Thiago Pereira reflete sobre nova geração da Natação brasileira: “Base enfraquecida”
Medalhista olímpico em Londres 2012, o atleta conversou com a reportagem do Portal LeoDias sobre participação em uma campanha de ensinamento anti-afogamento no Beach Park e sobre os rumos da natação brasileira

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O Beach Park em Fortaleza sediou a "Maior Aula de Natação do Mundo", com a participação do medalhista olímpico Thiago Pereira. O evento focou na segurança aquática e prevenção de afogamentos. Pereira destacou a necessidade de investir na natação de base no Brasil para obter melhores resultados em competições internacionais, citando a disparidade entre o número de atletas federados no Brasil e em países como os EUA. Ele acredita que o sucesso em Los Angeles 2028 pode inspirar jovens atletas. O evento reuniu 400 pessoas, incluindo 200 crianças, e reforçou a importância da natação como ferramenta de prevenção de afogamentos.
Nesta quinta-feira (26/6), o Beach Park, em Fortaleza, recebeu mais uma edição da “Maior Aula de Natação do Mundo” – The World’s Largest Swimming Lesson (WLSL), uma iniciativa global voltada à conscientização sobre segurança aquática e à prevenção de afogamentos. A atividade teve início às 9h30 no Aqua Park e contou com a participação de 400 pessoas, sendo 200 crianças, com idades entre 7 e 12 anos, acompanhadas por seus responsáveis.
Dentre os convidados, estava o ex-nadador brasileiro, Thiago Pereira, medalhista olímpico de prata em Londres 2012, que conversou com a reportagem do Portal LeoDias sobre o evento e sobre os rumos da natação brasileira.
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Natação brasileira em baixa?
Dentre os tópicos da conversa, Thiago Pereira deu sua opinião sobre o atual momento do Brasil na natação. Apesar de se empolgar com nomes como Guilherme Costa, o “Cachorrão”, Guilherme Caribé, Maria Fernanda Costa (Mafê) e Stephanie Balduccini, o medalhista olímpico enxerga que os poucos investimentos nas categorias de base tem refletido em poucos resultados nos últimos anos.
“São nomes que me empolgam, mas ainda uma coisa que me deixa triste é que a nossa base tá enfraquecida. Acho que só vamos ter grandes resultados mesmo se começarmos a olhar para base do esporte na escola como ferramenta de saúde e educação. E aí, sim, a partir do momento que a gente abre a nossa peneira, outras crianças acabam gostando e se profissionalizando”, destacou.
Thiago Pereira também destacou que é importante que atletas brasileiros vão bem nas piscinas de Los Angeles em 2028, a fim de conquistar novos jovens atletas. “Isso estimula também a novas crianças, a novos esportista, criam novos sonhos na cabeça da criançada que cria o desejo de estar lá representando o Brasil”, completou.
Disparidade entre o Brasil e outros países
De forma a comparar o cuidado com as categorias de base no Brasil com outros países, Thiago Pereira comparou os Estados Unidos, que tem 100 vezes mais atletas inscritos: “A confederação do Brasil deve ter 3 mil atletas federados, a USA Swimming deve ter 350 mil. Realmente fica mais difícil ter essa renovação o tempo inteiro”.
O medalhista olímpico também refletiu sobre os resultados irregulares que o país costuma ter em jogos olímpicos na natação e que isso muito se atribui a falta de renovação. “Se você pegar para ver, em 2004, não tivemos medalha olímpica. Tivemos em 2008, 2012, não tivemos em 2016, tivemos em 2021 e não tivemos em 2024, a gente tem oscilado realmente mais. Acredito até por conta dessa falta de renovação contínua que a gente vê em países como a Austrália e os Estados Unidos”.
Evento no Beach Park
A iniciativa, organizada internacionalmente pela World Waterpark Association (WWA), mobiliza milhares de pessoas em mais de 20 países com o objetivo de reforçar a importância do ensino da
natação como ferramenta essencial para a prevenção de afogamentos. No Brasil, o evento conta com o apoio do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), do qual o Beach
Park é associado.
Anualmente, o Beach Park traz personalidades importantes para apadrinhar o evento, que
auxiliam as crianças nas aulas e participam de todas as atividades. Nesta edição, o embaixador foi o medalhista olímpico Thiago Pereira.
Considerado um dos maiores nomes da natação, Thiago foi prata nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e é o maior vencedor da história dos Jogos Pan-Americanos, com 23 medalhas. Sua mãe, Rose Vilela, também marcará presença no evento.
Reconhecida pelo apoio incondicional ao longo da carreira do atleta, ela é especialmente lembrada pelos emocionantes gritos de “Vai, Thiago!” que ecoaram nas arquibancadas das Olimpíadas de Atenas, em 2004.
Ao final da aula, os participantes foram convidados a um lanche especial e poderão aproveitar as aulas atrações do Aqua Park.
Leia a entrevista completa:
Portal LeoDias – “Como esta ação da CUFA, da AERA e da da WWA chegou até você? Qual seu principal objetivo além de ensinar proteção contra o afogamento, pensa em incentivar jovens atletas a seguirem no esporte?”
Thiago Pereira – “Bom, fiquei sabendo dessa causa há dois anos atrás com um convite da equipe do Beach Park. É muito bom estar de volta, defendendo essa causa, que é uma coisa que aconteceu na minha vida quando eu era criança e por isso acabei virando nadador. Então, o intuito é incentivar a natação e incentivar a prática do esporte.
As crianças que quiserem continuar, estamos aumentando nossa peneira dentro da natação, dentro dos esportes aquáticos e acho que o terceiro grande pilar é que a gente tá salvando vidas. Quando a pessoa começa a nadar, ela reduz em 88% a chance de afogamento. Eu falo que essa é a minha próxima medalha olímpica”.
Portal LeoDias – “Você teve uma carreira repleta de vitórias, Prata nos Jogos de Londres em 2012, e o maior vencedor da história dos Jogos Pan-Americanos. Desde que se aposentou, em 2016, o que você tem feito, segue ligado ao esporte?”
Thiago Pereira – “Dizer que desde 2016 eu me aposentei da natação é um modo de dizer. Fiz uma transição de carreira e hoje além da frente do Instituto Thiago Pereira, a gente tem a Swin Floripa, que também é totalmente ligada a esporte.
Hoje também sou executivo na Wiz Corporate, uma das maiores corretoras de seguro do país, então está sendo um novo grande desafio na minha carreiro. Também tenho um pool de investimentos da Bossa Nova, onde a gente investe em startups voltadas para o esporte e o bem-estar. Hoje eu falo muito sobre o esporte, não só para saúde e o bem-estar, mas também como ferramenta para educação”.
Portal LeoDias – “Atualmente temos atletas competitivos no cenário mundial da Natação como o Guilherme Costa, o “Cachorrão”, o Guilherme Caribé, e a Maria Fernanda Costa (Mafê). Estes nomes te empolgam para o Brasil em Los Angeles 2028?”
Thiago Pereira – “São nomes que me empolgam, tema Stephanie Balduccini, que é uma menina nova e já está indo para sua terceira olimpíada também, mas ainda uma coisa que me deixa triste é que a nossa base tá enfraquecida. Acho que só vamos ter grandes resultados mesmo se começarmos a olhar para base do esporte na escola como ferramenta de saúde e educação. E aí, sim, a partir do momento que a gente abre a nossa peneira, outras crianças acabam gostando e se profissionalizando.
Espero que tenhamos grandes resultados em 28, a partir de agora porque isso estimula também a novas crianças, a novos esportista, criam novos sonhos na cabeça da criançada que cria o desejo de estar lá representando o Brasil”.
Portal LeoDias – “O Brasil não conquista uma medalha olímpica na piscina desde o Bruno Fratus e o Fernando Scheffer, que conquistaram o bronze, respectivamente, nas provas de 50m e 200m livres, em Tóquio 2021. Na sua opinião, o Brasil deixou de ser mais competitivo por quais motivos?”
Thiago Pereira – “Não sei o Brasil deixou de ser mais competitivo, como eu falei na outra resposta, o nosso problema é base. Se a gente pegar confederação do Brasil deve ter 3 mil atletas federados, a USA Swimming deve ter 350 mil. Realmente fica mais difícil ter essa renovação o tempo inteiro.
Se você pegar para ver, em 2004, não tivemos medalha olímpica. Tivemos em 2008, 2012, não tivemos em 2016, tivemos em 2021 e não tivemos em 2024, a gente tem oscilado realmente mais. Acredito até por conta dessa falta de renovação contínua que a gente vê em países como a Austrália e os Estados Unidos”.
Portal LeoDias – “Gostaria de deixar um recado final?”
Thiago Pereira – “Gostaria de parabenizar o Beach Park por essa iniciativa junto a todas outras organizações. É uma causa que deveria ser mais falada para gente mostrar a importância da natação, não para alta performance, mas a importância na vida das pessoas”.
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