Jornalista que perdeu pai e mãe na ponte que desabou conta o impacto na família
Caso aconteceu há duas semanas e buscas continuam
A queda da ponte Juscelino Kubitschek, entre o Tocantins e o Maranhão, completou duas semanas. Segundo a Força-Tarefa que envolve Marinha do Brasil e demais órgãos de defesa do Tocantins e Maranhão, três pessoas ainda estão desaparecidas nas águas do Rio Tocantins.
A jornalista Sabrina Carneiro, filha de duas vítimas do desabamento, falou com exclusividade ao portal LeoDias como a família está sobrevivendo com a falta de Ailson Gomes Carneiro, seu pai; e Elisangela Santos das Chagas, sua mãe.
“Acho que nesse momento o sentimento maior é de alívio, porque apesar de toda a dor e de momentos de aflição na beira daquele rio, nós conseguimos receber os corpos e dar um fim minimamente digno aos dois. Não era justo que eles fossem enterrados separados, já que a vida inteira sempre foram unha e carne. E ainda estamos tristes em saber que tem vítimas que nem foram localizadas após mais de 15 dias”, relatou Sabrina.
Até o momento, 14 vítimas foram localizadas nas buscas, que começaram logo depois do ocorrido, no dia 22 de dezembro.
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A estrutura já estava com sinais de deterioração há muito tempo. Antes de cair, moradores dos dois Estados já alertavam as autoridades sobre a situação.
A queda, inclusive, aconteceu no mesmo momento em que um vereador de Aguiarnópolis, chamado Elias Júnior, filmava o local para denunciar os problemas. Para Sabrina, o país precisa ter a noção de que o caso não foi um acidente e sim, um massacre:
“Moradores denunciavam nas redes há muito tempo, inclusive faziam isso no momento exato em que ela caiu. O que não paro de me questionar é que ninguém, nenhum órgão foi capaz de bloquear uma ponte que estava nessa situação, antes que ela caísse e levasse a minha família e a de outras pessoas. É desumano pensar que essa ponte era só mais uma dentre as mais de 700 no país que se encontram nessa situação, é desumano pensar que mais famílias podem ficar sem seus entes queridos por culpa de quem deveria cuidar da gente. Mas até que elas caiam, elas são apenas números em uma planilha”, lamentou Sabrina.
O caso levantou discussões sobre quem seriam os principais responsáveis pela manutenção da ponte. Por isso, a Polícia Federal abriu investigações para apuração dos envolvidos.
Segundo Sabrina, a torcida é que haja resultados para haver justiça após a morte de seus pais: “Torço muito para que as equipes de investigação tenham sucesso e que os culpados sejam penalizados de fato. Não sei quem será, mas neste momento não me interessa se vai ser o DNIT, se vai ser o Governo do Tocantins, o Governo do Maranhão ou o próprio Governo Federal. Eu só quero que ninguém mais passe pelo que estamos passando, porque essa dor aqui eu vou sentir até o meu último dia de vida”, disse.
Ao longo das últimas duas semanas, os trabalhos da Marinha do Brasil, Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil, polícias Civil e Militar dos dois Estados e outros órgãos foram cruciais para o resgate das vítimas que afundaram junto com os veículos.
“Quero ressaltar nossa gratidão ao empenho dos bombeiros do Tocantins e das demais equipes do Maranhão e do Pará, em nome do Tenente Coronel Donaldo. Ele quem nos recebeu para dar a notícia, ele quem estava em contato com as famílias de hora em hora, nos informava dos avanços e nos informava também quando não tinha avanços. Ele foi humano com todos que estavam ali aflitos. Também gostaria de agradecer às equipes da Marinha, em nome do Contra-Almirante Coelho Rangel”, contou Sabrina.
Casal tinha oficializado casamento dois dias antes da ponte desabar
Ailson Gomes Carneiro, de 57 anos, e Elizangela Santos das Chagas, de 50, estavam a caminho de Palmas para celebrar as festas de fim de ano com a família, conhecer o primeiro neto e festejar o aniversário da filha, Sabrina.
O casal estava junto há mais de 30 anos e havia oficializado a união dois dias antes do ocorrido. Sabrina conta como vivem hoje com a perda:
“Desde então, eu e meu irmão estamos tentando buscar uma nova forma de seguir a vida, mesmo que vez ou outra a gente tenha vontade de mandar uma mensagem ou ligar no meio do dia, mesmo que as lágrimas ainda caiam quando a gente menos espera. Eles eram pessoas muito fortes, e sei que gostariam que a gente não parasse a vida e ficasse preso nesse momento ruim. Nossa família e nossos amigos estão sendo essenciais durante todo esse processo. Todos demonstraram um carinho imenso pela gente e pelos meus pais”, relatou a jornalista.
As buscas continuam, coordenadas pela Marinha, que prevê tentativa de resgate de outras três pessoas desaparecidas.
O portal LeoDias buscou posicionamento do Governo do Estado do Tocantins e do Governo Federal sobre o ocorrido, bem como se há alguma nova notícia para reconstrução da ponte.
A Assessoria Especial de Comunicação do Ministério dos Transportes informou que, um dia após o incidente do desabamento, o ministro dos Transportes, Renan Filho, visitou o local e anunciou a abertura de um decreto emergencial para reconstrução, além da abertura de uma sindicância para apuração dos responsáveis pelo desastre.
Na nota, afirma ainda que, a pedido do Ministério dos Transportes, a Marinha do Brasil uniu-se à missão de buscas por vítimas e veículos, no dia 24 de dezembro. Depois, no dia 31 de dezembro, o órgão federal contratou a nova empresa “que ficará responsável pelas obras de reconstrução da ponte, por meio de contratação emergencial, que dispensa licitação. Ao todo, a obra terá investimento de R$ 171 milhões e será realizada pelo Consórcio Penedo-Neópolis, formado pelas empresas Construtora Gaspar S/A e Arteleste Construções Limitada. A nova ponte deverá ser concluída até dezembro de 2025”.
Já o Governo do Estado do Tocantins enviou uma nota oficial encaminhada a todos os veículos de imprensa. Por meio da Agência Transportes, Obras e Infraestrutura do Estado do Tocantins (Ageto), informou que o Estado não tem jurisdição sobre a ponte ou a rodovia e que a responsabilidade é de “competência federal”, do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT).
“O departamento nunca solicitou formalmente audiência com a Ageto para tratar das condições desta ou de outras rodovias e pontes federais localizadas no Estado do Tocantins. Desde o colapso da ponte o Governo do Estado colocou sob a tutela do Governo Federal dezenas de homens do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil, bem como veículos, embarcações, entre outros. O Governo do estado também divulgou rotas alternativas visando garantir o trânsito de pedestres e veículos que cruzam a divisa entre o Tocantins e o Maranhão, além de se empenhar para garantir balsas no local do acidente para fazer a travessia de pedestres, motos, carros e caminhões”, escreveu.
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