Apesar de chapa branca, “Homem com H” é aula de como fazer cinebiografias
Ney Matogrosso é retratado fielmente como a figura espetacular que ele é
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Um dos artistas mais disruptivos da história do Brasil, Ney Matogrosso ganha uma cinebiografia nos cinemas nesta quinta (1°/5) em “Homem com H”, que é um tremendo acerto. Apesar de se esquivar de polêmicas, o filme é uma verdadeira aula para filmes do gênero no Brasil e no mundo, que já proporcionou verdadeiras bombas.
Com Jesuíta Barbosa no papel de Ney, o ator dá um show a parte. Além de capturar bem a essência selvagem e livre do cantor, ele se entregou de corpo e alma para a fisicalidade do papel, incorporando muito bem as performances artísticas únicas do veterano.
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A direção é de Esmir Filho, conhecido no meio cinéfilo por projetos mais modestos e alternativos. Com R$ 18 milhões nas mãos pela Paris Filmes, ele monta uma verdadeira sinfonia que pega (quase) toda a vida de Ney Matogrosso.
O longa começa com uma cena forte do jovem artista apanhando do pai por conta dos trejeitos mais femininos. A relação com o pai é um dos ângulos mais explorados pela obra, que mostra o militar amolecendo o coração aos poucos para o cantor conforme ele vai crescendo.
A convivência conturbada em casa leva Ney para desbravar o país. Em um primeiro momento, mostra seu amadurecimento já jovem adolescente e jovem adulto na academia da Força Aérea no Rio de Janeiro, onde há um princípio de arco amoroso, e depois na nova capital brasileira, a jovem Brasília dos anos 1960.
A partir daí, o filme começa a ganhar suas duas principais histórias: o talento de Ney florescendo e sua sexualidade. A origem da veia artística do cantor é retratada com uma ótima delicadeza e atenção aos detalhes.
A origem do Secos e Molhados é uma passagem rápida no filme, apesar da enorme polêmica que pendurou por anos e anos. Embora o foco maior seja enaltecer Ney Matogrosso, o longa explora pouco ou quase nada as polêmicas e controvérsias do artista. Vale mencionar também que em mais de 40 anos de carreira, o cantor possui poucas vírgulas em sua trajetória.
Em aspectos técnicos, “Homem com H” acerta em cheio no som e na direção artística, com cuidados necessários. Musicalmente, teve a sorte de ter o próprio Ney Matogrosso participando de algumas passagem, dublando por cima da voz de Jesuita.
As performances marcantes de Ney também são fielmente reproduzidas, com looks icônicos reciclados e com peças idênticas às originais. Com 17 números musicais, as canções são bem dissolvidas e em nenhum momento parece um musical.
O roteiro foi outro ponto analisado pelo artista retratado, que atesta que tudo retratado na telona é verídico. O script começa muito bem e envolve o espectador, mas perde um pouco de fôlego na reta final.
As idas e vindas com Cazuza são retratadas de forma menos aprofundada, mas ainda com grande peso sentimental. Com uma performance de “O Tempo Não Para”, Jullio Reis justifica sua escolha para o papel com a complexidade que a cena merece.
A cena final mostra o próprio Ney Matogrosso com um show lotado no Allianz Parque em agosto de 2024, em uma tentativa de construir um desfecho épico. Evidencia a linha de venerar o cantor e esquivar das controvérsias e, apesar de meio cafona, foi a forma ideal que o longa encontrou para passar a mensagem que ele ainda não está aposentado e que sempre será uma das grandes vozes da MPB.
Nota: 8,0
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