Uma vez pra sempre: Por que o Flamengo escolhe seus torcedores pela alma e o coração
Mais do que vencer, o Flamengo transforma o torcer em pacto eterno entre sofrimento, paixão e milagre
*As informações contidas neste texto são de responsabilidade dos colunistas e não expressam necessariamente a opinião do portal LeoDias.
Ser Flamengo é realmente acreditar. Mas não é acreditar como quem espera algo provável. É uma fé que nasce do improvável, do impossível, do quase. Porque o Flamengo desperta sentimentos que só quem carrega essa camisa no coração é capaz de entender. É a alegria do moleque que joga descalço na ladeira quente da favela, onde o caos anda de mãos dadas com a sobrevivência. Onde o futebol é refúgio, alívio e sonho.
Quando se canta “Uma vez Flamengo”, não é só um cântico. É uma síntese profunda do que esse clube representa na vida de tanta gente. Para se ter um time de coração, não basta gostar de futebol. É preciso ter uma história. Algo que cravou no peito e ligou alma e escudo num pacto silencioso e eterno. Ninguém escolhe sofrer. Mas escolhe permanecer. E permanecer, mesmo quando tudo dá errado, é amar de verdade.
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Porque se torcer fosse só vivenciar alegrias, seria fácil trocar de time. A cada temporada, uma nova paixão. Um clube que encantasse mais, um elenco mais bem treinado, uma gestão mais ética, jogadores mais exemplares. Mas nem a vida, nem o futebol, funcionam assim. Não são feitos de lógica.
Hoje, quando o Flamengo errou no começo da partida contra o Chelsea, talvez muita gente tenha pensado que seria o roteiro esperado. Os ingleses são ricos, jogam os maiores campeonatos, têm os nomes badalados e a estrutura de elite. Já entraram em campo com vantagem. Seria o natural, diriam. É o que nos ensinaram a acreditar. A famosa síndrome de vira-lata.
Mas o Flamengo nunca respeitou esse roteiro. No Flamengo, você acredita até o último segundo. Até o último toque, o último suspiro, até o sopro final antes do apito. Torcer por esse time é ser testado na fé de forma brutal e bonita ao mesmo tempo. E é exatamente nesse limite que o Flamengo se transforma no único clube capaz de provocar catarses que beiram o milagre.
É por isso que ele é tão popular. Porque encontrar uma ligação emocional com um time é raro. Nem todos têm a sorte de nascer numa família que entrega o escudo como herança, como tradição. Às vezes, a conexão vem num instante. No lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas. Quando o futebol vira epifania.
E aí, naquele momento, o avulso, o curioso que estava só espiando, presencia o milagre. E pronto. Já era. O pacto está selado. Porque uma vez Flamengo, sempre Flamengo.
Quantos torcedores nasceram no gol de Gabigol aos 48 do segundo tempo contra o River, na final da Libertadores de 2019? Gente desmaiando, chorando, se abraçando como se tivesse sido arrebatada por algo divino. Ali, quem viu aquilo e sentiu o coração bater diferente, entendeu. Entendeu o que é ser Flamengo.
A partir dali, o sujeito promete a si mesmo: ‘quero viver isso de novo’. Ele vai sofrer. Vai sentir saudade. Vai questionar se vale a pena. Mas vai ficar. Porque esse sentimento volta. Ele demora, mas volta. E quando volta, é sempre como se fosse a primeira vez. Como hoje. Contra o Chelsea. De virada. Pro mundo ver. Na garra. Na entrega. Na paixão. Isso é Flamengo.
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