Especialista analisa carreira e impacto de Chrystian na música sertaneja
Portal LeoDias conversou com o jornalista André Piunti, especialista em sertanejo, sobre o impacto da dupla Chrystian e Ralf
O Brasil perdeu nesta semana o cantor Chrystian, dupla de Ralf. Muitos podem não saber, mas o cantor, ao lado de seu irmão, foi fundamental para o desenvolvimento do estilo mais ouvido no país durante o século 20. O portal LeoDias conversou com o jornalista André Piunti, autor do livro “Bem Sertanejo”, reconhecido como a “biografia” do estilo musical no país, sobre o impacto da dupla Chrystian & Ralf para o estilo musical.
Inícios separados
Para muitos pode ser uma surpresa, mas antes de fazer sucesso ao lado de seu irmão, Chrystian investiu em uma carreira solo e, melhor, cantando em inglês. Piunti explica que, até a dupla se unir, os dois trilharam caminhos diferentes. José Pereira da Silva Neto, nome real de Chrystian, chegou a inclusive gravar um disco com o nome de “Zézinho”, quando ainda era criança.
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“Desde criança o Ralf faz parte de produções em São Paulo, desde os 9 anos o Ralf gravava no meio artístico, era vocalista, fazia coros. E o Chrystian sempre teve atrás nesse meio artístico, desde criança participando de programas de TV, teve vários projetos, lançou LP quando criança, se chamava Zézinho, o nome dele é José”, explicou.
Após a tentativa quando criança, o cantor adotou o nome Chrystian e passou a cantar músicas em inglês.
“Ele rodava muitos estúdios, sempre tentando alguma coisa e ele consegue lançar um projeto com o nome Chrystian, que ainda não existia, era um nome meio gringo, porque queria gravar em inglês. Tinha aquela geração de artistas que fingiam ser internacionais, pois queriam gravar em inglês, e o povo caía nessa história”, detalhou.
Chrystian chegou a até mesmo ter uma música sua em inglês em uma trilha sonora de novela da Globo. O cantor fez sucesso com a faixa “Don’t Say Goodbye”, na novela “Cavalo de Aço”, de 1973.
Enfim, unidos
Foi apenas na década de 80, já adultos, que os irmãs se uniram e fundaram a dupla Chrystian & Ralf. Com estilos diferentes do que a música sertaneja da época se aproximava, a dupla precisou lançar um disco bem “velha guarda” carregado de modões, para ganhar nome no meio.
“Na década de 80, ele (Chrystian) percebe uma movimentação dele ver que a música internacional não estava muito forte, mas o sertanejo estava muito forte. Eles são de criação sertaneja, são de Goiás. Aí eles decidem virar uma dupla e eles estouram no primeiro disco. Lá em 1983, que é um disco bem mais sertanejo do que os outros que eles lançam. Eles queriam mostrar que sabiam, aí puxam bem mais para o sertanejo”, explicou.
Após aquilo a dupla disparou. Mesmo com cabelos compridos, brincos e músicas que muitas vezes se assemelhavam ao estilo norte-americano, Chrystian & Ralf ganharam o respeito no meio e serviram de influência para muitas duplas e artistas que surgiram depois.
“Depois eles colocam pop, rock e tudo que é tipo de influência. A partir dali eles mudam a história da música sertaneja e influenciam muita gente (…) Eram uns caras que usavam brinco, cabelo comprido, era um estilo meio americano, eles se inspiravam muito na música americana, aí até o Chrystian conta que olhavam torto para ele. Mas aí, no primeiro disco, o pessoal passa a aceitar”, detalhou.
Carreira como compositor de sucesso e voos fora do sertanejo
André Piunti também contou que Chrystian foi um compositor de muito sucesso e que chegou a até mesmo explorar outros estilos musicas fora o sertanejo.
“Ele também tem uma carreira como compositor muito importante, muitas das composições de Chrystian e Ralf são composição dele (…) A música ‘Saudade’, que é um grande sucesso da dupla, é dele sozinho, essa também fez sucesso com Zezé e Luciano, um tempo depois, fez sucesso com as duas duplas. ‘Tarde Demais’, que também fez sucesso com Zezé e Luciano, é composição dele, tem uma outra do Leonardo que eu não tô lembrando agora que fez muito sucesso. E não só na música sertaneja, ele foi muito amigo do Fábio Jr. desde molequinho, não transitava só no sertanejo”, detalha.
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