O que chega ao árbitro: Entenda como funciona o protocolo do VAR no futebol
Implementado desde 2016, o árbitro de vídeo tem um protocolo especial e uma indicação clara para cada revisão
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Na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, no Senado Federal, o chefe de arbitragem da CBF, Wilson Seneme, polemizou ao falar que “um arbitro de vídeo não está obrigado a mostrar para o de campo todos os ângulos”, seguindo assim os protocolos do VAR definidos pela FIFA. O portal LeoDias explica qual é realmente o papel da tecnologia e como funciona esse protocolo.
Curiosamente, o VAR foi ideia de um brasileiro, Manoel Serapião Filho, que desenvolveu junto a International Football Association Board (IFAB) a implementação a partir de março de 2016 e, segundo o site da CBF, “o texto do protocolo do uso do árbitro de vídeo foi escrito e enviado pela Comissão de Arbitragem da CBF”.
“Foi o Brasil o país que iniciou todo esse movimento para a utilização do árbitro de vídeo, de ajuda tecnológica para a arbitragem. Nós participamos desde a origem. A CBF conquistou essa marca que não nos tiram e que temos que comemorar. Eu me sinto muito feliz por participar de tudo isso. Não apenas pessoalmente, mas principalmente por estar contribuindo para o desenvolvimento do futebol”, disse Manoel durante a realização do 2º Curso de Capacitação Árbitro Assistente de Vídeo, em julho de 2018.
A CBF se colocou como pioneira na implementação do VAR a partir de setembro de 2015, quando enviou a base das diretrizes do protocolo posteriormente aceito pela IFAB. O primeiro teste aconteceu nas decisões do Campeonato Carioca entre Botafogo e Vasco, com um treinamento offline da tecnologia.
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Protocolo do VAR
O portal LeoDias teve acesso a um dos primeiros manuais distribuídos pela CBF aos árbitros do VAR. Com o slogan ‘Mínima Interferência – Máximo benefício’, o documento de abril de 2017 ainda era para testes que estavam sendo desenvolvidos.
Esse slogan é explicado na introdução que define o VAR como algo que “não se quer destruir o andamento e as emoções essenciais do futebol resultante da ação quase ‘non-stop’ do jogo e a ausência geral de paradas longas”.
O VAR desde esse documento até os dias de hoje passou por várias implementações novas, mudanças e questionamentos, ainda mais com o desenvolvimento das inteligências artificiais, mas o princípio básico do protocolo, se resume assim:
“Árbitros fazem centenas de decisões em cada partida de futebol, incluindo decidir que não houve ofensa. Seria impossível, sem alterar o futebol completamente, revisar cada decisão. Portanto o uso dos VARs se limita a quatro categorias de decisões/incidentes: gols, decisões em pênaltis, cartões vermelhos diretos e identidade equivocada.
Árbitro de campo e árbitro de vídeo
A atuação do árbitro de campo sempre pedirá uma descrição dos fatos antes de requerer qualquer opinião do VAR. Se o VAR achar que o árbitro deveria ver as imagens diretamente, recomenda uma revisão o mais rápido possível.
O árbitro de vídeo tem que dar a informação de forma objetiva, tanto pelas imagens, quanto nas palavras, ou seja, será repassado ao árbitro de campo apenas as imagens que mostram a suposta violação e o árbitro de campo poderá requisitar outras câmeras, caso seja preciso – por exemplo, caso ele tenha dúvidas sobre um toque de mão ou agressão, ou mesmo sobre identidade trocada.
Aliás, a opinião de quem está no VAR sobre o lance só é repassada caso seja requisitada pelo árbitro de campo – a decisão final é sempre de quem está apitando no gramado.
Princípios do VAR:
– Somente o árbitro pode iniciar uma revisão;
– A decisão final será sempre tomada pelo árbitro central;
– O árbitro permanecerá visível durante todo o processo de revisão para garantir a transparência;
– Não existe nenhuma pressão para agilizar uma revisão, a precisão é mais importante que a rapidez;
– Uma partida não será anulada por motivos de mal funcionamento da tecnologia, nem por decisões incorretas relacionadas ao VAR, ou por uma decisão de não revisar o incidente;
– Os jogadores e comissão técnica não devem tentar interferir no processo de revisão. Um jogador que fizer o sinal de TV insistentemente será advertido com o cartão amarelo; e
– Se o jogo for reiniciado depois de uma interrupção, o árbitro não poderá mais realizar uma revisão, exceto em casos de confusão de identidade ou uma possível infração passível de expulsão por conduta violenta.