A semana na política: tensão internacional, denúncia de exploração infantil e julgamento de Bolsonaro
De retaliações comerciais a avanços contra a sexualização infantil nas redes, a segunda semana de agosto refletiu grandes dilemas do Brasil

Nos últimos meses, muito vem acontecendo de novo na política brasileira. Esta semana, por exemplo, foi marcada por episódios que escancararam os principais embates enfrentados pelo Brasil contemporâneo: a disputa por soberania diante de pressões internacionais, a urgência de proteger crianças da exploração nas redes sociais e o avanço das instituições na responsabilização de figuras políticas. Em meio a uma crise comercial com os Estados Unidos, o país se viu atravessado por debates que tocam diretamente nos pilares da democracia, da proteção social e da atuação estatal no cenário global.
O portal LeoDias separou as cinco principais pautas que movimentaram a semana do dia 10 a 16 de agosto. Confira.
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Retaliações dos EUA e pacote de socorro a exportadores
O Brasil enfrentou uma escalada de tensão comercial com os Estados Unidos, que impuseram tarifas de até 50% sobre vários produtos exportados pelo país. Em resposta, o governo federal lançou na quarta-feira (13/8) o pacote “Brasil Soberano”, com linha de crédito de R$ 30 bilhões, além de seguro-exportação, prorrogação de créditos fiscais e compras governamentais, para apoiar produtores afetados.
Apesar da pressão externa, o presidente Lula descartou retaliar com tarifas, defendendo busca por mercados alternativos como China, Índia, Rússia e África do Sul. “É mentira quando o presidente norte-americano diz que o Brasil é um mau parceiro comercial. O Brasil é bom, só não vai ficar de joelho para o governo americano”, afirmou Lula em um evento em Pernambuco na quinta-feira (14/8). A estratégia busca equilibrar a defesa da produção nacional com a preservação das relações diplomáticas.
Mobilização nas redes sociais contra sexualização infantil
A denúncia do influenciador Felca sobre a “adultização” e exploração sexual de crianças nas redes sociais causou grande impacto. Em seu vídeo viral, publicado originalmente no dia 6 de agosto, o youtuber expôs casos envolvendo influenciadores como Hytalo Santos e chamou atenção para o “algoritmo P”, que impulsionaria conteúdo impróprio para menores.
As repercussões foram expressivas: o número de denúncias de violência sexual online contra menores disparou, com 243 registros feitos em apenas 11 dias de agosto, comparado a 18 denúncias antes da divulgação do vídeo, segundo dados levantados pelo portal CNN Brasil.
Com a repercussão da denúncia de Felca, senadores propuseram uma CPI para investigar influenciadores e plataformas que contribuam para a sexualização infantil na internet. O requerimento, apresentado por Damares Alves (Republicanos/DF) e Jaime Bagattoli (PL/RO), contou com a assinatura de 70 senadores e já foi protocolado no Senado Federal.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado também convidou Felca para prestar depoimento sobre o tema, sinalizando urgência em aprofundar o debate.
No Congresso, a mobilização foi intensa. A Câmara registrou ao menos 35 projetos de lei relacionados à proteção de menores, com foco em proibir a monetização de vídeos envolvendo crianças, criminalizar a “adultização” ou sexualização digital, e exigir medidas das plataformas digitais.
O presidente da Casa, Hugo Motta, anunciou a formação de um grupo de trabalho e prometeu pautar com urgência o projeto mais avançado, de autoria do deputado Alessandro Vieira (MDB/SE), que já estava pronto no Senado e prevê medidas robustas contra a exploração infantil online. Além disso, o deputado Rodrigo Valadares (União/SE) propôs outra CPI na Câmara e tenta acelerar o processo de assinaturas, como afirmado em entrevista ao portal LeoDias.
A repercussão também trouxe riscos pessoais ao influenciador. Após a denúncia, Felca afirmou ter sofrido ameaças e passou a se deslocar com carro blindado e segurança. Apesar disso, ele segue transformando seu canal em plataforma de debate. Conhecido por criticar com ironia as chamadas “lives NPC” e questionador das apostas online, Felca demonstrou, novamente, seu poder de mobilização política.
Avanço jurídico: Supremo solicita agendamento do julgamento de Bolsonaro
A Justiça brasileira deu mais um passo decisivo nesta semana com o ministro Alexandre de Moraes pedindo formalmente o agendamento do julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de conspirar contra as instituições democráticas após as eleições de 2022. A solicitação foi encaminhada ao ministro Cristiano Zanin, que lidera o colegiado encarregado do caso. Na sexta-feira (15/8), Zanin marcou para 2 de setembro a primeira sessão do julgamento.
Essa etapa representa mais um marco numa sequência de tramitações judiciais. Bolsonaro, que nega envolvimento em qualquer tentativa de golpe, já enfrenta prisão domiciliar e está impedido de concorrer a cargos públicos até 2030.
Eduardo Bolsonaro em Washington: alerta sobre sanções adicionais
A ofensiva diplomática não ficou restrita ao governo Lula. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, viajou a Washington para pressionar a Casa Branca e pedir sanções contra autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial o ministro Alexandre de Moraes. Ele alertou sobre possíveis novas tarifas e sanções caso o Brasil não reverta o “assédio” jurídico contra seu pai.
Na mesma linha, Donald Trump denunciou o que chamou de “execução política” contra Bolsonaro e defendeu a imposição de medidas mais duras, uma retórica que intensificou ainda mais a crise institucional entre os dois países.
Regulação das redes sociais pronta e a COP30 com data definida
Em entrevista à rádio BandNews, o presidente Lula confirmou que o Brasil já tem pronta uma proposta de regulação das redes sociais, que será enviada ao Congresso. O pacote busca lidar com desinformação, discurso de ódio e neutralidade de plataformas digitais. Lula também aproveitou para convidar o presidente dos EUA, Donald Trump, à COP30, a Conferência do Clima que será sediada em Belém, no Pará.
A escolha de Belém como sede da conferência enfrentou críticas sobre infraestrutura e logística, mas o governo brasileiro reafirmou que seguirá adiante com a organização do evento, previsto para reunir líderes globais em novembro.
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