Ex-funcionárias e seguranças denunciam condições de trabalho na mansão de Hytalo Santos
Processos mostram jornadas extensas, salários atrasados e obrigatoriedade de sigilo para quem trabalhava com o influenciador
Hytalo Santos, influencer conhecido nacionalmente, enfrenta uma série de processos trabalhistas e investigações por exploração de menores e condições de trabalho abusivas. Os relatos envolvem ex-assistentes pessoais, seguranças e colaboradores que trabalharam com ele entre 2023 e 2025.
Pelo menos 13 seguranças entraram com ações contra Hytalo, reclamando de dívidas trabalhistas, danos morais, jornada excessiva e falta de comprovação de vínculo empregatício. Além disso, duas ex-assistentes, Larissa Araújo e Williana Lucena, também registraram processos e foram obrigadas a assinar termos de confidencialidade, conhecidos como “lei da mordaça”, que impedem que falem publicamente sobre o influenciador sob risco de multa.
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Williana começou a trabalhar com Hytalo em abril de 2023, recebendo R$ 3 mil por mês. Segundo seu depoimento, não havia contrato formal, registro em carteira ou recibos de pagamento. Suas tarefas incluíam:
- Cuidar das crianças ligadas ao influenciador
- Dirigir veículos do patrão para levar e buscar crianças na escola e em compromissos médicos
- Fazer compras, muitas vezes usando seu próprio cartão ou o da mãe
O pagamento era irregular e muitas vezes feito por terceiros via PIX. Com atrasos e juros, Williana acabou com uma dívida de R$ 15 mil que não lhe pertencia. Ela relata ainda jornadas que começavam entre 8h e 9h da manhã e podiam se estender até a madrugada, sem respeitar períodos de descanso previstos em lei.
Quando se recusou a dirigir depois de dormir apenas duas horas, foi demitida e acusada injustamente de tentativa de furto do veículo. Durante seu trabalho, também era chamada de “Isaura”, referência a uma escrava, conforme descreve em processo judicial obtido pelo jornal Extra.
Larissa trabalhou com Hytalo entre abril de 2023 e agosto de 2024, recebendo R$ 8 mil líquidos por mês. Sua função incluía:
- Organizar a agenda pessoal do influenciador
- Lidar com a mídia, fornecedores e possíveis contratantes ou marcas
- Gerenciar compromissos e eventos do patrão
Apesar de um acordo prévio de 44 horas semanais, a jornada nunca foi respeitada. Larissa também foi obrigada a alugar um carro para trabalhar, mas o veículo passou a ser usado pelo influenciador e seu marido, Israel Natan Vicente, acumulando multas de trânsito em seu nome. Além disso, gastos foram feitos em seu cartão de crédito, criando dívidas adicionais.
Investigações em andamento
Além dos processos trabalhistas, o Ministério Público da Paraíba investiga Hytalo Santos e Israel Natan Vicente por denúncias de corrupção de menores e exploração infantil, instauradas em dezembro de 2024. Paralelamente, o Ministério Público Trabalhista da 13ª região apura irregularidades nas relações de trabalho dentro da mansão.
Os processos e investigações mostram que antigos funcionários e colaboradores enfrentaram condições de trabalho extensas, irregulares e, em alguns casos, abusivas, sendo obrigados a manter sigilo sobre os acontecimentos.
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