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Especialistas explicam como o uso de smartphones pode afetar o desenvolvimento de jovens

O portal LeoDias conversou com o psicanalista Artur Costa e as psicólogas Dalila Stalla e Andressa Taketa

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        O smartphone e as redes sociais estão presentes cada vez mais cedo na vida das crianças e adolescentes. O portal LeoDias conversou com o psicanalista Artur Costa, a Coordenadora de Psicologia da Rede Hospital Casa Dalila Stalla e a psicóloga Andressa Taketa para entender como isso afeta o desenvolvimento desses jovens.

        Artur diz: “O uso excessivo de smartphones e redes sociais impacta diretamente o desenvolvimento psíquico de crianças e jovens, pois interfere na construção da identidade, na capacidade de concentração e no desenvolvimento das relações interpessoais. A todo momento, há uma estimulação constante do sistema dopaminérgico, que pode levar à busca compulsiva por validação externa e gratificação instantânea, dificultando a tolerância à frustração e o desenvolvimento da autonomia emocional. Além disso, a exposição a padrões inatingíveis de felicidade e sucesso pode gerar ansiedade, baixa autoestima e até quadros depressivos”.

        Veja as fotos

        Foto: RDNE Stock project
        Jovem usando smartphone.Foto: RDNE Stock project
        Foto: cottonbro studio
        Jovem usando smartphone.Foto: cottonbro studio

        Dalila complementa: “Podem causar impactos cognitivos, acadêmicos e dificuldade de concentração. O uso constante de smartphones pode prejudicar a capacidade de concentração e a atenção, dificultando a realização de tarefas escolares ou a leitura de livros por longos períodos. A constante troca de atenção entre aplicativos e redes sociais pode afetar a capacidade de focar em uma única tarefa, dificultando o aprendizado profundo e a retenção de informações”.

        “O uso intensivo de smartphones e redes sociais afeta o desenvolvimento de crianças e jovens no aspecto neurológico porque o ciclo constante de notificações e curtidas cria um padrão semelhante ao vício: cada alerta gera uma pequena dose de prazer que faz o cérebro querer mais e mais. Nas relações sociais, embora pareça que as redes aproximam as pessoas, elas frequentemente substituem conversas cara a cara. É nessas interações presenciais que aprendemos a entender expressões faciais, tons de voz e a resolver conflitos – habilidades que não se desenvolvem completamente através de mensagens e emojis. A tecnologia também impacta significativamente o sono, componente essencial para o desenvolvimento cognitivo e emocional. A luz azul emitida pelos dispositivos suprime a produção de melatonina, enquanto a estimulação mental causada pelo conteúdo consumido dificulta o relaxamento necessário para um sono reparador. A saúde emocional é outro ponto crítico. Ver constantemente vidas aparentemente perfeitas nas redes sociais gera uma comparação constante, sentir medo de estar perdendo algo importante e buscar validação através de curtidas pode aumentar sentimentos de ansiedade, tristeza e insegurança, especialmente na adolescência, quando a identidade está se formando. Por fim, a atenção também é prejudicada. Pular rapidamente de um conteúdo para outro dificulta o desenvolvimento da capacidade de se concentrar em tarefas mais longas e complexas, como estudar ou ler um livro”, diz Andressa.

        O psicanalista dá dicas de como reduzir o dano causado: “A solução não está na proibição total, mas no equilíbrio. É essencial que os pais estabeleçam limites saudáveis para o uso das telas, incentivando atividades presenciais, esportes e momentos de interação sem tecnologia. A psicoeducação também é fundamental: ajudar os jovens a compreenderem o funcionamento das redes sociais, o impacto da comparação social e a importância do tempo de qualidade no mundo real. Criar espaços para o diálogo, onde eles possam expressar seus sentimentos sem julgamentos, é um passo essencial para reduzir os danos e construir um uso mais consciente da tecnologia”.

        Dalila dá mais soluções: “Costumo sugerir para meus pacientes a prática de meditação e técnicas de respirações, para melhorar sua relação com a tecnologia e reduzir os impulsos de olhar para o celular o tempo todo, psicoterapia ajuda muito, pois o psicólogo mostrará ferramentas para trabalhar em terapia direcionada para cada caso. Estabeleça limites de tempo, desative notificações, evite o uso à noite, implementando essas mudanças, você pode reduzir significativamente os danos do uso excessivo de smartphones e melhorar seu bem-estar geral”.

        Andressa fala: “Para diminuir esses efeitos negativos, é importante estabelecer horários definidos para a redução dos danos, passar pela conscientização e estabelecimento de limites claros e saudáveis de uso, com horários definidos e restrições apropriadas à idade. Incentivar atividades offline, como esportes, leitura, arte e interação social direta é fundamental. Pais e responsáveis precisam dar o exemplo, limitando também seu próprio tempo de tela e promovendo o diálogo aberto e contínuo sobre os efeitos negativos e positivos da tecnologia”.

        Tirar completamente o celular dos pequenos não é a melhor solução: “A remoção total pode gerar um efeito contrário ao desejado, pois a privação pode levar a sentimentos de exclusão social e aumentar a curiosidade e a compulsão quando o acesso for restabelecido. O ideal não é proibir, mas ensinar a usar de maneira saudável. É preciso promover a autorregulação, incentivando o jovem a desenvolver uma relação menos passiva e mais crítica com o conteúdo consumido. A tecnologia faz parte da realidade atual, e o desafio está em usá-la de forma que contribua para o desenvolvimento emocional e cognitivo, sem que se torne um fator de adoecimento psíquico”, diz Artur.

        “Reduzir o uso de smartphones pode ser muito útil, mas não resolve todos os problemas psicológicos relacionados ao uso excessivo. É fundamental buscar um equilíbrio e, quando necessário, apoio profissional de um psicólogo”, diz Dalila.

        Andressa também concorda que retirar o aparelho do jovem não é algo bom: “Remover completamente não é a solução ideal. A proibição absoluta pode causar efeitos adversos, como isolamento social ou uso escondido e compulsivo. A chave é educar e orientar para o uso consciente e equilibrado. A ideia é capacitar os jovens a desenvolverem autocontrole e pensamento crítico sobre o próprio consumo digital”.

        Os três profissionais dizem como conversar com os pequenos sobre os males de estarem sempre usando o smartphone: “A abordagem deve ser baseada no diálogo aberto e na escuta ativa, sem imposição ou discursos alarmistas. Em vez de apenas apontar os riscos, é mais eficaz incentivar a reflexão: ‘Você percebe como se sente depois de muito tempo nas redes sociais?’, ‘Já reparou como isso impacta seu humor e sua concentração?’. Ajudar a criança ou o jovem a desenvolver um olhar crítico sobre seu próprio comportamento é mais poderoso do que simplesmente impor regras. Além disso, o exemplo dos pais é fundamental. Se os filhos veem os adultos constantemente conectados e distraídos, será mais difícil convencê-los da importância de um uso equilibrado da tecnologia”, explica Artur.

        Dalila diz: “Fale com exemplos simples, da vida diária, sobre como isso pode afetar a saúde mental, o sono, a concentração e até mesmo as relações pessoais. Exemplo: O uso constante das redes sociais pode levar a sentimentos de inadequação ou ansiedade, pois as pessoas tendem a mostrar uma versão idealizada de suas vidas. O uso excessivo pode criar uma dependência emocional, onde o celular se torna a principal fonte de satisfação. O excesso de tempo online pode prejudicar a capacidade de focar em outras atividades, como estudos ou interações sociais”.

        “O diálogo deve ser aberto, acolhedor e sem julgamento. É importante entender primeiro os sentimentos e experiências dos jovens, validando suas emoções e preocupações. A partir daí, apresentar de forma clara os riscos do uso descontrolado e estimular a reflexão sobre como a tecnologia afeta suas vidas, relacionamentos e emoções. Estabeleça regras em conjunto, não unilateralmente, aumentando assim a probabilidade de adesão às diretrizes”, finaliza Andressa.

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