Ednaldo pra sempre? CBF muda estatuto e aprova duas reeleições na presidência
Os presidentes de federações decidiram, por unanimidade, a alteração no estatuto da entidade máxima do futebol brasileiro
Um presidente da CBF agora poderá ficar por 12 anos seguidos no mandato. Em assembleia realizada nesta sexta-feira (8/11), na sede da CBF, os presidentes das 27 federações aprovaram por unanimidade a mudança no estatuto, permitindo até duas reeleições à frente da entidade máxima do futebol brasileiro.
A CBF atravessa um clima instável nos bastidores já há alguns anos e a presidência da entidade tem sido uma das principais dores de cabeça. Foram oito presidentes em dez anos, sendo três só nos últimos três anos.
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Mudanças no estatuto
O presidente Ednaldo Rodrigues, que cumpre mandato de março de 2022 a março de 2026, foi quem convocou a Assembleia Geral Extraordinária. Antes disso, ele assumiu interinamente quando Rogério Caboclo foi afastado por denúncia de assédio sexual. Caso esse mandato não seja levado em conta, o atual comandante da CBF poderá dirigir a entidade até 2034, caso vença as eleições.
A proposta de mudança no tempo de mandato faz parte de uma reforma estatutária encabeçada por uma comissão especial formada na CBF, no ano passado.
Para explicar o pedido, a CBF afirmou que o número máximo de três mandatos é adotado pela CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol) e FIFA (Federação Internacional de Futebol). Anteriormente, o estatuto da entidade previa uma reeleição para mandato de quatro anos.
Segundo a Lei Geral do Esporte, as federações desportivas que recebem dinheiro público devem limitar os mandatos para presidência em dois, mas como a CBF não recebe esse tipo de verba e nem pretende reivindicar, a mudança está dentro da lei.
Também foram debatidos outros assuntos na assembleia, mas nada que influencie no sistema eleitoral da CBF.
Crise interna
A CBF está cercada de polêmicas já há alguns anos, sendo que um presidente da entidade não consegue completar seu mandato desde 2012. Ednaldo Rodrigues ainda corre o risco de ser deposto, já que está na presidência da entidade graças a uma liminar expedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que ainda pode ser revogada – o julgamento foi adiado por conta de um pedido de vista do ministro Flávio Dino.
Ednaldo foi deposto após a Justiça do Rio declarar ilegal o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em um acordo extrajudicial entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro, em março de 2022, para que fossem executadas as eleições na entidade seguindo os requisitos da Lei Pelé.
Segundo o UOL divulgou há cerca de um ano, a gestão de Ednaldo acumulou atrasos em pagamentos e até mesmo contas não pagas, sendo alvo de fornecedores que estariam movendo processos na Justiça. Outro alvo de polêmicas acabou por ser o adiantamento de R$ 9 milhões para quatro clubes da Série B em 2023 na reta final do campeonato, dos quais três deles subiram.
A crise nos bastidores atinge várias áreas, com a entidade sendo condenada recentemente pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio de Janeiro a pagar uma indenização de R$ 60 mil à ex-diretora de patrimônio da entidade, Luísa Rosa, por “abalo psíquico sofrido”.
Já o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) decidiu demandar a CBF para que se tenha melhoras nas condições de trabalho dos juízes – a arbitragem brasileira tem sido alvo de duras críticas por diversas personalidades do futebol.
O problema também chegou na seleção brasileira, com a CBF se frustrando após cravar o acerto com o italiano Carlo Ancelotti e ele renovar com o Real Madrid. Três treinadores passaram pela Amarelinha desde que o vislumbre pelo treinador europeu se encerrou e a má fase se refletiu em campo, com apenas o 4º lugar na classificação das Eliminatórias, além de uma eliminação precoce na Copa América deste ano.
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