Ana Castela repete a revolução de Shania Twain na indústria da música
Pontos entrelaçam o início de carreira da novata artista brasileira com o maior nome da música country na história
Ana Castela não teve uma infância miserável, seu sonho nunca foi um dia poder comer carne assada, como tanto desejou Shania Twain quando criança. Aliás, a discrepância na vida pessoal de uma para outra é absurda, entretanto, para os olhos mais atentos é possível observar pontos que entrelaçam o início de carreira da novata artista brasileira com o maior nome da música country na história. Neste texto, vamos entender como a Boiadeira repete no Brasil a mesma revolução do gênero que Shania, com a mesma idade, promoveu há mais de três décadas.
O caminho da consagração de Ana Castela tem como origem um subgênero do sertanejo, o agronejo, ritmo que está construindo uma identidade a partir das qualidades da música caipira, mas que, um pouco diferente de sua raiz, a música “/agro”/ abrange possibilidades e melhor aceitação em outros campos musicais. Shania fez o mesmo após provar do fracasso retumbante de seu primeiro álbum.
A cantora canadense misturou pop com country no álbum “Up! World Tour”, que teve 12 faixas totalmente autorais. Com isso, aos 20 anos ela conseguiu catapultar a fama mundial com um salto meteórico para o topo das paradas musicais mais importantes do planeta e, fazendo dele o disco country mais vendido de todos os tempos.
Shania vem de uma era onde parcerias musicais não eram uma possibilidade, principalmente pelas disputas de mercado e até território entre as gravadoras. Onde tocava um, não tocava outro.
Entretanto, ainda assim ela conseguiu agregar alguns valores nos trabalhos seguintes. “From This Moment On”, um clássico, ganhou versão em conjunto com Backstreet Boys e, mais recentemente, Anne-Marie, de “Rockabye”, teve sua vez com Shania Twain, que foi implacável ao esmagar com os pés onde Dolly Parton e Johnny Cash não quiseram sequer pisar no auge.
Enquanto os artistas mais tradicionais do country apostavam em letras extremamente românticas, decepções amorosas e desilusão, Shania conseguia falar e tudo isso e ir mais além, sem se deixar cair no mais do mesmo, sem falar de sofrimento ou submissão, entregando muitas vezes composições que batiam de frente com o conservadorismo exacerbado.
Como exemplo, um trecho de “Man! I Feel Like a Woman”, que diz: “Eu não vou agir de maneira politicamente correta. Eu só quero me divertir, pois a melhor coisa em ser uma mulher é a prerrogativa de se divertir e enlouquecer totalmente, esquecer que sou uma dama”.
Castela, claro, ainda tem um árduo e intenso trabalho pela frente para alcançar tamanha projeção de Shania, mas já não precisa de mais confirmações para provar seu sucesso e feitos históricos para um gênero que acaba de nascer.
Assim como as letras dos primeiros álbuns de Shania Twain refletem a cultura e as vivências rurais dos jovens das cidades interioranas, além de falar do reconhecimento e a força da figura feminina no campo, Ana Castela reforça o mesmo.
E mais, a “/agrostar”/ sul-mato-grossense bate no peito e faz de seu trabalho, hoje, um escudo da indústria que gira a economia do país. Os títulos, por si só, dão a deixa, um prato cheio para quem gosta demoniza o setor: “Agronejo”, “Hino Agro”, “Nois É da Roça Bebê”, “Boiadeira”, “Ô lá na Roça”, “Dona de Mim”, “As Menina da Pecuária”, “Roça em Mim”, “Vaqueiro Apaixonado”.
Neste ano, em sua estreia em Barretos, a cantora de “Pipoco” conseguiu um dos maiores públicos do evento. Quase 100 mil pessoas lotaram a arena da maior festa de peão já existente. Em participação no mesmo evento, após quase vinte anos de tentativas, Shania reuniu 55 mil pessoas. Era, claro, o que cabia dentro daquela estrutura da época, em 2018.
Assim como reclamam que Ana Castela usa o agro para se promover, Shania era acusada de usar causas das causas rurais da comunidade indígena do Canadá para impulsionar sua carreira naquele meio. A verdade é que Shania não era filha de nativos, mas sim adotada por um nativo.
Não é errado afirmar que a MTV também teve uma enorme contribuição para a estrela internacional. O canal musical chegou para abalar as estruturas da indústria ao mesmo tempo em que Shania precisava captar meios para alcançar a massa, que não somente a disponibilidade e o baixo orçamento de uma gravadora. Os artistas mais importantes daquela geração precisavam lançar seus clipes no canal.
Da mesma maneira, hoje Ana Castela tem a vitrine da Globo como uma importantíssima engrenagem de seu trabalho. Sobretudo, ela ainda não pode lapidar da maneira que quiser essa aliança de diamante, ou seja, parte de sua carreira está, aceite ou não, nas mãos do maior conglomerado de mídia do país.
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