Opinião: Embate entre Odete e Heleninha mostra que vilã (quase) sempre tem razão em “Vale Tudo”
Personagem de Débora Bloch deixou de lado a pose calculista para encarar a filha com uma franqueza brutal que mexeu com os telespectadores
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Em um dos momentos mais comentados da reexibição de Vale Tudo, Odete Roitman (Débora Bloch)— algumas vezes marcada pelo elitismo e por sua pose de vilã clássica — surpreendeu o público ao protagonizar uma cena tensa e poderosa com Heleninha. A empresária deixou de lado a pose calculista para encarar a filha com uma franqueza brutal que mexeu com os telespectadores que, mais uma vez, declararam torcida para a malvada.
Heleninha, personagem de Paolla Oliveira, vinha enfrentando uma nova recaída no alcoolismo, e Odete não poupou palavras. “Você está andando por aí feito uma pinguça. Não foi recaída, foram centenas de recaídas. Você não para de manipular as pessoas com suas recaídas”, disparou, visivelmente exausta, mas firme. E foi além: “Sua tia está há dois dias sem dormir, você quer que ela morra?”.
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A dureza de Odete foi sentida, mas não rejeitada. Pelo contrário: o público reagiu em peso, apoiando a personagem nas redes sociais. A percepção sobre a “megera” virou completamente. Em vez de vilã, ela passou a ser vista como a única voz da razão no caos da trama. “Odete não é a vilã, é a mulher sensata dessa novela”, disseram muitos, reconhecendo que, por trás do tom duro, havia urgência e verdade.
A fala seguinte selou a reviravolta: “Você acha que sua dor é maior que tudo? Pois eu vou te contar uma coisa, não é! Tem pessoas passando fome, na miséria. Você tem tudo e não para de precisar. Precisa parar com isso!”. Não houve espaço para vitimização. Odete botou a filha contra a parede, e quando Heleninha tentou prometer mudança, ouviu: “Não importa o que você quer. Importa o que você faz. Ou você cumpre a agenda da sua terapeuta, ou você vai ser internada”.
Essa postura direta, sem filtros, mexeu com o público, que já aplaudiu a personagem algumas vezes quando também confrontou Afonso (Humberto Carrão). Comentários exaltaram Odete por ser a única que fala a verdade, enquanto outros criticaram Celina (Malu Galli), a tia que “passa a mão na cabeça” de Heleninha e a infantiliza. Muitos chegaram a declarar que não querem mais a morte de Odete na novela, e sim que ela “se dê bem e curta a vida com seu novinho”.
Apesar de ser a grande antagonista da história, a personagem conquistou uma nova leva de admiradores — exatamente por fazer o que poucos fazem: falar o que pensa e cobrar responsabilidade. “Vale Tudo”, exibida originalmente em 1988, manteve sua força com os embates familiares atualizados, e provou que, às vezes, até a vilã mais odiada pode ser a única voz lúcida na sala.
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