Ozempic: médicos alertam sobre o medicamento que tem dado o que falar nas redes
O Portal LeoDias conversou com especialistas para saber de riscos, uso recomendado e popularização
Conhecido pelo emagrecimento rápido, o Ozempic é um dos assuntos de 2024 nas redes sociais. Apesar da diferença estética notável, o Portal LeoDias conversou com médicos para entender como ele funciona no corpo, para o que é indicado e quais os riscos em volta dele.
De acordo com a empresa responsável pelo medicamento no Brasil, a Novo Nordisk, o Ozempic (semaglutida) é recomendado para tratar diabetes tipo 2, doença crônica que afeta a forma como o corpo absorve o açúcar no sangue. Ao contrário do propagado popularmente, o remédio não serve para o emagrecimento, embora seja um grande aliado no combate à obesidade.
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“O Ozempic é uma medicação para uso controle de uma doença. Então, ela pode ser utilizada para perder peso, mas quando prescrita de forma consciente e para pacientes que tenham esta indicação”, afirma Lucas Luquetti, Médico especializado em Nutrologia e Longevidade pelo Hospital Albert Einstein.
Apesar do desvio de função, é perceptível que o medicamento promove uma perda de peso rápida e visualmente impactante. Luquetti explica como funciona:
A medicação semaglutida é uma análogo de GLP1 e atua no mecanismo de controle da fome e saciedade, se demonstrando cientificamente muito eficaz na perda de peso, com diminuição de 15 a 20% do peso a depender da dose. Essa perda de peso não funciona de forma milagrosa como o publico imagina, ela acontece de forma gradual no período ao redor de um ano, alcançando a dose real e terapêutica da medicação a partir de 3 a 4 meses.
A recomendação médica para perda de peso pode ocorrer em casos extremos, como na obesidade. Que também é a principal causa da diabetes tipo 2.
“A ANVISA liberou o uso do Ozempic apenas para diabetes e o Wegovy para obesidade, porém ambos são feitos com a mesma semaglutida, que apresenta evidências cientificas para o uso seguro e eficaz na obesidade”, diz Andrea Pereira, médica nutróloga, cofundadora da ONG Obesidade Brasil.
Importante ressaltar que é necessário uma prescrição médica para o “desvio de função” do Ozempic. Ou seja, não deve ser usado para fins estéticos, e sim para o combate de uma doença.
“O perigo é que o Brasil é o único país do mundo onde estes remédios são liberados para compra sem receita. A falta de obrigatoriedade de prescrição médica acarreta erros de uso e mais complicações pela falta de informações adequadas no seu uso. Ainda mais sendo uma medicação injetável”, complementa Andrea Pereira.
Os médicos alertam que deve-se sempre ter acompanhamento médico para o uso do remédio sem efeitos adversos. “Quando utilizado para quem não tem indicação, o risco pode ser maior que o benefício, não justificando o uso. Todos os medicamentos têm potenciais efeitos adversos”, ressalta Simone van de Sande Lee, diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Um dos problemas do uso avulso para fins estéticos é a possível dosagem utilizada no medicamento. “De acordo com os estudos para o tratamento do diabetes, não se verificou uma vantagem significativa no controle da glicemia em aumentar a dose além de 1,0 mg. Já nos estudos para o tratamento da obesidade, observou-se uma resposta de perda de peso significativamente maior com a dose de 2,4 mg”, complementa Simone.
Perigos
O uso incorreto pode acarretar em problemas a curto e a longo prazo, de acordo com os especialistas. “Ao longo prazo, esta medicação é diretamente relacionada com alterações metabólicas, onde existe um risco de haver alterações em sua insulina, levando a quadros de pré diabetes, grande degeneração de massa muscular por carência de nutrientes, acarretando novamente na saúde por deixar de consumir o necessário para simplesmente ser saudável”, alerta Lucas Luquetti.
Todos os alertas feitos, a popularização do medicamento como solução dos problemas estéticos para se encaixar em um “padrão ideal de beleza” é um problema, segundo especialistas. A viralização ajuda a estigmatizar os benefícios do Ozempic para a sua função original, de combate à diabetes tipo 2 e obesidade.
“O uso inadequado contribui para a estigmatização das medicações anti-obesidade, à medida que a sociedade passa a enxergá-las como algo puramente estético, superficial e desnecessário, o que não é verdade. A semaglutida é uma medicação eficaz e segura quando indicada e utilizada da forma correta”, afirma Simone.
O papel do médico é também compreender o papel social em que ele está inserido na busca do paciente por emagrecimento estético. “Isso influencia de uma péssima forma a cabeça das pessoas e torna a utilização unicamente em algo estético. Onde não existe dose correta ou tempo limite de uso, acarretando no prejuízo e sacrifício da própria saúde, e até mesmo desta estética que foi o primeiro ponto de procura”, reforça Lucas Luquetti.
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