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Famosos relatam crises de ansiedade e especialista explica diagnóstico

Com artistas relatando cada vez mais episodios de ansiedade, o portal LeoDias procurou um especialista para falar mais sobre a doença

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Tem se tornado cada vez mais comum ver famosos relatando episódios de ansiedade, pânico e depressão, o caso mais recente foi o cantor Wesley Safadão, que anunciou na última semana a pausa da carreira por tempo indeterminado para que pudesse cuidar de sua saúde mental. Além de Safadão, outros artistas como Zé Felipe, Kauã, dupla de Mateus, Tatá Werneck, Preta Gil, entre outros, também já falaram abertamente sobre a doença. Para explicar detalhes e buscar entender a razão desse diagnóstico está se tornando cada vez mais frequente, o portal LeoDias conversou com o psicólogo Alexandre Bez.

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Muitos relacionam, erroneamente, a ansiedade com a depressão, em entrevista ao portal LeoDias, o especialista explicou a diferença entre as duas doenças.

“A ansiedade e a depressão são classificadas ambas como “/condições clínicas”/. Contudo, entre si, não há correlações associadas. A melhor e mais completa definição de ansiedade é: “/uma condição clínica emocional-psicológica particularmente incômoda que deixa a pessoa num estado de movimentação interna constante”/. Já a depressão é o oposto. É uma manifestação sintomatológica mental-orgânica e não emocional como a ansiedade, mas sim neurológica-psiquiátrica. Elas são antagônicas em suas sintomatologia”, explicou. 

“Até existe uma sintomatologia chamada de Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão, mas mesmo assim não há associação entre ambas as condições mentais, principalmente porque a ansiedade é emocional e a depressão é orgânica. As crises de depressão não dependem da ansiedade para coexistirem. A depressão pode ser letal para seu portador, pois faz com que haja desinteresse pela vida e pelo viver”, completou.

Já no caso da síndrome do pânico, segundo o psicólogo Alexandre Bez, está relacionada à ansiedade. 

“A síndrome do pânico é a forma mais degradada da ansiedade, sendo uma evolução negativa desse sintoma, já neuroticamente perturbador. É o ápice do terror que a pessoa pode sentir mentalmente falando. Não é possível ter pânico sem que a pessoa já tenha o transtorno de ansiedade em seu aparelho mental. É um sofrimento intenso que leva o portador dessa sintomatologia literalmente à loucura. A relação entre essas duas sintomatologias é íntima e estreita. A síndrome do pânico é o rompimento de toda a normalidade, na qual a pessoa poderia viver num estado de tranquilidade mental, estando sempre sob ameaça dessa manifestação psicológica emocional”, contou.

Questionado se o aumento de diagnósticos de crises de ansiedade, pânico e depressão podem estar relacionada como consequência do período pandêmico que vivemos entre 2020 e 2022, o especialista disse: “Sim, é totalmente possível e comprovado. A pandemia criou novas terminologias, tais como: Ansiedade Exclusivamente Pandêmica; Stress Pandêmico; Transtorno de Pânico Pandêmico”

“O medo e as inseguranças provocados pela pandemia alteraram a saúde mental, desconfigurando ainda mais. As pessoas que já tinham essas condições mentais pioraram consideravelmente. Outro fator fundamentalmente responsável por essa piora nos quadros mentais foi o negacionismo científico, que continua a desencadear medo e insegurança em pessoas que, por diversas razões (embora nenhuma fundamentada cientificamente), praticam o negacionismo, não querendo tomar vacinas, aumentando significativamente os quadros de ansiedade e pânicos pandêmicos”, disse o profissional.

Sobre os artistas estarem cada vez mais relatando crises de ansiedade e até depressiva, como o caso mais recente do cantor Wesley Safadão, o especialista garante que a vida corrida é um componente importante na apresentação desses quadros. 

“Evidentemente, a vida corrida é um componente importante na evolução e na apresentação desses quadros. No entanto, a ansiedade é uma condição mental psicológica clínica de caráter emocional. Isso significa que as pessoas já a tinham, apenas não havia ocorrido ainda a ruptura psicológica emocional. Essa condição precisa de um gatilho psicológico maior para que assim possa emergir esse sintoma (ansiedade), sendo revelado através de crises de ansiedade. Entretanto, estar atento à duração dessas manifestações psicológicas é essencial para diferenciar um quadro ansioso apenas transitório (portanto, passageiro e isolado) da condição clínica permanente”, explicou.

Questionado se é possível identificar que uma crise está se aproximando, ele afirmou que: 

“Tanto a ansiedade quanto sua pior apresentação, a síndrome do pânico, aparecem de uma só vez. Não são sintomas gradativos, nem crescentes. Os sintomas da ansiedade já se apresentam com um alto rigor de incômodo e consternação. A síndrome do pânico, mantendo o mesmo rigor, aparece do nada e leva a pessoa ao desespero e à loucura. Essencialmente pelas sintomatologias de falta de ar, taquicardia, incômodo e alterações gastrointestinais, entre tantas outras. Mas o pior é a sensação iminente de morte”.

Segundo o psicólogo, há tratamentos que podem controlar as crises de ansiedade e destacou a importância da psicoterapia.

“Em primeiro lugar, é preciso estar em tratamento. Para quem não está, buscar o tratamento adequado individual para cada paciente. Na atualidade, o tratamento é a psicoterapia, mas não mais sozinha. Principalmente porque já se constatou o quanto a ansiedade pode ser letal para pessoas com problemas de pressão arterial e problemas cardiovasculares. Antidepressivos não funcionam para ansiedade, pelo contrário, podem provocar ainda mais ansiedade. Eles servem para outras sintomatologias como depressão e outras doenças do trato mental psiquiátrico-neurológico”.

“Além da psicoterapia, que pode ser realizada duas vezes por semana nas crises, há a administração conjunta com o ansiolítico e, nos casos mais graves, remédios anti-hipertensivos, como também betabloqueadores para controlar a frequência cardíaca. A ansiedade, embora seja uma condição clínica emocional, pode levar uma pessoa além pelas alterações dos batimentos cardiológicos elevados, assim como a pressão arterial. Além de se tratar, é fundamental que a pessoa evite o estresse (um ótimo gatilho para desencadear as crises) e se organize cronologicamente para evitar acúmulo e sobrecarga de tarefas. Viagens (fora do período de crises) são importantes e ajudam a relaxar”, concluiu. 

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