrantes da mesma facção.
O campo “ideologia declarada” é uma das categorias do formulário e serve para orientar a alocação dos presos de forma que se evitem confrontos entre facções criminosas rivais dentro da unidade prisional. A definição não implica confissão de crime — trata-se de uma medida de segurança interna do sistema penitenciário.
Veja as fotos
As unidades prisionais fluminenses são segmentadas de acordo com esses dados. Há alas exclusivas para cada grupo, como o Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Amigos dos Amigos (ADA), além de espaços voltados a detentos sem facção, LGBTQIA+, milicianos e outros perfis.
Poze assinalou a opção “CV” em seu prontuário. Com isso, foi encaminhado para o presídio Bangu 3, no Complexo de Gericinó, onde estão recolhidos outros membros do Comando Vermelho.
O artista já havia mencionado o passado ligado à criminalidade em entrevista anterior ao programa Profissão Repórter: “Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”, relata.
Prisão confirmada
Após ser detido por policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Poze teve a prisão temporária ratificada durante audiência de custódia realizada na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na tarde do mesmo dia.
O mandado foi cumprido em sua residência, localizada em um condomínio de alto padrão no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Sem camisa, descalço e com as mãos algemadas, o cantor foi conduzido à sede da Polícia Civil. Ele não quis prestar depoimento à imprensa durante os deslocamentos, mas se manifestou brevemente:
“Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada. Manda provar aí”, afirmou o cantor, dizendo ainda que o foco das autoridades deveria estar em criminosos que atuam nas comunidades.
Ao g1, seu advogado, Fernando Henrique Cardoso Neves, declarou:
“Queremos entender o motivo dessa nova prisão. Essa é uma narrativa já antiga. Se ele não for liberado, vamos entrar com um habeas corpus”, disse.
Ligações com o tráfico
A Polícia Civil sustenta que Poze realiza apresentações em áreas dominadas pelo Comando Vermelho e que essas ocasiões funcionam como vitrine para ostentação armada de traficantes locais. Os agentes dizem que o repertório do funkeiro promove o tráfico de drogas, incentiva o uso de armamentos ilegais e fomenta disputas violentas entre grupos criminosos.
Segundo a DRE, os eventos organizados com o artista teriam como objetivo ampliar os lucros da facção, revertendo o faturamento em armamento, drogas e recursos logísticos para a atuação criminosa.
Em nota, a instituição declarou: “A Polícia Civil reforça que as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores diretos dos eventos criminosos”.
Vídeos comprometedores
Quinze dias antes da prisão, imagens divulgadas no telejornal RJ2 mostravam um baile funk na Cidade de Deus, onde Poze se apresentou enquanto traficantes armados circulavam livremente entre o público, muitos deles filmando a si mesmos.
No evento, músicas exaltando o Comando Vermelho foram cantadas. O show ocorreu pouco antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), durante operação na mesma região.
Essa, porém, não foi a primeira vez em que o artista se apresentou em locais com forte presença do tráfico. Em 2020, ele também foi visto no palco de um baile funk no Jacaré, zona norte do Rio, cercado por criminosos com armamento pesado.
Investigações anteriores
Em novembro do ano passado, Poze e a influenciadora Viviane Noronha, sua companheira, se tornaram alvos da Operação Rifa Limpa, que investigava rifas ilegais promovidas online. Durante a ação, a polícia apreendeu diversos bens de luxo, incluindo automóveis e joias de alto valor.
A suspeita era de que os sorteios usavam uma fachada de legalidade inspirada na Loteria Federal, mas funcionavam com base em algoritmos manipuláveis via aplicativo.
No entanto, no mês passado, o juiz Thales Nogueira, da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa, ordenou a devolução dos bens apreendidos, por não encontrar vínculo direto entre os itens e os crimes investigados.
Após a decisão judicial, Poze comemorou nas redes sociais: “Eu só quero o que é meu, e o que Deus generosamente me dá”, escreveu.
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