Lula condena tarifa de 50% dos EUA e acusa bolsonarismo de sabotagem diplomática
Presidente defendeu diálogo com Trump e soberania sobre riquezas nacionais às vésperas da entrada em vigor do tarifaço

Faltando poucos dias para que entre em vigor a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou nesta segunda-feira (28/7) a necessidade de diálogo direto com o presidente norte-americano, Donald Trump, e criticou duramente a postura de Eduardo e Jair Bolsonaro, que, segundo ele, incentivaram a medida.
Durante cerimônia de inauguração de uma usina termelétrica no interior do Rio de Janeiro, Lula classificou como injustificável a decisão unilateral de impor tarifas tão pesadas e lamentou que o Brasil esteja arcando com os efeitos de disputas ideológicas. “Tem divergência? Tem. Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver. E não de uma forma abrupta, individual, tomar uma decisão de que vai taxar o Brasil em 50%”, disse.
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A crítica mais dura, porém, foi direcionada a Eduardo Bolsonaro (PL/SP), que está nos EUA e admitiu ter participado de reuniões com a Casa Branca para discutir sanções ao Brasil. Lula responsabilizou o deputado e seu pai, Jair Bolsonaro, pela situação. “Isso é o filho do coisa e o coisa [Bolsonaro] que estão pedindo para fazer. O cara que fazia campanha embrulhado na bandeira nacional. ‘Brasil acima de tudo’. E agora ele vai com a desfaçatez. ‘Brasil acima de tudo, mas primeiro os EUA’. É uma falta de vergonha, de caráter, de patriotismo”, disparou.
O governo brasileiro tenta reverter a decisão desde o anúncio oficial das tarifas, feito por Trump em 9 de julho. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) conduziu conversas diplomáticas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mas não houve avanços. No domingo (27/7), Lutnick confirmou que a medida entrará em vigor no dia 1º de agosto, sem prazo de adiamento.
Apesar da sinalização de que Trump estaria disposto a ouvir aliados até a data limite, uma contraproposta enviada pelo Itamaraty em maio permanece sem resposta. Fontes diplomáticas ouvidas pela imprensa confirmam que não houve nova rodada de negociações desde o mês passado, o que reduz as chances de um acordo de última hora.
Além das tarifas, Lula também comentou sobre a recente declaração de interesse dos EUA nos chamados “minerais críticos” brasileiros, essenciais para tecnologias avançadas. O presidente reagiu com firmeza, afirmando que o Brasil precisa assumir controle pleno sobre suas riquezas naturais. “Esses dias eu li uma matéria que os Estados Unidos têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conheço esses minerais e eles já são críticos, eu vou pegar ele para mim. Por que eu vou deixar para outro pegar?”, ponderou.
Lula adiantou ainda que está sendo criada uma comissão especial para fazer um levantamento completo das riquezas minerais do país. “Até agora me parece que nós só conhecemos o equivalente a 30%, então nós temos 70% do nosso território e das nossas riquezas que não foram ainda pesquisadas”.
O presidente voltou a dizer que o Brasil quer comércio, não confronto; mas reafirmou a postura do governo federal em ser “soberano” e dono das próprias discussões.
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