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Vai parar o Brasil: Entenda a proporção das acusações feitas pelo dono do Botafogo

As palavras de Textor podem ter um efeito nunca visto antes no futebol brasileiro e desperta expectativas, tanto para o bem, quanto para o mal

07/04/2024 às 11:00

Nos últimos meses, o americano John Textor, dono do Botafogo, fez acusações graves, citou nomes, prestou depoimento e virou centro de uma grande polêmica que pode parar o futebol brasileiro. O portal LeoDias fez uma análise sobre os impactos que isso pode causar e já está causando, com disputas nos bastidores, questionamentos, e a grande dúvida: onde isso vai dar?

Já houve edição do Campeonato Brasileiro que “não acabou”, com Sport e Flamengo se declarando campeões do mesmo torneio, além de disputas judiciais que salvaram times de rebaixamento, entre outras polêmicas questionáveis, mas nada tão grande como as acusações do gestor do Botafogo, John Textor, que deixou no ar uma possível manipulação de resultados na arbitragem brasileira nos últimos dois anos, que tiveram como grande beneficiado o bicampeão brasileiro Palmeiras, o que mudaria para sempre o futebol nacional.

Futebol brasileiro vai parar!

Caso as acusações de Textor se tornem denúncia, julgamento e, posteriormente, condenação, é difícil imaginar a dimensão dos impactos no futebol e para a população brasileira em geral. Para se ter uma ideia, a Juventus da Itália foi rebaixada e perdeu dois títulos italianos conquistados de forma seguida, após ser revelado um esquema de manipulação de resultados no Campeonato Italiano. Na época, as investigações divulgaram áudios por telefone do presidente da equipe, Luciano Moggi, propondo o esquema.

Se o suposto esquema no qual Textor afirma que o Palmeiras foi beneficiado por dois anos seguidos for comprovado, as penas podem chegar ao nível do que foi na Itália – algo nunca visto no Brasil. Na época, o caso parou o futebol italiano, envolveu outros grandes clubes também punidos drasticamente (Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina) e teve como grande efeito a saída de vários craques do futebol italiano, além da saída em massa de patrocinadores e o questionamento da opinião pública sobre a integridade do futebol no país.

Não é só no âmbito desportivo que as penas podem alcançar dimensões capazes de mudar a história do futebol brasileiro, mas também criminal. Se Textor conseguir provar a existência de um esquema de manipulação de resultados dentro da arbitragem brasileira, os responsáveis podem ser presos por cerca de oito anos ou até mais, por corrupção, associação criminosa, entre outros crimes previstos no Código Penal.

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo e deputado que integrou CPI na Câmara dos Deputados responsável por investigar casos de manipulações de resultados no futebol brasileiro, falou sobre os avanços que as autoridades públicas fizeram no combate a novos casos:

“Foi muito importante a criação de uma secretaria no âmbito do Ministério da Fazenda, que terá amplas condições para avançar nessa matéria e exercer um controle permanente sobre a atividade esportiva e sobre as casas de apostas”, declarou o deputado ao portal LeoDias.

Agora, se Textor não conseguir provar , quem vai estar na mira da justiça pode ser ele. De acordo com o artigo 138 do Código Penal, “caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime” é passível de até dois anos de detenção, além dos artigos 139 e 140 que tipifica os crimes de injúria e difamação, podendo aumentar a pena em até um ano e meio.

Até mesmo se provar suas acusações, o norte-americano pode ter outros processos cíveis, já que o Código Civil prevê punições para crimes contra a honra, como multas e retratações públicas. Aliás, no âmbito cível, não faltarão processos se houver condenação que mude os resultados do futebol brasileiro, já que o torcedor é considerado, por lei, um consumidor, e pode questionar crimes que venham a ferir o seu direito previsto pelo Estatuto do Torcedor e no Código de Defesa do Consumidor (CDC).

O torcedor está cansado de corrupção

A proporção de tudo isso fica ainda maior quando chegamos aos questionamentos do público em geral. O sentimento da existência de corrupção no Brasil é forte, com o país tupiniquim ocupando a 104ª posição dentre 180 países que integram o ranking da ONU sobre a “percepção de corrupção”. Dentro do futebol brasileiro, esse sentimento se aflora cada vez mais, com casos de corrupção se desenrolando a cada dia e a sensação da falta de combate para evitá-los.

De acordo com Bandeira de Mello, “qualquer suspeita sobre a lisura das competições ou sobre eventuais manipulações de resultados deve ser apurada com muito rigor e total transparência”, completando que o “futebol deve servir de exemplo para seus milhões de aficionados e deve ser um importante instrumento para a formulação de políticas públicas”:

“Eu vejo o futebol como algo muito maior do que um esporte, uma fonte de entretenimento ou um negócio. O futebol é o principal ponto de contato com a realidade de boa parte da população brasileira, em especial as crianças, jovens e pessoas mais humildes. Como tal, deve ser levado muito a sério. O futebol deve servir de exemplo para seus milhões de aficionados e deve ser um importante instrumento para a formulação de políticas públicas, em especial aquelas ligadas à educação. Nesse sentido, qualquer suspeita sobre a lisura das competições ou sobre eventuais manipulações de resultados deve ser apurada com muito rigor e total transparência”, afirmou Bandeira.

Atualmente deputado federal, Eduardo Bandeira de Mello foi presidente do Flamengo entre 2013 e 2018, entrando logo após um período de grande deterioração do rubro-negro, com dívidas que chegaram a casa do bilhão. O parlamentar defende constantemente o combate a manipulações de resultados, mas afirmou não ter conhecido John Textor: “quando ele assumiu o Botafogo, eu já não era mais presidente do Flamengo. Acompanho suas atividades apenas pela imprensa”, disse.

Vale a pena confiar no futebol?

Recentemente, um ex-presidente do Internacional foi condenado por desvios milionários de sua gestão. Na CBF, a instituição máxima do futebol nacional, um presidente não consegue terminar o mandato desde 2012, quando Ricardo Teixeira renunciou para não ser deposto por corrupção, depois dele outros dois presidentes foram depostos e presos, além de Ednaldo Rodrigues, atual diretor da entidade, estar respondendo por suposta manipulação na organização das eleições, estando no cargo por liminar do STF.

Historicamente, as polêmicas até integram a “linguagem do futebol”, como termos “87 é do Sport” e “Fluminense, pague a Série B”, fazendo referência a imbróglios judiciais que foram além dos campos e determinaram o título brasileiro do Sport e o “salvamento” do tricolor carioca da segunda divisão, por três vezes, no tapetão.

De acordo com Bandeira de Mello, foi criado no Congresso a “Frente Parlamentar pela Modernização do Futebol Brasileiro como um amplo fórum de discussões”, porém ainda “é necessário avançar muito para que o futebol brasileiro passe a ser uma referência de integridade, governança, fair play financeiro, responsabilidade social, ambiental, combate ao racismo, combate e prevenção da violência entre torcedores, excelência na formação de atletas e treinadores e associação com políticas públicas exemplares, principalmente na área da educação”.

O torcedor “comum” lida com a corrupção no futebol brasileiro como algo que todos querem acabar, mas não enxergam o caminho para combater, Textor supostamente abre essa porta do combate, mas seus métodos são questionáveis até mesmo por quem já esteve em sua posição.

O jornalista André Rizek, atualmente na Globo, era jornalista da “Veja” em 2005 e foi crucial para que o caso da “Máfia do Apito” fosse revelado, onde o árbitro Edilson Pereira de Carvalho foi preso, junto a Nagib Fayad, um dos mentores de um esquema organizado para manipular partidas do Campeonato Brasileiro daquele ano. Na época, 11 partidas foram remarcadas e o Corinthians acabou sendo o maior beneficiado, conquistando o título por 1 ponto e, na época, foi plantada a desconfiança sobre o alvinegro – nunca foi comprovada qualquer participação do clube no esquema.

Rizek contestou por mais de uma vez as falas públicas de Textor, disse ter tido acesso às “provas que o Textor acredita ter” e afirmou não serem suficientes para comprovar um esquema de manipulação de resultados. O jornalista não é o único na imprensa a contestar a falta de divulgação de informações do dirigente botafoguense e a percepção que se forma é: ou Textor apresenta as provas e “quebra” o futebol brasileiro, ou deve “falar menos” para não atrapalhar o caminhar de potenciais investigações.

Sem um maior esclarecimento sobre as acusações, as especulações e teorias da conspiração surgem a todo vapor na internet, estimulando uma polarização de opiniões. Muitos botafoguenses lamentam nas redes sociais que a mídia estaria perseguindo Textor, já rivais contestam a versão e pedem que o dirigente apresente as provas que alega ter.

A disputa segue. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

 

Veja as fotos

O gestor do Botafogo já fez graves acusações. Foto: Reprodução
O gestor do Botafogo já fez graves acusações. Foto: Reprodução
Textor foi julgado pelo STJD. Foto: Reprodução
Textor foi julgado pelo STJD. Foto: Reprodução
Reprodução
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